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A crise dos insumos agrícolas



Nos últimos meses de 2021, um dos assuntos mais comentados no âmbito agronômico foi a crise dos insumos agrícolas no Brasil. Sabe-se que, a produção agrícola é baseada na utilização de insumos, que incluem os fertilizantes, agrotóxicos, calcário, maquinário e implementos agrícolas. No Brasil, cerca de 76% das matérias-primas para fertilizantes, agrotóxicos e equipamentos são importados de países como China, Rússia e Índia, porém esses países estão passando por problemas em suas matrizes energéticas, o que encarece o preço da produção. Aliado a isso, ainda temos fatores como as variações do dólar, a própria pandemia que diminuiu a frota de aviões, e também o caso do navio Ever Given que atrasou muitas entregas ao ficar preso no canal de Suez, principal ligação marítima entre Ásia e Europa. A preocupação segue, mas como a maioria dos insumos é comprada com antecedência, a safra de 2021/2022 não está em jogo e sim a de 2022/2023.

Na China está sendo implantada uma nova matriz energética, mudando sua produção através do carvão para fontes mais limpas de energia. Essa mudança acarretou em um aumento do preço cobrado pela energia consumida. Além disso, por estar com problemas de falta de água no país, suas hidrelétricas também estão com a capacidade reduzida e o preço do gás sofreu reajuste para cima. Esses fatores energéticos encareceram muito a produção chinesa, o que nos afeta diretamente, principalmente no fornecimento de fertilizantes NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) que aumentaram seu valor em 100% para os dois primeiros e 200% no terceiro, de acordo com o analista de mercado, Marcelo Mello, da StoneX. Já na Rússia e Bielorrúsia existe uma crise geopolítica muito intensa, o que levou à proibição da compra de potássio desses países pelos Estados Unidos. Essa medida gerou um impacto tanto na importação como na distribuição do insumo para os demais países, podendo gerar desabastecimento em um futuro próximo.

As variações do dólar já demonstraram no último ano que podemos pagar muito mais pelo mesmo material, como a ureia, que teve uma variação de cerca de 90% de setembro de 2020 a setembro de 2021. O dólar pode subir por diversos fatores, incluindo a relação entre importação e exportação do Brasil e também as relações de oferta e demanda do mercado.

A pandemia do COVID-19, que já trouxe incontáveis consequências para o mundo todo, acabou atrasando e diminuindo o estoque de insumos principalmente pela paralisação de produções nas cadeias globais. Além disso, a crise dos contêineres e a falta de disponibilidade de navios, causada pela alta demanda, acaba atrasando as entregas e tornando o frete cada vez mais caro.

As consequências para todos esses fatores citados já são muito visíveis e acarretarão em vários outros. Com o aumento do preço dos insumos, haverá um aumento no valor da produção e consequente aumento dos preços dos alimentos como a carne, visto que os animais possuem dietas baseadas na utilização de rações, que são formuladas através de milho e soja. Além disso, com o real desvalorizado frente ao dólar, torna-se mais interessante para a cadeia exportar sua produção do que vender no mercado interno, atuando como mais um fator de aumento de preços.

Algumas soluções para serem buscadas a curto prazo seriam uma boa gestão da lavoura, evitando gastos desnecessários e gerenciamento de safras, a exemplo a escolha por culturas que necessitam menores doses desses nutrientes, além da utilização de tecnologias que auxiliem na otimização do uso de insumos, como a taxa variável. A longo prazo a adoção de sistemas mais sustentáveis como a integração lavoura-pecuária e a utilização de insumos orgânicos são ótimas alternativas. Além disso, o estímulo à indústria nacional para a produção de insumos dentro do país possibilitaria que deixássemos de ser tão dependentes da importação.

Referências:

https://summitagro.estadao.com.br;https://blog.sensix.ag;https://revistagloborural.globo.com; https://www.youtube.com/watch?v=vPqpPkOyFzM; https://www.youtube.com/watch?v=aEjOTGTlZzk

Autora:

Julia Damiani, acadêmica do 5º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria — UFSM — Técnica em Agropecuária no IFRS campus Bento Gonçalves

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