A apicultura, segundo LIMA (2005), é uma produção ecológica e sustentável, que não degrada o meio ambiente e pode ser praticada na maior parte do território brasileiro. Os produtos das abelhas podem ser dos mais variados, sendo o mel, o foco da maioria dos produtores. Além dele, existem a geleia real, o própolis, o pólen, a apitoxina, entre outros. Os produtos da apicultura possuem inúmeras propriedades farmacológicas e essas propriedades somadas aos comportamentos da colmeia fizeram com que a abelha fosse o inseto mais estudado do mundo. Este texto abordará o produto mais inusitado das abelhas, seu veneno, a apitoxina.
A apitoxina é um veneno produzido pela espécie Apis mellifera para a proteção da colônia de ataques de invasores e predadores. Sua produção como fármaco é feita a partir de extração elétrica, na qual um coletor de placas de vidro com eletroestimuladores é inserido na colmeia, como ilustrado na figura 1, assim, ao levar o choque, as abelhas ferroam a placa depositam uma quantidade de apitoxina na mesma. O veneno seca e depois é raspado e acondicionado para ser destinado aos laboratórios especializados. Essa técnica traz a vantagem de que, além de extrair altas quantidades de apitoxina com maior pureza, não mata as abelhas.
Atualmente existem diversos tratamentos que utilizam a apitoxina. A maioria é feita de forma sublingual, subcutânea com agulhas, injeções ou ainda picadas de abelhas diretamente na pele. As aplicabilidades farmacêuticas são vastas, existindo tratamentos como uso anti-inflamatório (doenças reumáticas), analgésico, antitumoral, cicatrizante e neuroprotetor para doenças como esclerose múltipla, Alzheimer e Parkinson (Moreira, 2012). A artrite é uma das principais enfermidades tratadas pela apiterapia. Substâncias da apitoxina como a militina e apamina atuam como anti-inflamatórios, aliviando os sintomas e dores causados por essa doença.
Os estudos a partir do uso terapêutico do veneno de abelha ainda estão em andamento e necessitam de maiores comprovações científicas, porém, muitas facetas já tomam forma para tratamentos de doenças. Contudo, deve-se salientar que todos os tratamentos são realizados de forma controlada e por especialistas da área. Cada pessoa possui um tipo diferente de reação quando são ministradas substâncias desse gênero, muitas podem ter reações alérgicas leves, como inchaço e coceira no local de ocorrência da picada de abelha, já para outras, os efeitos podem ser fatais.
Referências:
LIMA, Sirlei A. M. de. A apicultura como alternativa social, econômica e ambiental para a XI mesorregião do noroeste do Paraná·. Curso de Pósgraduação em Engenharia Florestal do Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná, 2005.
DANTAS, C. G.; NUNES, T. L. G. M.; NUNES, T. L. G. M; GOMES, M. Z.; GRAMACHO, K. P..Apitoxina: coleta, composição química, propriedades biológicas e atividades terapêuticas. Revista Ibero Americana de Ciências Ambientais, Aquidabã, v.4, n.2, p.127 150, 2013.
MOREIRA, D. R. Apiterapia no tratamento de patologias. Revista Fapciência, 9(4):21–29. Mutsaers, M., Blitterswijk, H. v., Leven, L., Kerkvliet, J. & Waerdt, J. (2006). Produtos apícolas: propriedades, processamento e comercialização. Série Agrodok, 42, 2012.
LEITE, Germano L. D e ROCHA, Silma L. Apitoxina. Unimontes Científica, Montes Claros, v.7, n.1, 2005.
PACHECO, Edivaldo F. F., et al. Apitoxina e sua atividade anti-inflamatória e antinociceptiva. Acta apícola brasileira, Pombal, v.02, n.2, 2014.
MODANESI, Melina S. Produção de apitoxina por abelhas apis melífera L. e seu efeito na expressão de genes relacionados ao estresse. Programa de Pós-graduação em Zootecnia pela Universidade estadual paulista, faculdade de medicina veterinária e zootecnia campus Botucatu. 2012.
Autora:
Julia Damiani, acadêmica do 2º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.
Email: juulia.damiani@gmail.com