O araribá é uma árvore da família das Leguminosas (Fabaceae) que encontra-se cultivada no Jardim Botânico da Universidade Federal de Santa Maria (JBSM).
Nome cientifico – Centrolobium tomentosum Guillem. exBentham.
Nomes populares – Araribá, araribá rosa, aribá, araruva, ararauba, carijó, iriribá rosa, putumuju, tipiri.
Nomes populares no exterior – Na Bolívia, tejeyeque. Entre os povos de língua inglesa, os araribás são conhecidos por árvores-porco-espinho ou porcupinetree, devido aos espinhos pontiagudos dos frutos(DIAZ, 1992).
Etimologia – O nome genérico – Centrolobium – vem do grego ketron: esporão e lobium: lóbulo, em alusão ao apêndice espinhoso ou esporão presente na base da sâmara (SOUZA, 1973); o epíteto específico –tomentosum– deve-se ao fato dessa espécie possuir indumento tomentoso, pêlos longos, densos e entrelaçados (OCCHIONI, 1975).
Descrição da espécie
São árvores semi-decíduas a decíduas (apresentando queda total das folhas no inverno), heliófitas, hermafroditas; espécie secundária a secundária tardia (PIÑA-RODRIGUES et al., 1997),climácica, exigente em luz (PINTO,1997). As árvores maiores atingem dimensões próximas de 30 m de altura em sua idade adulta, sua copa é ampla, larga e densifoliada, seu tronco é cilíndrico, reto, com sapopema basal.
Descrição botânica
As folhas são compostas, imparipinadas, alternas, folíolos irregularmente opostos ou alternos, flores com cálice castanho-escuro-tomentoso e corola amarelo-alaranjada, zigomorfas, diclamídeas, dispostas em panículasterminais. A epiderme externa do ovário desta espécie é unisseriada, apresentando tricomas secretores e tectores (SIQUEIRA & OLIVEIRA, 2000), apresentam o fruto do tipo sâmara.
A floração acontece de novembro a março, no Estado do Rio de Janeiro; de dezembro a junho, no Estado de São Paulo; de dezembro a abril, no Paraná; de janeiro a fevereiro, na Bahia, em Goiás, em Minas Gerais (BRINA, 1998), e no Distrito Federal. Os exemplares cultivados no JBSM florescem entre março e abril.
Os frutos amadurecem de abril a outubro, em Minas Gerais (BRINA, 1998) e no Estado de São Paulo; em junho, na Bahia; de junho a outubro, no Paraná; de julho a agosto, no Espírito Santo; de julho a setembro, no Estado do Rio de Janeiro.
Ocorrência natural
No Brasil, essa espécie ocorre nas seguintes Unidades da Federação (Mapa 1).
- Bahia (SOARES & ASCOLY, 1970; LEWIS, 1987; JESUS, 1988b).
- Distrito Federal (WALTER & SAMPAIO, 1998; PROENÇA et al., 2001).
- Espírito Santo (RUSCHI, 1950; MAGNANINI & MATTOS FILHO, 1956; IKEMORI & CAMPINHOS JÚNIOR, 1981; JESUS, 1988a; LOPES et al., 2000).
- Goiás (LIMA, 1983/85).
- Mato Grosso (OLIVEIRA FILHO & MARTINS, 1986; OLIVEIRA FILHO, 1989; PINTO, 1997).
- Minas Gerais (VIEIRA, 1990; BRANDÃO & ARAÚJO, 1992; BRANDÃO et al., 1993; BRANDÃO & GAVILANES, 1994; CARVALHO et al., 1996; MENDONÇA FILHO, 1996; BRINA, 1998).
- Paraná (WASJUTIN, 1958; MAACK, 1968; SILVA et al., 1995; TOMÉ & VILHENA, 1996).
- Estado do Rio de Janeiro (OCCHIONI, 1975; PIÑARODRIGUES et al., 1997).
- Estado de São Paulo (KUHLMANN & KUHN, 1947; NOGUEIRA, 1976; TOLEDO FILHO et al., 2000; BERTANI et al., 2001; SILVA & SOARES, 2002; TOPPA et al., 2004).
Essa espécie não ocorre de forma espontânea em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, como afirma Bastos (1952).
