As mulheres têm conquistado cada vez mais reconhecimento do seu papel no agronegócio, aspecto pouco valorizado há algum tempo atrás. Cabe destacar que as mulheres sempre desempenharam funções essenciais nas propriedades rurais, mas cujo reconhecimento sempre ficou ofuscado pelo domínio do patriarcado.
Segundo levantamento da Oxfam, apenas 12% das terras no país possuem proprietárias mulheres, dos quais 5% compreendem zonas rurais e áreas menores que 5 hectares. Ou seja, as propriedades brasileiras estão nas mãos dos homens.
Outra informação interessante é que, mesmo quando o gerenciamento está a cargo da mulher, o registro da propriedade está, na maioria das vezes, em nome de algum homem da família, como o pai ou um irmão. O censo agropecuário de 2017, aponta que os estabelecimentos com área menor que 1 hectare apresentam uma proporção de gênero mais equilibrada que nas propriedades maiores, sendo de 2 homens para 1 mulher, mostrando a força e a importância da mulher nas pequenas propriedades rurais.
Ao analisarmos os dados demográficos no Brasil nota-se que a metade da população brasileira é formada por mulheres, mas quando observamos as funções de gestão do negócio essa proporção não é a mesma. Segundo a Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) 31% dos cargos de administração do empreendimento eram ocupados por mulheres em 2017, apesar de ainda estarem em desvantagem em relação aos homens, já foi um grande avanço, já que no ano de 2013 esse percentual era de apenas 10%.
Nos últimos anos a mulher conquistou espaço em diversos setores, seja na política, empresas multinacionais, economia ou no agronegócio. As mulheres do campo deixaram de ser apenas as filhas e a esposas dos proprietários de terra para se tornarem produtoras, engenheiras agrônomas e técnicas. No curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria, uma pesquisa realizada pelo PET Agronomia com os ingressos, aponta que cada vez o número de alunas vem crescendo: entre 2015 e 2020 esse percentual passou de 17% para 50%. Podemos notar que cada vez mais as mulheres estão buscando aperfeiçoamento e qualificação, saindo da zona rural e retornando para as propriedades buscando agregar maior conhecimento, modernidade e rentabilidade às propriedades agrícolas.
Desse modo, podemos notar que as mulheres estão se apropriando de um espaço que sempre foi delas e ainda há muito espaço a ser conquistado. Além de incentivar cada vez mais mulheres para carreiras ligadas à agricultura, são imprescindíveis políticas públicas para a conscientização, valorização e reconhecimento do papel das mulheres no setor produtivo.
Se por um lado a participação das mulheres é essencial, com jornadas múltiplas em que mulheres batalham pelo seu sustento e por seu espaço, realizando o papel de mães, esposas, donas de casa e agricultoras, por outro, ainda são muito comuns casos de preconceito e abusos. Mesmo em ambientes mais salutares de trabalho, ainda há grande diferença entre mulheres e homens no que diz respeito à remuneração, com as mulheres recebendo menos pelas mesmas atividades.
É evidente que ainda as nossas agricultoras não ocupam a posição devida, o caminho é longo e vem sendo construído com muita luta por gerações de mulheres e seguirá com as novas gerações. Por isso devemos valorizar o papel e importância das mulheres na unidade produtiva, pois além de trazer melhores perspectivas nas sucessões, criando mais possibilidade da agricultura familiar manter-se em plena atividade, é um caminho sem volta rumo ao futuro Referências: Aline Adriana Marion: A importância da mulher na agricultura familiar. Blog Jacto: Como é a representatividade das mulheres no campo.
Autora:
Luana Campagnolo Flores, acadêmica do 3º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.
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