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Preparo de solo em áreas de várzea para a cultura da soja



O cultivo de soja em rotação com o arroz irrigado nas áreas de várzea vem aumentando ano após ano, devido ao preço alcançado pela commodity nos últimos anos. Além disso, pode-se notar outros benefícios, como o controle de plantas daninhas recorrentes nas lavouras orizícolas, como o capim-arroz e o arroz vermelho, e a diminuição da aplicação de nitrogênio. A inserção da leguminosa no sistema desempenha um papel fundamental para a melhoria da matéria orgânica do solo (Schwenke et al., 2002) e pode ser a fonte de 30–75% do N total mineral acumulado (Evans et al., 2003).

Contudo, o cultivo de soja em terras baixas é um desafio para os agricultores. Isso ocorre devido às limitações naturais dessas áreas, especialmente relacionadas à má drenagem do solo, pH baixo e baixa fertilidade natural (Pollet et al., 2019). A sistematização das áreas podem acentuar os problemas de fertilidade e tornar a área mais desuniforme devido aos procedimentos de corte e aterro para preparação da superfície do solo.

Além disso, tem-se verificado uma camada compactada próxima à superfície do solo em função das operações sucessivas de preparo da área para o cultivo do arroz, resultando em aumento da densidade do solo e redução da macroporosidade e porosidade total, o que diminui a infiltração de água e a permeabilidade do ar no solo (Mentges et al., 2013). Como consequência da compactação do solo, a planta tem dificuldade no aprofundamento das suas raízes, consequentemente, reduz a extração de água e nutrientes do solo e diminui a produtividade dos grãos, notadamente em anos de déficit hídrico.

Com o objetivo de aumentar a produção de soja em várzea, podem ser adotados alguns sistemas de preparos de solo e semeadura. De acordo com Sartori et al. (2016), o sistema com escarificação diminui a resistência do solo à penetração até 30 cm de profundidade, ou seja, deixa o solo com menor resistência ao aprofundamento das raízes. Já o sistema sem escarificação tem maior resistência à penetração, o que significa maior dificuldade no aprofundamento de raízes, principalmente na semeadura com disco duplo. O disco duplo possui menor efeito devido a sua pouca ação em profundidade no solo, que é de aproximadamente 10 cm, em comparação aos 30 cm do escarificador e 17 cm da haste sulcadora. Contudo, ainda são muito utilizados devido à vantagem econômica que trazem ao produtor, pois possibilitam a descompactação do solo juntamente à semeadura.

Nos sistemas com haste sulcadora e com escarificação verificam-se maiores teores de magnésio, enxofre, nitrogênio e cálcio no tecido foliar, bem como, um maior rendimento de grãos em comparação ao disco duplo em área sem escarificação do solo (Sartori et al., 2016). Esses fatores de melhoria estão relacionados à maior redução da resistência à penetração do solo por esses sistemas na linha de semeadura devido a ação desses implementos em profundidade no solo, o que contribui para maior teor de macronutrientes no tecido foliar das plantas.

Segundo Reichert et al. (2008), 65% da variação na produtividade de grãos de soja é atribuída a atributos químicos e físicos do solo, como a resistência à penetração. Logo, as restrições físicas do solo, como a presença de uma camada compactada próxima à superfície do solo, interferem nos teores foliares de macronutrientes das plantas e no rendimento de grãos de soja.

Portanto, o manejo com escarificação e haste sulcadora em áreas de várzea com compactação superficial reduz a resistência do solo à penetração, auxiliando no aprofundamento das raízes e aumentando os teores foliares de macronutrientes, que possibilitam o maior rendimento de grãos de soja.

Autora:

Helen Maciel dos Santos, acadêmica do 5º semestre de Agronomia e bolsista grupo PET Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria — UFSM

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