Mapa 01- Distribuição geográfica de Centrolobium tomentosum
Fonte: Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFLORA) – 2012-2013.
Utilizações
Muito utilizada no paisagismo e arborização de parques e jardins, na Bolívia é usada em sistemas agroflorestais e na produção de madeira (CRESPO et al., 1995). A madeira de araribá é utilizada na construção civil, naval, obras externas, carpintaria, marcenaria de luxo, móveis finos, postes, mourões, esteios, vigamentos para pontes, cercas, hélice de pequenos aviões, cabos de ferramentas e enxada. As cascas e raízes dessa espécie são tintoriais (BRAGA, 1976). Da casca, extrai-se corante cor-de-rosa ou carmim.
Na medicina popular são utilizadas as folhas e cascas: as cascas agem como forte adstringente e as folhas novas, pisadas ou maceradas, servem como emplastro na cobertura de feridas e contusões (CORREA, 1926; DIAZ, 1992).
Espécie de enorme potencial na restauração funcional e estrutural de ambientes ripários em locais com ou sem inundação temporária (DURIGAN & NOGUEIRA, 1990), e em faixa recuada da margem(SALVADOR & OLIVEIRA, 1989). A espécie é grande produtora de folhedo, contribuindo para o enriquecimento do solo (AIDAR & JOLY, 1995).
Está na lista vermelha de plantas ameaçadas de extinção no Estado do Paraná (PARANÁ, 1995).
O araribá é uma das árvores mais altas e elegantes do arboreto do JBSM, passe lá para conferir. Seu local no JBSM é o “Recanto do araribá”.
Texto elaborado por Cristian Juliano Ramos Pena – Acadêmico de Engenharia Florestal – UFSM/Bolsista PRAE do JBSM.
Referências bibliográficas
BRAGA, R. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará. Fortaleza: Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, 1960. 540 p.
DIAZ, P. Araribá (Centrolobium tomentosum Guillem. ex Bentham – Fabaceae): revisão bibliográfica de essência nativa de grande potencial silvicultural. Revista do Instituto Florestal, São Paulo, v. 4, pt. 2, p. 430-434, 1992. Edição dos Anais do 2º Congresso Nacional sobre Essências Nativas, 1992, São Paulo.
CORREA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Serviço de Informação Agrícola, 1926. v. 1.
SOARES, R. O.; ASCOLY, R. B. Florestas costeiras do litoral leste: inventário florestal de reconhecimento. Brasil Florestal, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 9-20, 1970.
WALTER, B. M. T.; SAMPAIO, A. B. A vegetação da Fazenda Sucupira. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 1998. 110 p. (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Documentos, 36).
RUSCHI, A. Fitogeografia do Estado do Espírito Santo. Boletim do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão: Série Botânica, Santa Tereza, n. 1, p. 2-353, 1950.
LEWIS, G. P. Legumes of Bahia. Kew: Royal Botanic Gardens, 1987. 369 p.
MAGNANINI, A.; MATTOS FILHO, A. de. Notas sobre a composição das florestas costeiras ao norte do Rio São Mateus (Espírito Santo, Brasil). Arquivos do Serviço Florestal, Rio de Janeiro, v. 11, n. 1, p. 163-188, 1956.
JESUS, R. M. de. A reserva florestal de Porto Seguro. In: CONGRESSO FLORESTAL ESTADUAL, 6., 1988, Nova Prata. Anais. Nova Prata: Prefeitura Municipal de Nova Prata: Meridional, 1988b. v. 1, p. 113-164.
IKEMORI, Y. K.; CAMPINHOS JUNIOR, E. Informações preliminares sobre o comportamento de jacarandá-da-bahia, peroba-amarela, pau-ferro e araribá na região do norte do Espírito Santo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FLORESTAS TROPICAIS, 1., 1981, Viçosa. Anais. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1981. v. 2, p. 425-430
PROENÇA, C. E. B.; MUNHOZ, C. B. R.; JORGE, C. L.; NÓBREGA, M. G. G. Listagem e nível de proteção das espécies de fanerógamas do Distrito Federal, Brasil. In: CAVALCANTI, T. B.; RAMOS, A. E. Flora do Distrito Federal, Brasil. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2001. v. 1, p. 89-359.
