A artista Thais Oliveira da Rosa nos apresenta uma poética intitulada “Aprox(Si)mações: visualidades afro-brasileiras”, no Centro de Convenções. Thais problematiza a noção de autenticidade como identidade, ao ressignificar fotografias do século XIX, antepondo a sua própria sensibilidade.
A linguagem oscila entre a gravura e a pintura, desconstruindo a ilusão da definição.
As indeterminações se sucedem silenciosas.
O conjunto das imagens navegam entre a documentação da história e a realidade da ficção.
A exposição, individual, propõe uma tensão entre o afro e o brasileiro. Entre o preto e o branco, a transparência do espelho, impõe a imagem de nós mesmas/os. Ninguém é delineado. As linhas de Thais evocam a insinuação do traço.
Condenadas/os na liberdade do reflexo, nadamos em um espelho, no movimento das ondas da tela, surgimos como imagens. Um esquecimento acidental de nós mesmos e dos outros, acontece no espelho. São “Aprox(Si)mações”. No brilho do abismo, surge um rosto. É o nosso, capturado no fim do tempo. É o jogo que Thais nos propõe.
Mostrando-se, Thais esquiva sua própria memória. Não a perde. A memória nunca esteve presente.
Nessa ausência, a poética de Thais desvanece o sentido da visualidade.
Restam os traços de uma estética que nos prende inquieta.
Na (ex)posição de Thais, ela é a heroína da sua história, da sua poética, da sua obra, como arte.
Curadoria e apresentação
Rosa María Blanca Cedillo