A silagem é um processo de conservação de forragens que visa atender as demandas alimentares de rebanhos animais, sendo a mais utilizada e conhecida a que tem por base o milho (Zea mays. L.). O processo básico envolvido é a fermentação em ambiente anaeróbico, ou seja, sem a presença de oxigênio (O2 ). A partir desse processo é possível conservar o material vegetal por longos períodos de tempo sem perda de valor e características nutricionais, garantindo um alimento palatável, com alta digestibilidade e valor energético, como observa-se na figura abaixo. Destaca-se ainda pela ampla oferta de cultivares híbridas de milho, a tecnologia aplicada à área e sua facilidade de cultivo e fermentação, já que não se faz necessária a utilização de aditivos.
Para a produção de silagem o agricultor deve se atentar a alguns parâmetros, como: a quantidade produzida de massa verde total, que deve estar em média acima de 50 toneladas por hectare; a qualidade, baseada no teor de grãos que compõem a silagem; as perdas que ocorrem durante a colheita, transporte, enchimento do silo, descarga do produto e fornecimento aos animais, girando em torno de 15%; o custo de produção, que deve estar abaixo de R$ 90,00 por tonelada de massa seca, bem como o acompanhamento de profissionais qualificados durante todas as etapas do processo produtivo.
Visando a obtenção de um padrão de qualidade de produção da silagem, o corte do milho deve ser realizado quando o teor de massa seca estiver entre 30 e 35%, o que ocorre cerca de 35 a 45 dias após o florescimento, ou seja, nos estádiosR5 e R5.5, com um teor de umidade em torno de 65%. Em situações em que o corte é antecipado, o rendimento da lavoura é afetado, bem como a eficiência da fermentação e a qualidade da silagem. Por outro lado, se o corte for tardio, haverá perdas durante o corte, problemas com a compactação da silagem e baixa taxa de fermentação. Em ambos os casos o valor nutricional da silagem é afetado e os animais tendem a consumir menos.
A granulometria da partícula de silagem influencia o consumo e a taxa de passagem pelo trato digestivo e varia muito devido ao tipo de equipamento utilizado, a potência do trator e as condições da colhedora. Uma vez que a partícula possui o tamanho ideal, entre 0,8 e 1,5 centímetros, favorece a compactação, a ruminação do animal é facilitada, aumentando a palatabilidade da silagem e, por consequência, o aproveitamento nutricional da mesma. Quando o tamanho das partículas de silagem não é adequado, a ruminação é prolongada e restam sobras no cocho, evidenciando o não aproveitamento dos nutrientes e ganho energético abaixo do ideal. Através da figura 2 é possível comparar dois tamanhos de partículas: na esquerda vê-se uma forragem de tamanho ideal e na direita partículas acima do tamanho indicado.
No que se refere a velocidade de enchimento do silo, este deve ser carregado em até 72 horas a partir do início do corte, com a formação de camadas com espessuras uniformes e bem compactadas. A vedação do silo é uma das etapas mais críticas do processo e deve ser realizada de forma a evitar a entrada de ar e animais que possam interferir no processo fermentativo, causando danos à qualidade da silagem. Quando ambas etapas são executadas corretamente, o valor nutricional da silagem pode ser semelhante ao da forragem verde. A realização da compactação adequada também é fundamental para a retirada do ar e favorecimento da ação dos microrganismos anaeróbicos, como demonstrado na figura 3. É através da compactação que as fases do processo fermentativo são controladas, favorecendo a ação das bactérias produtoras de ácido láctico e a diminuição do pH do material ensilado, além do controle da temperatura interna do silo.
Aliado a isso, a qualidade da silagem também está baseada na drenagem eficiente dos efluentes, na quantidade de carboidratos solúveis que compõem a silagem, no poder tamponante da massa ensilada e no tipo de silo utilizado na propriedade, seja ele do tipo trincheira, meia encosta ou de superfície, como na figura 4.
A produção de silagem, considerada o principal alimento volumoso para a complementação da dieta de rebanhos animais de leite e de corte, torna-se viável uma vez que propicia segurança alimentar e permite armazenamento do material vegetal sem perda de suas características, possibilitando a oferta de alimentação de qualidade nos vazios forrageiros. Todo processo produtivo deve estar atrelado ao custo da produção e controle de qualidade da silagem, de forma a aperfeiçoar o processo para as safras seguintes.
Referências:
D’Oliveira, P.S., Oliveira, J.S. Produção de Silagem de milho para suplementação do rebanho leiteiro. Embrapa, 2014. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105773/1/COT-74-Persio-Produ cao-de-Silagem-de-Milho-para-Suplementacao-do-Rebanho-Leiteiro.pdf de Miranda, J.E.C.; Resende, H; Valente, J.O. Plantio de milho para silagem. Embrapa, 2002. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/65326/1/COT-27-Plantio-de-milh o-para-silagem.pdf Carvalho et al. 7 passos para uma boa ensilagem de milho. Embrapa, 2015. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/138280/1/Sete-passos-milho.pdf
Autora:
Fernanda Maria Mieth Acadêmica do 4º semestre de Agronomia, Bolsista do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.
E-mail: fernandamieth@hotmail.com Telefone: (55) 9 9678–4540