A busca por alternativas facilitadoras no mercado financeiro é notável nos últimos anos, e vão desde a utilização de bancos digitais, meios de pagamento on-line, até moedas digitais. Essas tecnologias fazem parte do dia a dia da população e vão ganhando espaço cada vez mais significativo no setor do agronegócio. Nesse sentido, é importante entender como as criptomoedas ou moedas digitais estão se inserindo nesse contexto, como ocorre a
comercialização de produtos e investimentos nesse formato, e quais são as expectativas de utilização da tecnologia.
O QUE É CRIPTOMOEDA?
As criptomoedas são moedas totalmente digitais e descentralizadas, não têm uma representação física e nem são emitidas pelo governo ou outros órgãos. São protegidas por criptografia dentro de uma rede blockchain, ou seja, um sistema que rastreia transações através de códigos.
COMO OBTER CRIPTOMOEDAS?
É possível obter criptomoedas através da mineração (processo de validação e inclusão de novas transações no banco de dados ou blockchain), negociando com corretoras especializadas, comprando-as ou aceitando-as como forma de pagamento ou troca.
COMO FUNCIONAM?
Além de serem utilizadas para compra de serviços e produtos, podem ser utilizadas como reserva financeira e investimento.
COMO A CRIPTOMOEDA SE ENCAIXA NO MERCADO DO AGRONEGÓCIO?
O Brasil é caracterizado por um sistema burocrático muito intenso nas negociações e por apresentar um sistema tributário que resulta em produtos caros devido à cadeia de impostos imposta. Além disso, a principal fonte de financiamento e crédito rural aos produtores, o Plano Safra, não tem sido atualizado de maneira a acompanhar o aumento de custos de produção. Por esse motivo, o mercado das criptomoedas é mais uma opção para a comercialização de vários produtos agropecuários e investimento no agronegócio, desde que o produtor domine o conhecimento mínimo para operar nessa área.
O país caminha para uma regularização de criptoativos. O Senado Federal aprovou um Projeto de Lei que estabelece um marco regulatório para as criptomoedas no Brasil, que agora tramita no Congresso Nacional. Isso poderá incentivar a criação de novos ativos e trará mais segurança jurídica para a tecnologia. Apesar de serem novidade no Brasil, existem diversas criptomoedas no mercado, que ainda é bastante volátil, requerendo a atenção dos produtores.
Alguns exemplos são:
● AgroBonus da Agrovantagens
A cotação flutua conforme a participação do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, sendo oferecido cashback para as transações.
● CibraCoin da Cibra
A cotação é vinculada ao preço do fosfato monoamônico (MAP). Permite que o agricultor compre o produto pelo preço momentâneo e possa retirá-lo futuramente, sem sofrer com as flutuações de mercado.
● Coffee Coin da Minasul
A cotação equivale a um kg de café verde nos estoques da entidade. A moeda digital já movimenta muito dinheiro e espera criar cafeicultores digitais, mudando a negociação de café no Brasil.
● Cultecoin da startup Culte É focada para pequenos produtores rurais adquirirem insumos e equipamentos na plataforma da startup.
O Banco Central (BC) deve lançar uma nova criptomoeda, desenvolvida pela DuAgro, VERT Capital, Digital Asset e Oliver Wyman, relacionada ao agronegócio, com o objetivo de financiar pequenos e médios produtores. Além disso, o leque de possibilidades do uso desta tecnologia no agronegócio é muito grande, podendo ser utilizada para gerar informações de rastreabilidade e procedência de produtos ao consumidor final, além de outras estratégias comerciais.
Apesar do contexto e perspectivas de crescimento do mercado de criptomoedas no agronegócio brasileiro, os agricultores devem estar atentos para os riscos desse mercado em ascensão. A carência de conectividade no meio rural, através da Internet, falta de informações e capacitações em mercado digital para utilizar essas ferramentas, são alguns dos empecilhos para a maior adoção da criptomoeda no agro.
Autora:
Fernanda Silveira Ribeiro, acadêmica do 6° semestre de Agronomia e bolsista grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.
Referências:
ESTADAO, Canal Agro. 4 criptomoedas que prometem alavancar o financiamento no agro. Disponível em: <https://summitagro.estadao.com.br/tendencias-e-tecnologia/4-criptomoedas-que-prometem-alavancar-o-financiamento-no-agro/>. Acesso em: 27 de set de 2022.
GUTIERREZ, R. P. Utilização de Criptomoedas no Agronegócio do Rio Grande do Sul. Recima21 -Revista Científica Multidisciplinar. v.3, n.3, 2022. INFOMONEY. Criptomoedas: Um guia para dar os primeiros passos com as moedas digitais. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/guias/criptomoedas/>. Acesso em: 27 de set de 2022.