O azevém anual é a forrageira mais cultivada no RS, apresentando um papel fundamental na oferta de forragem durante o período da estação fria, sendo utilizado tanto para pastejo direto como para fabricação de feno. Já para a produção de silagem não tem sido muito utilizado, devido ao alto teor de proteína e baixo teor de carboidratos solúveis, que levam à formação de um produto com alto pH, acima do ideal para uma boa silagem (López, 1975).
Dentre as características que fazem o sucesso na adoção do azevém pelos produtores pode-se destacar o alto valor nutritivo, boa produção de forragem, palatabilidade, capacidade de rebrote, resistência ao pastejo e ao excesso de umidade. Além disso, as sementes são de fácil aquisição, tem baixo custo de implantação e possui alta ressemeadura natural.
Geralmente, o período de utilização com o pastejo vai de junho a setembro, mas ocorrem variações, existindo utilização desde maio até o mês de novembro. Essas variações sofrem influência, tais como: características da cultivar utilizada, tipo de solo, clima da região, nível de adubação, manejo da pastagem, regime de chuvas, entre outros fatores.
Na maioria das lavouras cultivadas com azevém no RS, o sistema de produção que mais se observa é a sucessão de soja e azevém. Neste caso, a
pastagem de azevém é altamente beneficiada pela oferta de nitrogênio que ocorre na área com a decomposição da palhada da soja, propiciando um bom desenvolvimento inicial e uma exuberante pastagem.
Existem alguns aspectos no manejo da pastagem que são extremamente importantes, como a adubação nitrogenada e a altura de entrada e de saída dos animais no pastejo. O ideal é que, além do nitrogênio, nutrientes como fósforo e potássio tenham seus níveis corrigidos ou repostos conforme a análise de solo, expectativa de produção e cultura antecessora. Contudo, diante das circunstâncias, nem sempre os agricultores conseguem fornecer toda a adubação necessária.
Em relação à adubação nitrogenada, é importante atentar para o momento recomendado de realização, que é quando a planta está com 5 a 6 folhas, coincidindo com a emissão dos seus perfilhos. Nesse momento, a liberação de nitrogênio pela matéria orgânica do solo é baixa em função da redução da temperatura que ocorre no outono. Deste modo, se não for realizada a adubação nitrogenada, o perfilhamento será lento, de menor densidade e a pastagem levará mais tempo até atingir a condição adequada para utilização. A aplicação de 45 a 50 Kg de nitrogênio por hectare no perfilhamento tem possibilitado a entrada dos animais em até 40 dias após a emergência das plântulas (Carvalho et al., 2011).
Quanto à altura de entrada e de saída dos animais na pastagem, o ideal é que ocorra quando o pasto atingir 20 a 25 cm de altura e entre 1500 a 2500 kg de matéria seca por hectare (Carvalho et al., 2011) e a saída deve ocorrer quando as plantas atingirem metade da altura de entrada.
Muitas vezes, a espera pela altura do pasto ou massa de forragem ideal pode representar uma situação delicada para os produtores. Por um lado, tem-se certa categoria animal com necessidade urgente de melhoria da condição nutricional. Por outro, tem-se pastos de azevém que não estão prontos para uso, pois não alcançaram o ponto ótimo de interceptação da radiação solar e de enraizamento. Neste caso, o uso de pastejo controlado (horário) com poucas horas de uso por dia ou uso inicial de lotação baixa são alternativas para se iniciar a utilização antes do ponto ótimo. Contudo, quando possível, a espera pelo momento ideal é a melhor opção, pois 15 a 20 dias a mais de espera até o pleno estabelecimento pode proporcionar 40 a 50 dias a
mais de utilização do pasto até o final do ciclo, e em condição potencial superior de ganho de peso (Carvalho et al., 2011).
Essas são algumas práticas essenciais e decisivas para o sucesso no manejo da pastagem, principalmente na fase inicial de estabelecimento. Valendo lembrar que existem diferentes formas de manejar a pastagem, seja utilizando o pastejo rotacionado ou até mesmo o pastejo contínuo. Mas, independe dos aspectos da propriedade que levem o produtor a escolher um ou outro, esse deve ser implementado da melhor forma possível, de acordo com os princípios básicos que darão sustentabilidade ao sistema.
Referências:
CARVALHO et. al. Forrageiras de clima temperado. Cap 16. 2011.
LÓPEZ, J. Valor nutritivo de silagens. In: Simpósio sobre manejo de pastagens, Piracicaba, Anais… Piracicaba, p. 186–207, 1975.
Autor:
Alex Maquiel Klein, acadêmico do 8º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria
E-mail: alexmklein17@gmail.com
Telefone: (55) 9 9680–2790