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Principais aspectos da produção de trigo



O trigo é uma cultura de inverno muito importante, ele é a matéria prima para diversos alimentos, como a farinha de trigo que é utilizada para produção de pães, bolos, massas, etc. No aspecto econômico, o cultivo deste cereal também é muito importante e vem se intensificando a cada ano, principalmente na região Sul, que apresenta um clima mais adequado à sua produção. De acordo com a Conab (2020) o Brasil teve um aumento de 14,6% na área plantada em 2020, além disso, a produtividade média do país foi de 2.644 kg/ha, o que representa um aumento de 4,7% e na produção o aumento foi de 19,9%, resultando no expressivo valor de 6.183 mil toneladas de trigo. No Grande do Sul (RS) as geadas ocorridas na fase de floração e enchimento de grãos e também estiagem no enchimento de grão interferiram na produtividade média de produção ficou em torno de 2.260 mil toneladas, representando um aumento de 2,4%, (CONAB, 2020).

O que se observa é que a produção de trigo, já cultural no RS, vem a cada safra ganhando mais importância, se intensificando e melhorando suas tecnologias de cultivo. Porém, para que os números sigam crescendo no estado ao final de cada safra, é necessário que os produtores façam o planejamento e organizem cada passo da produção antes mesmo do plantio. Essa organização é importante para realizar manejos antecipados, como o controle de plantas daninhas em pré-semeadura, escolha das melhores cultivares de trigo com maior adaptabilidade a região onde será semeada, melhor época de semeadura visando atenuar os riscos climáticos, realizar análises químicas das áreas destinadas ao cultivo do cereal, entre outros importantes aspectos. Esses cuidados podem ser separados em: manejo do solo e adubação; semeadura, manejo fitossanitário; colheita e comercialização.

Entre a colheita da safra de verão e a semeadura do trigo no inverno pode ocorrer o vazio outonal, momento em que o solo fica sem cobertura até a entrada do trigo. Esse vazio outonal abre espaço para as plantas daninhas se desenvolverem e isso poderá dificultar o controle para a semeadura. Sendo assim, uma estratégia é semear plantas de cobertura após a colheita da soja, proporcionando além de um bom controle das plantas daninhas, uma razoável produção de fitomassa e palhada que entrega matéria orgânica e nutrientes ao solo por meio de processos biológicos, melhorando o desempenho produtivo do trigo e realizando a ciclagem de nutrientes. No entanto, levando em consideração que o trigo é uma gramínea e necessita de bastante nitrogênio (N) para o seu desenvolvimento, é ideal que esta planta de cobertura seja uma leguminosa, como a ervilhaca por exemplo, ou outra espécie como o nabo forrageiro que é uma Brassica, visto que a relação C/N é menor e consequentemente a decomposição é mais rápida e não há imobilização de nitrogênio como na decomposição de uma espécie gramínea Outra possibilidade é o uso consorciado de planta de cobertura entre uma leguminosa e uma gramínea, no qual a leguminosa vai proporcionar um retorno de nutrientes mais rápido ao sistema enquanto que a gramínea irá auxiliar na preservação do solo e na presença de cobertura até praticamente o final do ciclo do trigo, visto que a decomposição da gramínea é mais lenta.

Ademais, é necessário que o produtor realize análises de solo para a recomendação adequada de adubação de base e de cobertura. Sabe-se a importância da aplicação de nitrogênio no trigo, visto que o N é o nutriente absorvido em maior quantidade pelas plantas e além de atuar em diversas rotas bioquímicas, desempenha papel fundamental na fotossíntese e formação de proteínas nos grãos. As aplicações de N em cobertura devem ser feitas no afilhamento e no alongamento, períodos nos quais a planta necessita de mais energia para a formação da área foliar e para o enchimento de grãos.

Para a semeadura deve ser avaliado a cultivar, essa deve ser escolhida levando em consideração o potencial produtivo, adaptabilidade para cada região, solo, clima e resistência a doenças. Para isso o produtor deve conhecer sua área, afim de saber quais as principais doenças recorrentes nas últimas safras e optar por cultivares resistentes a elas. Após a escolha da cultivar é preciso decidir a época de semeadura, isso pode ser feito através do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), ele associa informações de clima, solo e material genético permitindo avaliar o melhor material e melhor época de semeadura para cada cultivar em cada região ou ambiente edafoclimático. O objetivo do ZARC então é auxiliar a partir de informações para diminuir os riscos de perdas na produção por problemas climáticos como déficit hídrico, geadas, chuvas na colheita, etc.

Em relação ao clima, a produção de trigo necessita de temperaturas mais frias, geralmente entre 10ºC a 19ºC, essencialmente para promover o perfilhamento e minimizar o surgimento de algumas doenças nas espigas. Em relação à altitude, quando for acima de 700m, o clima será mais ameno e mais adequado durante todo o ciclo da cultura, mas isso não impede o cultivo em altitudes inferiores.