JESUS, R. M. de. A reserva florestal da CVRD. In: CONGRESSO FLORESTAL ESTADUAL, 6., 1988, Nova Prata. Anais. Nova Prata: Prefeitura Municipal de Nova Prata: Meridional, 1988a. v. 1, p. 59-112.
LOPES, J. C.; THOMAZ, L. D.; AREAS, H. A.; SILVA, D. M. Levantamento florístico e fitossociológico dos remanescentes de Mata Atlântica no Parque Nacional do Caparaó – Ibitirama – ES. In: CONGRESSO E EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL SOBRE FLORESTAS, 6., 2000, Porto Seguro. Resumos técnicos. Rio de Janeiro: Instituto Ambiental Biosfera, 2000. p. 325-326.
LIMA, H. C. de. Centrolobium Martiusex Bentham (Leguminosae – Papilionoideae): estudo taxonômico das espécies brasileiras extra-amazônicas. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 27, p. 177-191, 1983/85.
OLIVEIRA FILHO, A. T. de; MARTINS, F. R. Distribuição, caracterização e composição florística das formações vegetais da região da Salgadeira, na Chapada dos Guimarães (MT). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 207-223, 1986.
OLIVEIRA FILHO, A. T. de. Composição florística e estrutura comunitária da Floresta de Galeria do Córrego da Paciência, Cuiabá (MT). Acta BotanicaBrasilica, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 91-112, 1989.
PINTO, J. R. R. Levantamento florístico, estrutura da comunidade arbóreo-arbustiva e suas correlações com variáveis ambientais em uma floresta de vale no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. 1997. 85 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) -? Universidade Federal de Lavras, Lavras.
VIEIRA, M. C. W. Fitogeografia e conservação em florestas em Monte Belo, Minas Gerais: estudo de caso: Fazenda Lagoa. 1990. 129 f. Tese (Mestrado em Geografia) ?- Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
BRANDÃO, M.; ARAÚJO, M. G. Cobertura vegetal do Município de Belo Horizonte, MG. Daphne, Belo Horizonte, v. 2, n. 2, p. 5-12, jan. 1992.
BRANDÃO, M.; GAVILANES, M. L.; LACA-BUENDIA, J. P.; ARAÚJO, M. G. de; FERREIRA, F. B. D. Cobertura vegetal do Município de Sete Lagoas – MG. Daphne, Belo Horizonte, v. 3, n. 2, p. 21-38, abr. 1993
BRANDÃO, M.; GAVILANES, M. L. Cobertura vegetal da Microrregião 178 (Uberaba), Minas Gerais, Brasil. Daphne, Belo Horizonte, v. 4, n. 2, p. 29-57, abr. 1994.
CARVALHO, D. A. de; OLIVEIRA-FILHO, A. T. de; VILELA, E. de A. Flora arbustivo-arbórea de mata ripária do médio Rio Grande (Conquista, Estado de Minas Gerais). Cerne, Lavras, v. 2, n. 2, p. 48-68, 1996.
MENDONÇA FILHO, C. V. Braúna, angico, jacarandá e outras leguminosas de Mata Atlântica: Estação Biológica de Caratinga, Minas Gerais. Belo Horizonte: Fundação Botânica Margaret Mee, 1996.100 p.
BRINA, A. E. Aspectos da dinâmica da vegetação associada a afloramentos calcários na APA Carste de Lagoa Santa, MG. 1998. 105 f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
WASJUTIN, K. Dendrologia e chave prática para a identificação das principais árvores latifoliadas indígenas na Fazenda Monte Alegre, PR. Telêmaco Borba: Klabin do Paraná, 1958. 105 p. Não Publicado.
MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná. Curitiba: M. Roesner, 1968. 350 p.
SILVA, F. das C. e; FONSECA, E. de P.; SOARES-SILVA, L. H.; MULLER, C.; BIANCHINI, E. Composição florística e fitossociologia do componente arbóreo das florestas ciliares da Bacia do Rio Tibagi. 3. Fazenda Bom Sucesso, Município de Sapopema, PR. Acta BotanicaBrasilica, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 289-302, 1995.
