A cultura do trigo (Triticumaestivum L.) tem grande importância para o Rio Grande do Sul, ótima opção de cultivo de inverno e pode apresentar benefícios para as culturas posteriores como o controle de plantas invasoras, um grande teor de palhada e um bom retorno financeiro ao produtor. Isso porque o trigo é um dos principais cereais da alimentação humana e apresenta grande demanda de produção. No entanto, fatores como as doenças, podem comprometer seu rendimento, pois são difíceis de manejar, sendo essencial o uso de práticas integradas para o controle. Entre as doenças que acometem o trigo, podem ser citadas a giberela, o brusone, o oídio e a mancha amarela.
A giberela é causada pelo fung o (Gibberellazeae/Fusariumgraminearum), pode ser reconhecida pela descoloração das espiguetas e aristas deslocadas para fora das espigas. Apresenta dano ao rendimento e qualidade dos grãos. O brusone (Magnaportheoryzae/ Pyriculariaoryzae), afeta as espigas, reconhecida por causar a descoloração da espigueta acima do local onde houve a infecção, nesse local é possível observar um ponto escuro devido o rompimento de translocação de nutrientes.
O Oídio (Blumeriagraminis f. sp, tritici), é reconhecido na fase inicial, antes do perfilhamento. O fungo sobre as folhas apresenta um aspecto de pó branco ou cinza e abaixo desse pó a folha pode estar amarelada. Os esporos se desprendem com facilidade, podendo ser carregado pelo vento facilitando a disseminação do fungo pelas lavouras, essa doença é propícia em anos com poucas chuvas. A mancha amarela (Pyrenophoratriticirepentis/Drechsleratritici-repentis), no fim do ciclo pode fazer com que todo o limbo foliar fique necrosado caso a doença não seja controlada. A produção de trigo é muito prejudicada, pois a área fotossintética da folha é afetada. Essa doença é comum em plantio direto pois o fungo pode estar nos restos culturais. Em resumo, com exceção do oídio, as doenças são favorecidas em anos chuvosos e temperaturas elevadas, ao fim do texto é possível ver fotos dessas 4 doenças no trigo.
Nesse sentido, há diversas práticas que podem auxiliar no controle dessas doenças, fazendo uso do manejo integrado. Utilizar cultivares resistentes é uma opção, visto que o produtor pode conhecer quais as doenças mais comuns em sua área e há um vasto portfólio dessas cultivares. Além disso, utilizar sementes certificadas e realizar o tratamento de sementes (TS) é essencial, levando em conta que muitos patógenos podem estar no solo ou em restos culturais, com o TS é possível evitar que as sementes ou as plântulas sejam infectadas. A rotação de cultura é eficiente, pois muitos inóculos permanecem dormentes nos restos culturais, por isso deve-se utilizar culturas que não serão hospedeiras de fungos causadoresde doenças no trigo. Essa rotação de culturas deve ser feita com culturas de mesma época que o trigo. Outra prática para o controle da maioria das doenças citadas é o uso de defensivos químicos.
No entanto, devido a pressão de seleção associada ao uso contínuo de fungicidas, esses podem não ser eficientes no controle de doenças, tornando-se um investimento não rentável. Nesse caso, ao usar fungicida é necessário ter cuidados que evitem casos de resistências e prolongue a sua vida útil, para isso é importante a rotação de mecanismos de ação e usar produtos com efeito protetivo, isto é, fungicidas multissítios que agem em diferentes pontos do metabolismo do fungo ao mesmo tempo.
Em vista disso, é essencial que os produtores conheçam e saibam identificar as doenças, além de realizar o manejo integrado de doenças, levando em conta o uso em conjunto das práticas citadas no texto. Assim é possível evitar doenças, prolongar a eficiência dos fungicidas e evitar perdas de produção.
Referências:
SANTANA, Flávio Martins; LAU, Douglas; MACIEL, João Leodato Nunes; FERNANDES, José Maurício Cunha; COSTAMILAN, Leila Maria. Manual de Identificação de Doenças de Trigo. Passo Fundo: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2012. 48 p.
CASTRO, Ricardo Lima de et al. Informações Técnicas para Trigo e Triticale. Passo Fundo: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2018. 240 p. Disponível em: https://www.reuniaodetrigo.com.br/ download/ID44570–2018InfTecTrigoTriticale2019.pdf. Acesso em: 15 jun. 2020.
Autora:
Arícia Ritter Corrêa, acadêmica do 3º semestre de Agronomia e bolsista PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.
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