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Projeto da UFSM desenvolve aeronaves e incentiva pesquisa científica



Para escutar o áudio da reportagem, clique abaixo:

Fotografia horizontal, colorida, em primeiro plano e no ângulo plongée, ou seja, de cima para baixo. Enfoca um modelo de avião em escala de pequeno porte, com asas nas cores amarelo com uma listra e detalhes em preto. Na asa do avião, há o número “209” no lado esquerdo e a escrita “UFSM” no lado direito. No centro da asa existe a ilustração de uma ave carrancho. O restante da estrutura é composto por madeira clara. A roda pequena, na parte da frente, é amarela, e a roda maior, na parte de trás, é preta. A estrutura do avião é composta por uma caixa transparente, que traz a fuselagem dentro. Na parte da frente, há uma hélice cinza. A aeronave está sobre um chão de calçamento cinza.
Protótipo de 2023 | Foto: Jessica Mocellin

 

Carancho é uma ave de rapina encontrada em todo o Brasil, conhecida pelo voo poderoso e sentidos aguçados. Há 20 anos, o Carancho Aerodesign, projeto de extensão da UFSM, surgiu com o propósito de desenvolver academicamente estudantes de engenharia nos diversos setores que envolvem a construção de uma aeronave em escala.

Vinculado ao Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM) e ao Centro de Tecnologia (CT), a iniciativa conta com cerca de 30 membros de diferentes cursos. Atualmente são acadêmicos de Engenharia Aeroespacial, Mecânica e da Computação, do curso técnico em Eletrônica e alunos do Ensino Médio Integrado do CTISM.

A equipe trabalha como uma empresa e existe uma divisão hierárquica entre capitães, gerentes de setor, membros e trainees, organizados nas seguintes divisões: Aerodinâmica, Desenho Assistido por Computador (CAD), Cargas e Aeroelasticidade, Estruturas, Engenharia de Sistemas, Estabilidade e Controle, Desempenho e Elétrica. Com o objetivo de desenvolver uma aeronave experimental para participar da competição anual de aerodesign da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), os estudantes realizam reuniões semanais para alinhar os setores e produção.

Hora de ganhar os céus

A competição SAE Brasil de Aerodesign é realizada no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, São Paulo. O evento conta com a participação de 80 equipes de universidades brasileiras e estrangeiras.

O regulamento é lançado anualmente, entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, e antes mesmo de alçarem voo as equipes já são avaliadas. Em julho, ocorre a entrega de um relatório sobre o projeto. A aeronave precisa estar pronta para voar em setembro e qualquer mudança feita após esse prazo precisa ser justificada.  A comprovação é feita por meio de um vídeo.

O Carancho participa da categoria Micro, que prevê aviões de pequeno porte com envergaduras de 1 a 2 metros. Para simular casos de ações humanitárias, como o envio de comidas ou roupas, os protótipos precisam extrair carga por paraquedas. As equipes podem ter até 25 membros.

Fotografia horizontal, colorida, em primeiro plano e no ângulo normal de um grupo de 19 estudantes. Eles estão em um ambiente interno com um teto de madeira, piso preto de porcelana e janelas ao fundo. Quatro pessoas estão abaixadas na frente do restante que estão segurando duas bandeiras: uma grande bandeira do Rio Grande do Sul, que é verde, vermelha e amarela com um brasão no centro, e uma bandeira menor na cor amarela que diz "Carancho UFSM" com um desenho de um pássaro.
Equipe na competição

Impacto na vida acadêmica

O Coordenador do Carancho, Professor Gilmar Fernando Vogel, frisa que os estudantes são incentivados a fazer pesquisas acadêmicas e  escrever artigos para a revista Engenharia Automotiva e Aeroespacial da SAE Brasil. Ele afirma que todos os anos os alunos devem produzir trabalhos para a Jornada Acadêmica Integrada da UFSM (JAI).

