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[GRITOS DO SILÊNCIO] Saúde mental acadêmica: pressão e rotina atribulada podem causar ansiedade, depressão e até síndrome de burnout

“É preciso que existam grupos de apoio dentro das universidades, com momentos e pessoas que acolham os estudantes”, afirma psicólogo



Foto: Kemyllin Dutra

Como você se sente em relação a si mesmo é um fator que influencia em todos os aspectos da vida: relacionamentos, vida pessoal, profissional e até mesmo nos estudos. Conforme mapeamento da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e do Instituto Ayrton Senna, aplicado na volta às aulas de 2021 em 642 mil estudantes paulistas, 18,8% dos entrevistados se sentiam totalmente esgotados e sob pressão e 13,6% relataram perda de confiança em si, dificuldade para se concentrar e sentimentos de tristeza. 

No contexto de pandemia, esses altos números podem ser explicados devido ao isolamento social que aumentou os índices de problemas emocionais, principalmente entre os jovens. Entretanto, a problemática não se resume a esse aspecto e não ficou para trás com o fim do período de combate à Covid-19 e suas complicações. 

Uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) entre 2022 e 2023 com 76.406 estudantes universitários norte-americanos apontou que 41% tinham sintomas de depressão e 36% de transtorno de ansiedade. Em 2023, a Revista Eletrônica Acervo Saúde publicou um levantamento que identificou prevalência da síndrome de Burnout em 60% dos 250 acadêmicos de medicina de uma universidade particular do Maranhão consultados. O estudo concluiu que a rotina acadêmica pode causar estresse crônico e, por consequência, o distúrbio.

Estudante de residência integrada em saúde na Escola de Saúde Pública (ESP), a psicóloga Ariane Minuzzi avalia o período de estudos como uma fase que pode gerar ou intensificar questões psicológicas. Para ela, a rotina pesada vivenciada durante a residência, a distância da família e a carga horária semanal elevada são agentes prejudiciais à saúde mental dos residentes. 

Além disso, a psicóloga cita que, em nosso sistema social, o valor dos indivíduos é ligado ao seu nível de produtividade, o que alavanca a sensação de mal-estar nas pessoas. “A escola, a residência e o meio acadêmico não fogem dessa lógica de que é preciso produzir, então é muito difícil quebrar esse paradigma, ele já está instituído”, declara.

Pressão por aprovação

O psicólogo clínico Rudinei Brum conta que atende muitos estudantes que estão se preparando para enfrentar maratonas de vestibulares e ENEM para adentrar a universidade. Segundo ele, uma das principais queixas desse público é a pressão por aprovação e a maioria dos diagnósticos aponta ansiedade.

Brum menciona que, por vezes, mesmo após conquistar a aprovação, o aluno ainda sente-se pressionado e a ansiedade é associada à necessidade de validação acadêmica e de destaque. O profissional elenca a distância da família e dos amigos e a falta de pertencimento como elementos que podem acarretar, além da ansiedade, depressão e síndrome de burnout ao longo do processo universitário.

Ele explica que a ansiedade gerada pela pressão pode levar à procrastinação. “Sentir um mal-estar que paralisa, não sentir-se bem consigo mesmo e não dar conta [de fazer as atividades] são sintomas de que a pressão está gerando uma ansiedade tão grande que tu fica preso e começa a procrastinar. A procrastinação é um sintoma da ansiedade, é um sinal vermelho”, alerta. 

O psicólogo recomenda que, ao notar esses sinais, o estudante busque ajuda profissional ou converse com alguém que talvez possa o auxiliar. “Procure uma pessoa para alcançar esse braço de ajuda e te tirar desse nervosismo que te acompanha diariamente no mundo dos estudos, seja pela pressão do resultado do cursinho ou já na vida acadêmica mesmo”, indica Brum.

Maneiras de fortalecer a saúde mental

Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE 2024) aponta que a saúde emocional está diretamente relacionada à qualidade de vida, à sensação de bem-estar e à capacidade de resolver problemas no dia a dia. Contrariando essa definição, a mesma pesquisa – feita com 180 países – revela que os estudantes brasileiros ocupam o segundo lugar no ranking de mais ansiosos.

Para amenizar os sentimentos de insuficiência e ansiedade, Brum entende que o primeiro passo é falar sobre o assunto. “É preciso que existam grupos de apoio dentro das universidades, com momentos e pessoas que acolham os estudantes. Espaços de conversa são essenciais para que eles possam expressar seus sentimentos e essa pressão de que é tudo novo para ele”, explica.

O psicólogo comenta, ainda, sobre a importância dos alunos conseguirem ter tempo livre para descansar e como isso auxilia no tratamento da ansiedade. Brum considera que atividades de relaxamento e autocuidado ajudam a tirar o foco dos resultados e das notas e a valorizar a interação entre os acadêmicos. 

Sobre o papel das instituições, o profissional sugere que sejam ofertadas oficinas de gestão de tempo para que o estudante não se sobrecarregue e saiba destinar um tempo para ficar com a família e amigos. Ademais, o psicólogo frisa que a psicoterapia faz bem a todos. “ Ela é como uma medicação: talvez tu nem acredite na medicação, mas se tu estiver exposto à medicação ela vai funcionar. A terapia é um suporte para o aluno manter a saúde mental durante os estudos”, conclui.

 

Myreya Antunes

Repórter do Gritos do Silêncio, estudante de Jornalismo pela UFSM. Contato: myreya.antunes@acad.ufsm.br

Edição e publicação: Kemyllin Dutra, repórter do Gritos do Silêncio, estudante de Jornalismo pela UFSM. 

Contato: kemyllin.dutra@acad.ufsm.br

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