Ir para o conteúdo PET Agronomia Ir para o menu PET Agronomia Ir para a busca no site PET Agronomia Ir para o rodapé PET Agronomia
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Culturas de inverno no manejo de plantas daninhas



Com o aumento da população e a crescente demanda por alimentos, tem-se a necessidade de maximizar a produção das culturas com uso de métodos sustentáveis de cultivo. As plantas daninhas podem causar grandes reduções da produtividade e estima-se que de 20 a 30% do custo de produção de uma lavoura se deve ao custo de controle das plantas daninhas (SILVA, 2013). O uso de plantas de cobertura desempenha um papel importante no controle de plantas daninhas entre as diversas ferramentas disponíveis aos agricultores.

A presença de uma camada de palha sobre o solo diminui a incidência de luz sobre as sementes das daninhas, reduzindo a emergência dessas plantas daninhas Além disso, algumas espécies de cobertura, quando entram em decomposição, podem liberar substâncias aleloquímicas que exercem influência sobre a germinação e desenvolvimento das plantas daninhas.

Diante do atual cenário, com altos custos dos insumos e da escassez de produtos químicos, o agricultor deve investir em ferramentas complementares e mais econômicas para o manejo de plantas daninhas, permitindo em alguns casos minimizar o uso de herbicidas.

A imagem 1 ilustra a emergência da cultura da soja com o azevém como cobertura, onde se observa a baixa incidência de daninhas. Estudos comprovam que os restos vegetais de coberturas influenciam na diminuição da emergência de plantas daninhas, por exemplo, a palha de aveia-preta e de azevém possuem elevado potencial para suprimir a emergência e o crescimento daninhas (ROMAN, 2002). Os resíduos de aveia-preta e aveia-branca suprimiram a emergência de capim-marmelada ou papuã (Brachiaria plantaginea) na cultura da soja, já na cultura do milho Balbinot Jr. et al. (2005) verificou que o consórcio de azevém, aveia-preta, centeio, ervilhaca e nabo forrageiro reduziram a massa acumulada pelas plantas daninhas em aproximadamente cinco vezes. Balbinot Jr. et al. (2003) mostrou que com a presença de 4,7 t ha-1 de palha de ervilhaca diminuiu a infestação de plantas daninhas na cultura de milho, em relação à ausência de palha.

Imagem 1: emergência da soja em cobertura de azevém. Fonte: Luana Flores, 2021.

A redução de plantas daninhas acontece porque a cobertura que está presente no solo vai competir por água, radiação solar e nutrientes, assim limitando a germinação de sementes e o desenvolvimento das invasoras. As plantas daninhas afetam principalmente as fases iniciais do desenvolvimento das culturas comerciais, com repercussão no desenvolvimento e, consequentemente, na produtividade final (RIZZARDI et al., 2003). Por isso a importância de ter uma planta de cobertura para a realização do plantio direto.

As plantas daninhas também podem ser reduzidas pelo efeito alelopático, ou seja, qualquer efeito negativo causado de forma direta ou indireta por uma planta ou organismo sobre outra através da liberação de produtos químicos por ela sintetizados no metabolismo secundário (Sociedade Internacional de Alelopatia). Essas liberações ocorrem através da volatilização, normalmente pelas folhas, exsudações radiculares diretamente das raízes para o solo, lixiviação pela chuva e orvalho e liberação pela decomposição de resíduos vegetais (IQBAL; FRY, 2012). A aveia possui potencial alelopático associado ao exsudato escopoletina, que é um metabólito secundário da classe das coumarinas e tem efeito sobre o crescimento radicular de algumas plantas (MONTEIRO; VIEIRA, 2002). No trigo mourisco (Fagopyrum esculentum), foram identificados nove ácidos fenólicos diferentes, os quais podem suprimir a planta daninha Bidens pilosa com cobertura de solo a partir de 4,0 t ha-1 de fitomassa seca, reduzindo o número de emergência, índice de velocidade de germinação, massa seca da parte aérea e radicular da planta daninha (PACHECO et al., 2013).

Dessa forma fica evidente a importância de manter o solo coberto, porém o sucesso do sistema vai depender da escolha da espécie, pois esta deve se adequar ao manejo e ao local de cultivo do produtor. E assim, possibilitar a redução da quantidade de herbicidas utilizados para o controle de plantas daninhas, além de melhorar a qualidade química, física e biológica do solo.

Autora:

Luana Campagnolo Flores, acadêmica do 6º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria — UFSM

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-779-1055

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes