A fertilidade do solo na cultura da melancia
Para a cultura da melancia apresentar um bom desenvolvimento e expressar suas características varietais e seu potencial produtivo, as técnicas de preparar adequadamente o solo de modo a atender as exigências de fertilidade física e química são extremamente importantes. A planta de melancia apresenta sistema radicular superficial, se adaptando aos mais diversos tipos de solos, desde textura arenosa até média, não desenvolvendo-se bem em solos muito argilosos.
A melancia é uma das cucurbitáceas mais exigentes nutricionalmente e também se destaca por exportar grandes quantidades dos nutrientes acumulados ao longo do ciclo. Os nutrientes Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), acumulam-se preferencialmente nos frutos, enquanto Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) na parte vegetativa. Segundo a Embrapa, nos primeiros 30 dias após o transplantio, a absorção e acúmulo de nutrientes na melancia é muito pequena. A absorção intensifica-se entre 40 e 50 dias do ciclo, atingindo a sua taxa máxima de acumulação diária. O acúmulo de nutrientes no fruto tende a ser linear entre o surgimento dos primeiros frutos e a maturação fisiológica (45 a 65 dias), condição que determina o fato dos nutrientes serem facilmente lixiviados. O nitrogênio e o potássio devem ser aplicados em cobertura para estarem disponíveis após os primeiros 30 dias, a partir dos 50 dias a eficiência de absorção dos nutrientes pela planta diminui, sendo inadequada a aplicação em cobertura após esse período.
Ainda que haja um comportamento diferente entre as cultivares de melancia em relação ao pH, a cultura se desenvolve satisfatoriamente em solos com pH na faixa de 5,5 a 6,8 e saturação por bases de 70 %. Solos ácidos podem levar ao aparecimento de distúrbios fisiológicos, como por exemplo, a podridão estilar ou “fundo preto”, que é decorrente da deficiência de cálcio, principalmente, em cultivares de frutos mais alongados. Entretanto, esta deficiência pode ser corrigida com o uso de calcário.
A aplicação de calcário é essencial para promover a neutralização do alumínio trocável presente no solo, pois este é um elemento tóxico às plantas, e aumentar a disponibilidade de fósforo, cálcio, magnésio e molibdênio para a cultura. A aplicação de calcário sem considerar os resultados da análise de solo, não é recomendada porque o pH poderá atingir valores acima de 7. Nessa condição de pH elevado pode ocorrer perda de N por volatilização, desequilíbrio entre os nutrientes Ca, Mg e K, reduzindo a absorção do K, e menor disponibilidade de Cobre, Ferro, Manganês e Zinco.
Em adubação com N, P, e K, a perda de nitrogênio por volatilização torna-se preocupante, uma vez que o N é o elemento formador da estrutura da planta. Em deficiência restringe o seu crescimento e a fixação dos frutos, que apresentam menor desenvolvimento. Também, o P é o elemento que mais influencia no tamanho dos frutos e a sua deficiência compromete o desenvolvimento das plantas. O K auxilia na formação de frutos com altos teores de sólidos solúveis, quanto maiores esses teores, mais adocicados serão estes frutos e resistentes a rachaduras na casca. A deficiência de K torna o desenvolvimento do fruto irregular ou, pelo menos, com pequeno teor de sólidos solúveis, apresentando menor coloração interna, aroma e sabor. De maneira geral, plantas deficientes em K, também são mais suscetíveis às doenças e pragas.
O conhecimento de como ocorre a absorção dos nutrientes na cultura e a função destes na planta ressalta a importância de uma boa aplicação de calcário, para que os macro e micronutrientes principalmente, necessários para o desenvolvimento da cultura sejam disponibilizados adequadamente. Portanto ressalta-se também, a importância da adubação com N, P e K para ter uma boa produtividade na cultura da melancia, considerando sempre a dose correta e recomendada para a cultura com base na análise de solo da área.
Texto publicado no Jornal Serrano de Barros Cassal na Quinta – feira, 12 de janeiro de 2017.
Amanda Veridiana Krug
Acadêmica do 6º semestre de Agronomia-UFSM
Integrante do Grupo PET- Agronomia
(51) 997682239
Foto: Revista Plasticultura