TOMÉ, M. V. D. F.; VILHENA, A. H. T. Levantamento preliminar de fragmentos florestais no Norte do Paraná: subsídio para conservação florestal e formação de arboreto – Estrutura Horizontal. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE ECOSSISTEMAS FLORESTAIS, 4., 1996, Belo Horizonte. Forest 96: volume de resumos. Rio de Janeiro: Biosfera, 1996. p. 11-13.
OCCHIONI, P. Árvores seculares do Parque Nacional da Tijuca (Rio de Janeiro). Leandra, Rio de Janeiro, v. 5, n. 6, p. 5-31, 1975.
PIÑA-RODRIGUES, F. C. M.; LOPES, L.; BLOOMFIELD, V. K. Análise do desenvolvimento de espécies arbóreas da Mata Atlântica em sistema de plantio adensado para a revegetação de áreas degradadas em encosta, no entorno do Parque Estadual do Desengano (RJ). In: SIMPÓSIO NACIONAL DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 3., 1997, Ouro Preto. Do substrato ao solo: trabalhos voluntários. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1997. p. 283-291.
KUHLMANN, M.; KUHN, E. A flora do Distrito de Ibiti. São Paulo: Instituto de Botânica, 1947. 221 p.
NOGUEIRA, J. C. B. A flora do Município de Bauru. Silvicultura em São Paulo, São Paulo, v. 10, p. 45-54, 1976.
TOLEDO FILHO, D. V. de; BERTONI, J. E. de A.; BATISTA, E. A.; PARENTE, P. R. Fitossociologia de um fragmento Florestal à margem do Rio do Peixe, Município de Lindóia (SP). Revista do Instituto Florestal, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 37-45, 2000.
BERTANI, D. F.; RODRIGUES, R. R.; BATISTA, J. L. F.; SHEPHERD, G. J. Análise temporal da heterogeneidade florística e estrutural em uma floresta ribeirinha. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 11-23, 2001.
SILVA, L. A. da; SOARES, J. J. Levantamento fitossociológico em um fragmento de floresta estacional semidecídua, no Município de São Carlos, SP. Acta BotanicaBrasilica, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 205-216, 2002.
TOPPA, R. H.; PIRES, J. J. R.; DURIGAN, G. Flora lenhosa e síndromes de dispersão nas diferentes fisionomias da vegetação da Estação Ecológica de Jataí, Luiz Antônio, São Paulo. Hoehnea, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 67-76, 2004.
BASTOS, H. M. Contribuição para o conhecimento dendrológico das espécies do gênero Centrolobium. Arquivos do Serviço Florestal, Rio de Janeiro, v. 6, p. 125-186, 1952.
CRESPO, T. R.; MINNICK, G.; VARGAS, J. Evaluación de algunas leguminosas enel trópico de Cochabamba, Bolivia. In: EVANS, D. O.; SZOTT, L. T. (Ed.). Nitrogen fixing trees for acid soils: proceedings of a workshop. Morrilton: NFTA: WinrochInternational, 1995. p. 103- 112.
SOUZA, H. M. de. Os araribás ornamentais. O Estado de São Paulo, São Paulo, 2 dez. 1973. Suplemento Agrícola, p. 7.
DURIGAN, G.; NOGUEIRA, J. C. B. Recomposição de matas ciliares. São Paulo: Instituto Florestal, 1990. 14 p. (IF. Série registros, 4).
SALVADOR, J. L. G.; OLIVEIRA, S. B. Reflorestamento ciliar de açudes. São Paulo: CESP, 1989. 14 p. (CESP. Série divulgação e informação, 123).
AIDAR, M. P. M.; JOLY, C. A. Projeto Jacaré-Pepira. IV. Ecologia do araribá (Centrolobium tomentosum Guill. ex Benth – Fabaceae) e o ecótono ciliar da Bacia do Rio Jacaré-Pepira. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 46., 1995, Ribeirão Preto. Resumos. Ribeirão Preto: FFCLRP: Universidade de São Paulo, 1995. p. 320.
SIQUEIRA, A. C. N.; OLIVEIRA, D. M. T. Anatomia do ovário de Centrolobium tomentosum Guill. Ex Benth. (Leguminosae: Faboideae), com ênfase na ocorrência de tricomas. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 51., 2000, Brasília, DF. Resumos. Brasília, DF: Sociedade Botânica do Brasil, 2000. p. 121.