O Brasil, como um dos maiores produtores mundiais de alimentos, tem a obrigação de qualificar pessoas e desenvolver ciência e tecnologia para participar da solução e das oportunidades mundiais no tema da seguridade alimentar.
Estima-se que em 2050, a população mundial ultrapassará a marca de 9 bilhões de pessoas, e com esse cenário faz-se necessário aumentar a produção de alimentos, tanto em quantidade quanto em qualidade, a fim de suprir a demanda futura. Existem duas maneiras de atingir esse objetivo: expandir a fronteira agrícola ou aumentar a produtividade. Como a primeira alternativa gera grande impacto ambiental, a segunda deve ser preferida, buscando a redução das lacunas de produtividade.
Entre as culturas cuja produtividade pode ser aumentada está a soja. Esta cultura ocupa uma posição de destaque na agricultura mundial com uma produção de 361 milhões de toneladas em 126 milhões de hectares. Brasil, Argentina e Paraguai, estão localizados na região subtropical da América do Sul e juntos representam 50% da produção mundial de soja, com 57 milhões de hectares cultivados, sendo a maior área de cultivo de soja no mundo. O Brasil possui importância significativa na oferta e na demanda da soja, sendo o segundo maior produtor e o maior exportador mundial, com uma produção de 114,80 milhões de toneladas, em 35,80 milhões de hectares e produtividade média de 3,20 Mg/há.
Entende-se como lacuna de produtividade a diferença entre a produtividade média atualmente obtida pelos agricultores e o potencial de produtividade disponível pelo ambiente, podendo ou não ser limitado por água (de acordo com o uso de irrigação). Os dois principais fatores que provocam as lacunas de produtividade no estado são a limitação por água e a data de semeadura.
Na cultura da soja os períodos mais sensíveis à deficiência hídrica são: germinação, emergência, florescimento e enchimento de grãos. Sendo assim, a distribuição uniforme das chuvas durante as fases de maior demanda de água (floração) e mais críticas à ocorrência de déficits hídricos (enchimento de grãos) determinam a variabilidade no rendimento de grãos.
A ótima disponibilidade de recursos ambientais está associada a época de semeadura, assim a diferença de produtividade entre épocas de semeaduras de maiores produtividades e épocas mais utilizadas pelos produtores pode ser definida como uma lacuna ambiental.
A data de semeadura estabelece o limite superior do potencial de produtividade da soja. A perfeita interação entre os fatores clima, manejo e genética permite o alcance do potencial produtivo. Estudos realizados em diferentes ambientes demonstram que 80% da variação na produtividade são causadas, em geral, pelo ambiente, enquanto apenas 20% da variação ocorrem em virtude dos efeitos de genótipo e da interação genótipo x ambiente.
Uma mesma cultivar semeada em diferentes épocas pode apresentar uma diferença de 1,2 Mg ha-1 de produtividade para um mesmo ambiente. Estudos relacionados às lacunas de produtividade ainda são incipientes em países em desenvolvimento, apesar da lacuna ser, teoricamente, muito maior que nos países desenvolvidos. Trata-se de um grande desafio, pois este aumento na produção de alimentos deve ser acompanhado da redução da degradação ambiental. Conhecer o comportamento dos diferentes GMRs ao longo de uma grande faixa de semeadura presente no sul do Brasil possibilita o melhor posicionamento das cultivares para condições específicas dos produtores, proporcionando a diminuição da lacuna existente com uma prática de manejo que não aumenta em custo para o produtor.
Autor:
Egnoname Octave Vincent Gbemenou, acadêmico do 3º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.
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