MONOLITOS DE SOLOS: procedimentos utilizados pelo Museu de Solos do Rio Grande do Sul
Um monolito de solo é uma secção vertical de um perfil de solo removido e montado para estudo ou exposição (figura 1). Dependendo do método utilizado para extração e conservação dos monolitos, pode-se manter diversas características morfológicas, como cor, estrutura, presença de raízes, concreções, nódulos e material primário, permitindo a visualização da sequência de horizontes, tipos de transições, impedimentos físicos ao uso dos solos, entre outros.
Os monolitos de solos são importantes porque permitem a observação de características morfológicas de diferentes solos em um mesmo ambiente, facilitando a aprendizagem dos estudantes sobre a Ciência do Solo. Esse é o exemplo do Museu de Solos do Rio Grande do Sul que apresenta uma coleção com os principais solos do Estado. Nestas coleções os monolitos podem ser estudados, analisados e comparados, representando uma ferramenta didática ímpar no ensino da Ciência do Solo.
A confecção do monolito de solo
A confecção do monolito de solo através do método utilizado pelo Museu de Solos do RS é realizada em cinco etapas que seguem: 1. preparação do material para coleta; 2. coleta do monolito; 3. preparação do monolito para impregnação; 4. impregnação do monolito (impermeabilização); 5. exposição e conservação do monolito.
1. Preparação do material para coleta
São importantes os seguintes materiais: ataduras de gaze, cola branca a base de PVA (mesma cola branca do tipo escolar), pincel para espalhar a cola uniformemente na forma e a preparação de uma pá reta. Em solos muito argilosos e profundos como alguns Latossolos, o uso de uma cavadeira pode auxiliar a retirada do monolito. Da mesma forma, o uso de um enxadão para retirada do solo já escavado pode acelerar o serviço. Também são necessários picareta, faca tipo punhal, fita adesiva do tipo crepe para prender as ataduras no monolito e prumo para verificar a inclinação do perfil.
2. Coleta do monolito de solo no campo
É importante ressaltar que os cuidados para seleção do perfil na coleta seguem aqueles descritos por Santos et al. (2005). Após esta limpeza, começa-se alisando a parede no sentido vertical. A parede do perfil deve estar perfeitamente plana, visto que somente assim ela entrará completamente em contato com a forma metálica, aderindo-se a esta. Após, encosta-se a forma na parede vertical e marca-se a sua largura e altura com um risco de faca.
Na sequência, escava-se a porção externa a marcação da faca (largura da forma) o suficiente para encaixar a própria forma (figura 2), neste momento ainda sem cola, pois é só para ajustar a forma ao solo. Se tudo estiver bem encaixado, passar cola em toda superfície interna da forma com o auxílio de um pincel. Passar cola sem diluição e em quantidade suficiente para garantir uma boa aderência e um futuro longo ao monolito.
A seguir, encaixa-se a forma, com cola no fundo e bordas internas, no solo que ficou saliente no perfil (monolito esculpido no perfil). Na sequência, escora-se a forma metálica e inicia-se a escavação com o máximo de cuidado. Escava-se um pouco, aproximadamente 15 a 20 cm, deixando uma porção de solo de aproximadamente 15 cm na frente da forma metálica e enrola-se todo o material (solo e forma metálica) com atadura de gaze de maneira que esta fique bem firme, fixando a atadura com fita crepe. Repete-se este procedimento até a base da placa metálica. Após a sua retirada, o monolito é transportado para o laboratório.
3. Preparação do monolito para impermeabilização
Primeiramente, retiram-se as ataduras e, com o monolito ainda úmido, realiza-se o rebaixamento final, deixando o solo aproximadamente na altura da forma metálica. É claro que a altura do monolito será ditada pela classe de solo, mais especificamente, pelo seu tipo de estrutura ou pela presença de concreções ou nódulos. Nesta etapa, também chamada de “limpeza”, deve-se ter o cuidado para não alterar a estrutura daqueles solos com estrutura bem definida. Nessa fase é necessária muita habilidade e principalmente paciência, pois manter a estrutura natural do solo é a garantia de um monólito de qualidade.
4. Impermeabilização do monolito
A impermeabilização do monolito é realizada através da sua impregnação com cola plástica branca a base de PVA. Esta fase é bastante lenta e deve ser executada com o maior cuidado, pois dela vai depender muito a durabilidade e a aparência do monolito. Os monolitos do Museu de Solos do Rio Grande do Sul – UFSM possuem 44 anos de exposição ao público e ainda se mantêm em bom estado de conservação, prova de que este método pode apresentar sucesso quando for executado de forma adequada, principalmente, na etapa de impermeabilização das peças.
A impermeabilização do monolito inicia-se logo após o término da limpeza fina, sempre com o monolito úmido. O mais importante nesta fase é a preparação da diluição da cola plástica branca. Estas diluições são preparadas em função da classe de solo e, à medida que a impermeabilização do monolito vai aumentando, as diluições devem aumentar. Não se pode esquecer que a cola precisa penetrar no solo e não formar uma crosta branca na sua superfície.
O tempo necessário para finalização de um monolito depende das características do solo, das condições ambientais durante o preparo, e das diluições efetuadas nas soluções de banho. É muito comum esta fase do processo demorar em torno de 15 a 20 dias. O monolito será considerado pronto para exposição, quando apresentar uma boa impermeabilização, que pode ser visualizada pela dificuldade de infiltração de água na sua superfície, ou, quando iniciar a formação de crostas brancas na superfície.
5. Exposição e conservação dos monolitos de solos
Após prontos, os monolitos podem ser dispostos em ambientes apropriados para a sua exposição e estudo. Em termos de conservação, o ambiente ideal é aquele onde os monolitos estejam protegidos do contato direto com os usuários, ou seja, onde exista uma barreira, como por exemplo, de vidro, evitando a depreciação dos monolitos pelo toque voluntário ou involuntário dos usuários. Além disso, uma proteção de vidro pode impedir a ação da poeira sobre as peças em exposição. A poeira pode alterar a cor e aumentar a umidade sobre a superfície dos monolitos, contribuindo para a sua degradação.
Mais informações e detalhes podem ser encontrados no livro “Confecção de monolitos de solos”. Este livro pode ser obtido gratuitamente no link abaixo.