A soja destaca-se como uma das matérias primas vegetais mais versáteis, sendo usada na elaboração de rações, produção de óleo e diversos outros subprodutos para a indústria mundial. A qualidade das sementes da soja é de grande importância para obtenção de alta produtividade. Por isso, os fatores que comprometem a qualidade da semente devem ser observados e entre esses fatores estão elevados índices de deterioração por umidade, lesões de percevejos, quebras, ruptura de tegumento, danos mecânicos, entre outros.
As perdas de qualidade por umidade ocorrem após a maturação fisiológica, são resultantes de oscilações do grau de umidade das sementes decorrente de chuvas, neblina e orvalho, principalmente quando associadas com temperaturas elevadas, resultando na formação de rugas no tegumento (casca), na região oposta ao hilo, ilustrado na figura 1. Esse enrugamento é decorrente de sucessivos ciclos de hidratação (expansão do volume da semente) e desidratação (contração) do tegumento e dos cotilédones em proporções diferentes (França-Neto et al., 2016).
A perda de qualidade por umidade torna a semente ainda mais suscetível a outros fatores, uma vez que semente deteriorada por umidade é extremamente vulnerável aos impactos mecânicos, prejudicando seu desempenho.
A colheita é a fase mais crítica do processo, sendo essencial que os mecanismos de trilha estejam bem ajustados: a velocidade do cilindro de trilha deve ser 400 rpm ou menos, a abertura do côncavo mais ampla possível de maneira que a abertura das vagens seja completa com o mínimo nível de dano mecânico.
Depois que a semente é trilhada deve ser avaliada pelo teste de hipoclorito de sódio, ou pelo método do copo medidor de semente quebrada, pelo menos três vezes ao dia, para efetuar ajustes no sistema de trilha, a velocidade de colheita também deve ser ponto de atenção, não ultrapassando o recomendado. A figura 2 ilustra o kit para avaliação de quebra de sementes, composto por um jogo de peneiras: (4,5 mm X 22 mm), (4,0 mm X 22 mm) e copo medidor com escala graduada, expressa em percentual.
Os níveis de danos mecânicos são reduzidos quando a semente de soja for colhida após atingir conteúdos de água entre 14% a 13%.
Outro fator que pode afetar a qualidade de sementes de soja são as lesões causadas por percevejos. Ao inserir o estilete para se alimentar, esses insetos injetam nos tecidos das sementes enzimas salivares e inoculam a levedura Nematospora coryli Peglion, que, ocasiona a necrose dos cotilédones e dos eixos embrionários, causando perda de germinação e de vigor. O aparato bucal dos percevejos varia conforme a sua espécie tendo diferentes comprimentos
O período crítico de incidência desse inseto está compreendido entre os estádios de desenvolvimento e de enchimento de vagens (Panizzi et al., 1979). Dessa forma, é nessa fase que o controle deve ser realizado quando for encontrado um percevejo/metro.
Em suma, para se produzir uma semente de soja de alta qualidade, é imprescindível o conhecimento e o investimento em tecnologias de produção visando menos danos e prejuízos. Além disso, um sistema de controle de qualidade ágil, dinâmico e eficaz deve estar intimamente associado a todas as etapas do sistema de produção, para que se obtenha elevada qualidade.
Referências:
KRZYZANOWSKI, Francisco Carlos; FRANÇA-NETO, J. B.; HENNING, Ademir Assis. A alta qualidade da semente de soja: fator importante para a produção da cultura. Londrina, PR, Embrapa, 2018.
BELORTE et. al, DANOS CAUSADOS POR PERCEVEJOS (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) EM CINCO CULTIVARES DE SOJA (GLYCINE MAX (L.) MERRILL, 1917) NO MUNICÍPIO DE ARAÇATUBA, SP. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.70, n.2, p.169–175, jun., 2003.
FLOR et. al, AVALIAÇÃO DE DANOS MECÂNICOS EM SEMENTES DE SOJA POR MEIO DA ANÁLISE DE IMAGENS. Revista Brasileira de Sementes, vol. 26, nº1, p.68–76, 2004.
KRZYZANOWSKI, F. C.; FRANÇA NETO, J. de B.; HENNING, A. A.; COSTA, N. P. da. O controle de qualidade agregando valor à semente de soja — série sementes. Londrina: Embrapa Soja, 2008. 12 p. (Embrapa Soja. Circular técnica, 54).
Autora:
Luana Campagnolo Flores, acadêmica do 5º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia-Universidade Federal de Santa Maria.