A produtividade de uma cultura agrícola é construída através da associação de diversos fatores, sendo os principais: genética, ambiente e manejo. Às vésperas do início da semeadura da soja no estado do Rio Grande do Sul, diversas dúvidas surgem em como buscar maiores produtividades associando estes fatores. Neste sentido, cabe destacar que a soja é fotossensível, isso significa que ela é suscetível a alterações fisiológicas e morfológicas, quanto a suas exigências e suprimento dessas.
Nesse cenário, a época de semeadura ganha destaque, pois ela irá determinar a exposição das plantas aos fatores climáticos, com impacto no porte de plantas e rendimento de grãos. Além disso, o incorreto posicionamento das cultivares pode aumentar as perdas de colheita. Segundo o Zoneamento Agrícola de Risco Agroclimático (ZARC), a época de semeadura mais indicada estende-se da segunda quinzena de outubro à segunda quinzena de dezembro para a maioria das cultivares no Rio Grande do Sul.
As maiores produtividades são obtidas quando a floração e o período de formação de grãos ocorrem no período entre final de dezembro e fevereiro. Portanto, é importante associar a época de semeadura com as características genéticas da cultivar para coincidir com esse período crítico (SOJA 6000). A tomada de decisão quanto à época de semeadura não levará em consideração apenas esse fator, mas também, fatores operacionais e condições ambientais vigentes durante o início do ciclo.
Além disso, deve-se atentar quanto a interação entre a duração do ciclo, a faixa de temperatura e o fotoperíodo durante a estação de crescimento. Independentemente do Grupo de Maturação Relativa (GMR), conforme se tem atraso na época de semeadura, há diminuição do ciclo. Sendo assim, considerando principalmente a metade sul do estado, deve-se tomar cuidado com semeaduras antes do início do recomendado (mês de outubro), pois algumas cultivares prolongam a duração do ciclo desenvolvimento . Com isso, há o aumento da área foliar e também da estatura de plantas, favorecendo o acamamento e dificultando os tratos culturais como aplicações de inseticidas e fungicidas. Cabe destacar ainda que, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a semeadura de cultivares precoces no mês de outubro, pode resultar em plantas baixas, que não fecham a entrelinha, favorecendo a incidência de plantas daninhas.
Nas semeaduras atrasadas, que ocorrem no final do período recomendado, novamente levando em consideração principalmente a parte sul do estado, há a redução da área foliar, da estatura de plantas, e também das ramificações emitidas. Por este motivo, as Recomendações Técnicas para a cultura da soja indicam que para semeaduras realizadas no final da época recomendada haja aumento na população de plantas em 20%, buscando compensar os efeitos do encurtamento do subperíodo vegetativo.
Sobretudo, a época de semeadura pode ser uma estratégia de controle cultural, para insetos, doenças e plantas daninhas, sendo considerado como uma das práticas do manejo integrado. Logo, pode-se adaptá-la a fim de favorecer o desenvolvimento da cultura, sempre levando em conta as particularidades da área, do produtor e o histórico da região, como a disponibilidade hídrica durante o ciclo da cultura, em que os estresses hídricos podem ser minimizados em função da adequação da época de semeadura.
Por fim, pode-se dizer que a época de semeadura adequada é um dos principais fatores que irão definir o sucesso da lavoura. A partir dela serão definidos outros parâmetros como: densidade de plantas, espaçamento entre linhas, hábito de crescimento, manejo integrado, disponibilidade hídrica etc. Por esse motivo, a preparação da propriedade, equipe e insumos para realizar a operação no momento mais favorável é essencial. Conforme discutido anteriormente, outros fatores como operacionais e ambientais também irão definir qual será a época de semeadura, mas conhecer as suas implicações é fundamental para obter uma lavoura produtiva e rentável.
Para mais informações:
Indicações técnicas para a cultura da soja no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, safras 2012/2013 e 2013/2014. / XXXIX Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul; organizada por Leila Maria Costamilan [et al.]. — Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2012.
Referências:
INSTITUTO RIO GRANDENSE DO ARROZ — IRGA. “Soja 6000: manejo para alta produtividade em terras baixas”. — 2. ed., rev., atual. — Porto Alegre: Gráfica e Editora RJR, 2018.
Autor:
Mariana Miranda Wruck, acadêmica do 9º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria
Texto publicado em:
https://maissoja.com.br/a-importancia-da-epoca-de-semeadura-na-cultura-da-soja