Outro fator importante para planejar e observar durante todo o ciclo da cultura é o manejo fitossanitário, devendo-se ter muito cuidado principalmente com as doenças em trigo. As principais patologias que afetam o trigo é a Giberela (Gibberella zeae), que pode ser conhecida pela descoloração das espiguetas e as aristas deslocadas para fora das espigas. A Brusone (Pyricularia grossa) é uma doença que rompe a translocação de nutrientes para as espigas, afetando sua formação. Essas duas doenças são mais propícias em épocas de chuvas recorrentes. O Oídio (Blumeria graminis f.sp tritici) por sua vez é uma doença favorável de acontecer em safras de poucas chuvas, essa doença é reconhecida na fase inicial, no qual os fungos sobre as folhas irão apresentar um aspecto de pó brando ou cinza. Outra doença recorrente no trigo é a Mancha amarela (Drechslera tritici-repentis), ela acomete os estádios mais desenvolvidos e ao fim do ciclo o limbo foliar pode ficar todo necrosado se a doença não for controlada. Nesse sentido, para um bom controle das doenças é preciso ter sementes certificadas e de qualidade, preferir cultivares resistentes, realizar o tratamento de sementes, optar pela rotação de culturas, visto que muitos inóculos permanecem nos restos culturais como é o caso da mancha amarela cuja recomendação é realizar um intervalo de duas safras de inverno seguidas sem o cultivo de trigo ou cevada na área por exemplo, além de também adotar medidas de controle químico. É importante para que o controle químico seja eficiente, realizara rotação de mecanismos de ação e o uso de fungicidas multissítios (vários mecanismos), isso ajudará no manejo de resistência e pode prolongar a eficiência dos agrotóxicos. Ademais, deve-se fazer o correto controle de plantas daninhas e pragas, por meio de estratégias integradas.

Diante disso, com a finalização do ciclo da cultura, é preciso reduzir as perdas na colheita, para isso deve-se realizar a regulagem da colhedora conforme a necessidade e realidade de cada lavoura. É preciso ter atenção com a afiação das navalhas da barra de corte e a velocidade do molinete, que deve ser cerca de 25% acima da velocidade de deslocamento. A umidade dos grãos ideal para armazenamento é cerca de 13%, quando for maior será necessário realizar a secagem até a umidade adequada. Após a colheita, outra etapa muito importante e última feita pelo produtor, é a comercialização. O preço do trigo está diretamente relacionado com a expectativa de produção de trigo no mundo, com as cotações na Bolsa de Chicago e também dependendo do mercado pode ser influenciado pela força do glúten, que quanto maior, melhor a remuneração. Geralmente, quanto melhor a qualidade do grão de trigo, melhores são as remunerações obtidas e para aqueles produtores que conseguem armazenar a produção na propriedade o benefício está em poder acompanhar as oscilações do mercado e realizar a venda quando os preços estiverem mais atrativos.

Portanto, o produtor rural deve planejar e acompanhar a produção desde a pré semeadura até a venda do grão. Destacando-se que com a adoção das práticas de manejo mais adequadas para cada ambiente de produção e cultivar é possível seguir melhorando a produtividade e aumentando a produção de trigo no país.

Fonte: Arícia Ritter Corrêa.

Referências bibliográficas:

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SILVA, Sérgio Ricardo. Plantio na hora certa reduz perdas de produtividade no trigo. Campo e Negócios, Uberlândia/Mg, p. 54–57, jul. 2018. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1104072/1/ID444402018n184p54CampoNegociosGraos.pdf. Acesso em: 07 abr. 2021.

PIRES, João Leonardo Fernandes; SANTOS, Henrique Pereira dos. PREPARO DO SOLO E PLANTIO. In: TRIGO do plantio a colheita. Passo Fundo/Rs: Embrapa Trigo, 2015. Cap. 4. p. 73–90. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/128604/1/ID-43068-2015-trigo-do-plantio-a-colheita-cap4.pdf. Acesso em: 07 abr. 2021.

BAUMGRATZ, Edilson Inácio; MERA, Cláudia Maria Prudêncio de; FIORIN, Jackson E.; CASTRO, Nídia Ledur Müller de; CASTRO, Roberto de. Produção de trigo A decisão por análise econômico-financeira. Revista de Política Agrícola, [s. l], v. , n. 3, p. 8–21, jul. 2017. Disponível em: https://seer.sede.embrapa.br/index.php/RPA/article/viewFile/1293/1063. Acesso em: 07 abr. 2021.

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Autora:

Arícia Ritter Corrêa, acadêmica do 5º semestre de Agronomia e bolsista PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.

Texto publicado em: https://maissoja.com.br/principais-aspectos-da-producao-de-trigo/

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