Exploração da parte aérea da mandioca para produção de silagem
Eduarda Grün
A mandioca (Manihot esculenta, Crantz) é uma planta originária do continente americano, os povos nativos foram os responsáveis por sua disseminação, enquanto os portugueses a difundiram para o restante do mundo, especialmente a África e Ásia, que atualmente são os maiores produtores mundiais. Dada a sua rusticidade, sendo bem adaptada a solos com baixa fertilidade e eficiente no uso da água, essa cultura é tradicionalmente associada à agricultura familiar, voltada principalmente à produção para subsistência visando a diversificação da base alimentar.
Comumente a parte aérea da mandioca é perdida no campo durante a colheita das raízes, e somente uma pequena porção é utilizada na produção de manivas. Dessa forma, uma boa alternativa é o uso para alimentação animal em forma de silagem, melhorando a alimentação dos bovinos e reduzindo custos.
A ensilagem da mandioca deve ser feita antes da queda das folhas, pois estas representam a parte mais nobre, conferindo maior valor nutritivo. A parte aérea da mandioca, na forma de silagem, apresenta em média 25% de matéria seca e 12% de proteína bruta, enquanto a silagem de milho possui valores de 32,4% de matéria seca e 7,1% de proteína bruta. Destaca-se que a mandioca apresenta boas propriedades bromatológicas, podendo ser utilizada em alternância com outros alimentos e ainda ensilada juntamente com gramíneas, pois estas apresentam teores de proteína inferiores.
Recomenda-se o aproveitamento do terço final da planta, o restante, a cerca de 40 cm do solo é utilizado para multiplicação. Durante o processo de ensilagem, os fragmentos, que devem possuir de 1 a 2 cm, são acomodados nos silos e a cada 20 cm de material realiza-se a compactação do mesmo. É importante executar o processo de forma rápida, os silos devem ser cheios até que seu topo tenha formato abaulado, evitando o acúmulo de água sobre a lona utilizada na proteção.
A mandioca contém compostos químicos que geram o ácido cianídrico (HCN), cujos efeitos tóxicos podem resultar em danos neurológicos, podendo levar a morte dos animais. No entanto, o processo de ensilagem elimina as propriedades do ácido através da fermentação, podendo ser fornecida ao rebanho bovino sem problemas.
Por fim, mundialmente o Brasil é o segundo maior produtor de mandioca, onde os estados do sul produzem 20% do produto e a parte aérea não possui exploração comercial. Considerando que os subprodutos da mandioca têm grande fonte energética, podem ser usados para nutrição dos ruminantes, complementando a alimentação e otimizando a produção familiar. Mais informações podem ser adquiridas no seguinte endereço eletrônico: https:// www.milkpoint.com.br/colunas/thiago-fernandesbernardes/mandioca-uma-alternativa-como-recursoforrageiro-8199n.aspx
Publicado: Jornal Serrano 13/05/2019
Eduarda Grün
Acadêmica do 5º semestre do curso de Agronomia Universidade Federal de Santa Maria
Bolsista do grupo PET Agronomia
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