O estado do Rio Grande do Sul vem sofrendo muito nos últimos meses com a estiagem, os maiores prejuízos são registrados no setor primário. Já passam de 100 o número de municípios gaúchos afetados, dos quais 86 registraram situação de emergência no último mês.
A desindustrialização em curso no Brasil e no Rio Grande do Sul, aliado à baixa capacidade de inovação, pouca diversificação e características ambientais favoráveis convergem para alta dependência da produção agropecuária. Onde as culturas de soja, arroz, milho, trigo e fumo, são responsáveis por mais de 90% da produção agrícola subsidiando a economia do Rio Grande do Sul e colocam o estado como o terceiro maior produtor de grãos no Brasil. Por isso, perda econômica no setor agropecuário gera impactos no estado.
Segundo a Emater, os prejuízos causados pela estiagem, são maiores no Norte do RS, especificamente em Soledade, Ijuí e Passo Fundo, no caso da soja. As lavouras do Vale do Rio Pardo apresentaram as maiores perdas no caso do milho para silagem. Já em relação ao feijão, os prejuízos concentram-se em Soledade.
No município de Tupanciretã, com as faltas de chuvas estima-se perdas de 33% na safra do milho e de 13% da soja. Ano passado a rentabilidade por hectares foi de 60 sacas, já neste ano, com a seca, não deve passar de 40 sacas.
Em 22 municípios na região de Pelotas, as perdas chegam a R$ 350 milhões, são R$ 250 milhões apenas na soja, reflexo das 231 mil toneladas que não serão colhidas. Na Serra os produtores estimam que a produção de uvas será afetada em 30%, produção essa, que deveria estar apta para a colheita, está secando e murchando.
Os impactos da falta de chuva estão centrados na produção de grãos, mas que representa perigo também para produção animal em função da falta de pastagens e da colheita do milho sem formação do grão ou com baixa qualidade para produção de silagem, não suprindo de forma adequada a demanda nutricional exigida pelos animais.
Cabe ressaltar, no entanto, que essas estimativas de perdas ainda necessitam ser atualizadas e confirmadas nos próximos períodos, podendo ser maiores ou menores a depender das precipitações nas próximas semanas.
Deve-se destacar que o alerta deve impelir os tomadores de decisão para a importância da implantação de políticas públicas voltadas à mitigação dos efeitos da estiagem e de outros eventos climáticos, pois se tornarão cada vez mais frequentes e extremos no Estado em virtude das mudanças climáticas.
Assim, a geração de dados e informações robustas pelas instituições de pesquisa é mais importante do que nunca, uma vez que permitirão subsidiar o desenho de políticas que visem ao enfrentamento do problema de maneira eficiente.
Autora:
Luana Campagnolo Flores, acadêmica do 2º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.
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