O Rio Grande do Sul, assim como várias regiões do mundo, tem enfrentado anomalias climáticas devastadoras e sucessivas nos últimos anos. Ainda sentindo os impactos das chuvas violentas de 2024, o estado agora também enfrenta a escassez hídrica, que causa grandes perdas produtivas e gera instabilidade no agronegócio.
A preocupação em superar os desafios de produzir alimentos em ambientes adversos motivou a empresa INGAL Agrotecnologia, parceira da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e incubada na Pulsar Incubadora Tecnológica, a desenvolver, em conjunto com as Pesquisadoras Leila Picolli da Silva e Tatiana Emanuelli, um hidroretentor orgânico, composto de biopolímeros vegetais, que recentemente foi objeto de transferência de Know-How entre UFSM e INGAL, e hoje compõe a formulação do produto comercial chamado Organic Bloom HydroProtect, que já está no portfólio da empresa. O produto chega ao mercado com muita força e reconhecimento, graças aos resultados e ao respaldo da instituição e de sua incubadora tecnológica.
Resultados iniciais do uso da tecnologia
Durante a fase de validação, os resultados do hidroretentor na mitigação do estresse hídrico em culturas agrícolas foram extremamente promissores. Estudos indicaram que o uso em pulverização foliar elevou em 9% a condutância estomática em alfaces. Em plantas de soja cultivadas em casa de vegetação, houve um incremento de 10,6% no teor relativo de água durante a fase R5.5.
Os primeiros testes em soja realizados na safra 23/24, demonstraram excelentes resultados no incremento de produtividade em condições extremas. Na safra 24/25, a tecnologia, já inserida em produto comercial, vem repetindo o êxito observado anteriormente, agora em produção escalonada. O uso do Organic Bloom HydroProtect em sulco de semeadura nas lavouras de soja colhidas no mês de janeiro, no estado de Goiás, resultou em incrementos que variaram de 7 a 10,58 sc/ha. Esses ganhos são atribuídos ao melhor enraizamento das plantas, ao suporte a microrganismos benéficos, especialmente fixadores de nitrogênio na rizosfera, e ao aumento na disponibilidade de nutrientes.
No trabalho realizado pela Dra. Jurema Rattes na Estação de Pesquisa AgroRattes, em Goiás, o uso de Organic Bloom HydroProtect superou as expectativas. Pulverizações sequenciais do produto na cultura do milho proporcionaram redução de 39% nos níveis de enfezamento, bem como melhorias nas características agronômicas, com incremento de 15,97 sc/ha. As tecnologias desenvolvidas pela UFSM e pela INGAL representam importantes contribuições para a melhoria da produtividade agrícola em tempos de desafios climáticos extremos.
Texto: Cristiane dos Reis, Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento na Ingal Agrotecnologia
Artigo publicado no Diário de Santa Maria em 31 de janeiro de 2025.