Existem inúmeros fatores limitantes na produtividade da cultura da soja, como a falta de água, acidez do solo e fotoperíodo. Porém, a fertilidade do solo é um dos fatores mais importantes quando se pensa na produção dessa leguminosa, já que vários macro e micronutrientes definem inúmeros processos biológicos nos vegetais, ligados diretamente à produtividade da cultura. Entre eles, o fósforo (P) é um macronutriente que apresenta concentração natural muito baixa nos solos brasileiros, sendo um limitante da produtividade, já que atua na fotossíntese e no crescimento das plantas.
Os minerais fosfatados são estáveis termodinamicamente, interagindo com cargas que os deixam em forma lábil ou não-lábil. Os íons fosfato presentes na solução do solo podem se ligar fortemente aos óxidos e argilominerais presentes na fase sólida, sendo essa a forma não-lábil que é indisponível para as plantas, tal característica pode ser condicionada por baixo pH, pelo teor de argila e pela mineralogia dos solos, retendo parte considerável do nutriente aplicado via fertilizantes. Quando disponível, se encontra na forma lábil e é absorvido pelas raízes das plantas, como demonstrado na figura 1, sendo rapidamente envolvido nos processos metabólicos. Desempenha papel fundamental na formulação do ATP (Trifosfato de adenosina), a principal fonte de energia utilizada no aparato fotossintético, divisão celular e, consequentemente, no desenvolvimento da cultura da soja.
O fosfato possui alta mobilidade na planta e, em deficiência, é transportado para os órgãos mais novos. Desta forma, os sintomas da deficiência ocorrem, em um primeiro momento, nas folhas mais velhas da planta de soja, caracterizados por coloração amarelada (clorose) e posteriormente por manchas necróticas de cores marrom escura e roxa. Em casos mais graves, a planta apresentará baixo crescimento e floração, bem como a redução no número de grãos.
Existem uma série de manejos que podem e devem ser realizados pelo produtor para evitar a deficiência nutritiva de fósforo nas plantas. Por isso, ele deve realizar periodicamente análises de solo na sua área de lavoura, bem como a adubação recomendada para manter os teores do nutriente nos níveis adequados. Para tanto, amostras de solo devem ser coletadas na propriedade e encaminhadas para análises laboratoriais dos teores de fósforo no solo. Através dos resultados obtidos, aliado ao estudo das exigências nutricionais das culturas, o engenheiro agrônomo pode realizar sua interpretação e recomendar a adubação para cada situação específica.
Mediante análise e constatação de insuficiência na disponibilidade de P, e feita a correção prévia do pH do solo quando necessária, a adubação deve ser realizada na linha de semeadura ou incorporada em profundidade, devido à baixa mobilidade do nutriente no perfil do solo, para assim, maximizar a absorção pelas raízes da planta e elevar os teores até o nível adequado. A fosfatagem também pode ser aplicada a lanço, em superfície, porém ocorre dificuldade na incorporação desse nutriente no solo em períodos de estiagem ou perdas por escoamento superficial em períodos muito chuvosos, como constatado por Mumbach & Gatiboni (2020). Tais fatores podem acarretar na má distribuição do nutriente no perfil devido a sua dissolução e retenção na fase sólida, formando compostos menos solúveis e se limitando aos primeiros centímetros de solo.
Além da adubação, outras estratégias de manutenção dos teores de fósforo podem ser adotadas, como a utilização de forrageiras com o potencial de ciclar esse nutriente. Por exemplo o trigo sarraceno ou trigo mourisco (Fagopyrum esculentum Moench), utilizado como planta de cobertura por possuir potencial de extrair P a partir de fosfatos minerais e disponibilizá-lo no solo ao fim do ciclo.
“Além disso, o desenvolvimento de plantas de trigo sarraceno mais eficientes nutricionalmente constitui uma solução para aumento da produtividade e redução do custo de produção das culturas, pois esta planta extrai elementos menos solúveis e de mobiliza nutrientes de camadas de solo mais profundos, em função do crescimento e desenvolvimento do sistema radicular” (Araújo et. al., 2018).
Evidencia-se assim a importância deste nutriente para a cultura da soja, sendo vital para o crescimento da planta e insubstituível por quaisquer outros elementos. Desta forma, o produtor deve realizar frequentemente análises de solo com o intuito de observar os teores de Fósforo (P) na sua propriedade. Somente assim é possível gerar um diagnóstico prévio e completo para adoção do manejo adequado, afim de suprir as necessidades nutricionais da cultura, minimizando custos e visando uma máxima produtividade. Para mais informações, consulte um engenheiro agrônomo.
Referências:
ARAÚJO et. al. Doses e fontes de fósforo sobre o comportamento de plantas de trigo sarraceno, 2018. Disponível em: http://www.conhecer.org.br
Importância dos fertilizantes fosfatados e sua eficiência agronômica. Disponível em: https://revistacampoenegocios.com.br/importancia-dos-fertilizantes-fosfatados-e-sua-eficiencia-agronomica/
SFREDO & BORKERT. Deficiências e Toxicidades de Nutrientes em Plantas de soja. Embrapa, 2004. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/
MUMBACH & GATIBONI. Construção de perfil e modos de aplicação de fósforo em SPD, 2020.
RHEINHEIMER, D. S. et al. Ciclo biogeoquímico do fósforo, diagnóstico de disponibilidade e adubação fosfatada, 2020.
Autor:
Yuri Rafael Rissi, acadêmico do 4º Semestre de Agronomia e Integrante do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria .
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