A soja (Glycine max (L.) Merrill) é uma cultura economicamente importante para o Brasil, a sua produção tem relação direta e indireta com vários setores como o de insumos e fertilizantes, transporte e logística, máquinas, áreas de tecnologia entre outros.
Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) o custo médio do país para uma lavoura de soja na safra 2019/2020 ficará em torno de R$ 2.788,04 por hectare, porém um levantamento realizado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (Fecoagro/RS) afirma que o custo da lavoura na safra 2019/2020 deve ficar em torno de R$ 3.388,37 por hectare no RS. Esses altos custos devem ser contrabalançados com a redução das perdas durante a safra.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os agricultores perdem no mínimo 2 sacos de soja por hectare somente na colheita, sendo que uma perda aceitável seria de 1 saco por hectares. No dia 9 de abril o preço da soja na Cooperativa Tritícola Sepeense (COTRISEL) e na Cooperativa Agrícola Mista Nova Palma (CAMPAL), duas cooperativas da região central do RS, estava 89 reais, nesse caso perde-se 178 reais por hectare somente na colheita se essa perda por de 2 sacos. Em vista disso, informações e práticas que reduzam essas perdas podem ajudar o produtor a ter uma maior rentabilidade da sua lavoura.
Nesse sentido, é possível classificar alguns fatores referentes às perdas em ordem cronológica, sendo antes, durante e depois da colheita. O primeiro fator é a colheita na hora certa, quando a maturação estiver no estádio fenológico R9, pois a partir desse momento podem ocorrer perdas pré-colheita, como a debulha natural. Existem também fatores morfológicos da planta que influenciam as perdas, são eles: a altura da planta, a baixa inserção das primeiras vagens e o número de ramificações. As plantas baixas tendem a ter suas vagens mais próximas ao solo ficando abaixo do nível da barra de corte, já com muitas ramificações as perdas tendem a crescer por conta da quebra de ramos que a colhedora não recolhe.
Já durante a colheita, as perdas são mais relacionadas a regulagem da colhedora. Esta é composta por três sistemas, conforme figura abaixo: o de corte, o de trilha e o de limpeza. Para que a máquina cumpra a sua função, todos esses sistemas devem estar bem regulados. Alguns fatores que levam às perdas na etapa de colheita são mais comuns.
A realização da colheita em velocidade inadequada é um desses fatores. O deslocamento da máquina deve ser ajustado em função da produtividade da cultivar e pela capacidade da máquina em recolher toda a parte cortada, que é variável entre cada colhedora.
O sistema de corte mal regulado é responsável por parte significativa do desperdício, podendo chegar a 80% das perdas de acordo com a Embrapa Nesse sistema, a velocidade do molinete deve ter uma atenção especial porque se estiver alta poderá resultar em queda de vagens no chão. A velocidade do molinete deve ser 15 a 20% maior que a da colhedora. Além disso, facas ruins e dedos das contranavalhas frouxos podem aumentar a vibração e ocasionar a queda de grãos para fora da máquina.
As perdas no sistema de trilha são menores em comparação ao sistema de corte, no entanto, podem prejudicar a produção de sementes por conta dos impactos mecânicos. Como o tegumento da semente de soja é frágil, são comuns sementes quebradas e outros danos que resultam numa diminuição da germinação.
No sistema de limpeza, o ajuste nas peneiras e ventilador é importante para evitar a eliminação de grãos com a palha ou a passagem de muita palha com a semente. Ainda, é necessário cuidado com a regulagem do sistema de transporte do grão, realizando o ajuste adequado na tensão das correntes e uma lubrificação adequada para reduzir a perda nas esteiras transportadoras.
A recomendação é fazer a regulagem da máquina colhedora antes das operações de colheita começarem. No entanto, durante a colheita podem ocorrer contratempos ou ser necessário verificar se as perdas estão na faixa aceitável. Nesses casos pode-se utilizar um método simples e prático: o Copo Medidor da Embrapa. A metodologia usada consiste em marcar uma área de dois metros quadrados após a passagem da máquina e coletar todos os grãos dessa área colocando-os em um copo transparente, como o da imagem abaixo, que tem a escala indicando diretamente a perda de grãos. Recomenda-se realizar essa medição em três pontos da lavoura, no mínimo. Essa é uma maneira rápida e eficiente para quantificar as perdas no momento da colheita e subsidiar a tomada de decisão quanto à necessidade de ajustes.
Portanto, quando se faz uma boa regulagem na máquina colhedora, acompanha-se e realiza métodos como o do copo medidor durante a colheita, é possível evitar perdas e assim aumentar rentabilidade da lavoura.
Autora:
Arícia Ritter Corrêa, acadêmica do 3º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.
Referências:
SILVEIRA, José Miguel; CONTE, Osmar. Determinação de perdas na colheita de soja: copo medidor da Embrapa. 1. ed. Embrapa: Embrapa Soja, 2013. 28 p. v. 1. E-book.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE SOJA (Brasil). CUSTO DE PRODUÇÃO: 2018/2019 2019/2020. In: CUSTO DE PRODUÇÃO DE SOJA : SAFRA 2018/2019 e 2019/2020. 1. [S. l.], 2019. Disponível em: https://aprosojabrasil.com.br/estatisticas-da-soja/custos-de-producao/. Acesso em: 24 mar. 2020.
FEDERAÇÃO DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (Rio Grande do Sul). Levantamento aponta custos de produção para soja e milho na safra 2019/2020. In: Levantamento aponta custos de produção para soja e milho na safra 2019/2020. 1. [S. l.], 26 jun. 2019. Disponível em: https://www.fecoagrors.com.br/single-post/2019/06/26/Levantamento-aponta-custos-de-produ%C3%A7%C3%A3o-para-soja-e-milho-na-safra-20192020. Acesso em: 24 mar. 2020.