No final do primeiro trimestre deste ano, a expectativa de produção de milho no Brasil era de 108.068,7 mil toneladas de grãos, 5,4% a mais do que a safra de 2019/20. Entretanto, no levantamento publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em setembro de 2021, é estimado que a produção para essa safra resulte em 85.749 mil toneladas, um decréscimo de 16,4% ao da safra anterior, e 20,6% menor do que o estimado em março deste ano. A última vez que a produção de milho apresentou perspectivas baixas dessa maneira, foi na safra 2017/18, quando a produção foi de 80.786 mil toneladas.
A redução na produção de 2017/18 foi devido à menor área destinada ao cereal, 16,3% menor que a estimada para a safra atual. O que salienta ainda mais o problema que a safra 2020/21 está enfrentando, pois a produtividade de 2017/18 foi de 4.857 kg/ha, 11,1% maior que a estimada para a safra 2020/21, que é de 4.316 kg/ha.
A estimativa de produtividade foi sendo reduzida até chegar no momento atual (gráfico 1). O motivo que levou ao otimismo inicial foi pelo momento do mercado que o cereal apresentava no início da safra, com o grão apresentando valores de venda considerados muito bons. Além da influência do grande sucesso que a safra 2019/20 apresentou, fazendo com que ainda mais produtores optassem pelo milho em algum momento do seu ciclo produtivo.
Gráfico 1. Evolução da perspectiva de produtividade de milho na safra 2020/21.
Quando nos referimos à primeira safra, que vai de outubro a dezembro, a tendência dos produtores é pela escolha da cultura da soja, fazendo com que a maior produção do milho ocorra na segunda safra, conhecida como “safrinha”. O milho da primeira safra enfrentou o atraso das chuvas, o que interferiu no planejamento da lavoura. As condições climáticas também não foram tão favoráveis após a implantação da cultura, resultando em produção total 3,7% menor na primeira safra de 20/21 em comparação com 19/20, mesmo com uma área 2,6% maior na última safra.
Na segunda safra, a principal para a cultura do milho, os problemas climáticos foram intensos, abrangendo desde eventos de estiagem em momentos cruciais na maior parte das regiões produtoras, até na ocorrência de geadas na Região Centro-Sul, ocasionadas pelo ingresso de massas de ar frio em épocas em que já não são comuns. Na segunda safra às estimativas apontam para diminuição de 20,8% da produção quando comparada com a safra 19/20, mesmo havendo aumento na área plantada de 8,6%.
Em algumas regiões do Norte e do Nordeste, é comum uma terceira safra para a cultura do milho. As expectativas para esse ciclo são favoráveis em relação ao clima. Ainda assim, algumas regiões mais afastadas do litoral já tiveram problemas com a falta de chuva no início do estágio reprodutivo.
Com a diminuição da produção de milho, a Conab estima que haverá diminuição na exportação do cereal se comparado com a safra passada, com repercussão no preço elevado no mercado interno e uma redução à metade no estoque nacional do grão.
Referências:
Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira de grãos — v.8 — Safra 2020/21, n.8 — Oitavo levantamento, Brasília, p. 54–66, setembro 2021.
Autor:
Alexandre Castro Reis, acadêmico do 9º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia-Universidade Federal de Santa Maria.