O capitão técnico da equipe, Kassio Kochann, aluno de Engenharia Aeroespacial, conta: “Tudo o que eu sei sobre os detalhes da construção de uma aeronave é por causa do Carancho”. A capitã administrativa, Maria Eduarda Caldas, também acadêmica de Aeroespacial, diz que o projeto estimula o trabalho em grupo e ensina a lidar com pessoas.

A participação na equipe, oferece oportunidades significativas também na vida profissional. Muitos ex-membros conseguiram empregos em empresas de destaque por meio da visibilidade nas competições. Exemplos são: Airbus, Azul Linhas Aéreas Brasileiras (Azul), Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer) e Latin American Airlines (LATAM).

O egresso de Engenharia Aeroespacial, Fortunato Neto, foi membro e capitão do Carancho de 2016 até 2019. Desde 2022 trabalha na Boeing – empresa americana considerada uma das maiores do mundo na construção de aeronaves -, o ex-membro diz que participar da equipe trouxe uma perspectiva de engenharia na prática que não é visto na sala de aula.  “Isso foi extremamente importante para o meu desenvolvimento profissional e interpessoal de relacionamento. Sem dúvidas foi um diferencial para a minha carreira”, explica.

Fotografia horizontal, colorida, em primeiro plano e com ângulo normal de dois estudantes agachados ao lado de um avião de pequeno porte. O avião é amarelo com detalhes em preto nas asas, caixa da fuselagem transparente e hélice cinza. O avião está sobre um banco de madeira. Do lado esquerdo do avião, um homem branco, de cabelo castanho escuro, curto e levemente ondulado. Ele está na faixa etária dos 20 anos. Usa óculos de sol preto e veste moletom preto com detalhe na cor amarela no capuz. Do lado direito do avião, uma mulher de pele branca, com cabelos longos, lisos e castanho escuro. Ela está na faixa etária dos 20 anos. Usa óculos de sol marrom e veste camiseta preta de manga curta, com três listras em amarelo, vermelho e verde no ombro esquerdo, e uma ilustração de ave no lado direito. Ao fundo, gramado e passeios de concreto cinza.
Capitães Kassio e Maria Eduarda | Foto: Jessica Mocellin

Futuro à Vista

O processo seletivo para novos membros é aberto todo semestre. São efetivados aqueles que se mostram disponíveis e comprometidos ao longo do tempo. Experiência não é um diferencial. “Queremos que as pessoas novas entrem e aprendam, para passarmos o Carancho como herança”, relata Maria Eduarda.

Gilmar conta que um dos principais objetivos é conseguir levar aeronaves para todas as categorias da competição da SAE, com destaque para a classe Advanced (avançada), o que abrirá portas para a participação de pós-graduandos.

Fotografia horizontal e colorida, em primeiro plano e com ângulo normal de um estudante que mexe em um avião de pequeno porte. A aeronave está sobre uma bancada branca, tem cor amarela com detalhes em preto. O estudante é um homem de pele branca, tem cabelo castanho, liso e curto. Ele veste um moletom preto com detalhes em amarelo no capuz. Usa óculos e está com as mãos no avião. Ao fundo, outras bancadas e uma parede branca.
Capitão com avião | Foto: Jessica Mocellin

Preparativos para este ano

Em 2024, ocorre a 26ª  edição do evento, que terá início em 30 de outubro e vai até o dia 3 de novembro. 

1º dia – Apresentações orais e recebimento das notas do relatório entregue em julho, que vale de 40 a 50% da nota do projeto.

2º, 3º e 4º dias – Competições de voo. Pesos são acrescentados aos aviões a cada voo para ajudar a avaliar o desempenho.

As competições trazem problemas reais enfrentados pela indústria aeronáutica. Vencem os projetos com melhor concepção e desempenho.

Ao todo, 21 equipes estão inscritas para disputar a categoria Micro. No ano passado, os santa-marienses ficaram na 11ª colocação entre 19 participantes. O último campeão é a MicroRaptor, time da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Fotografia horizontal, colorida, em primeiro plano e no ângulo normal. Enfoca um modelo de avião em escala de pequeno porte, com asas nas cores amarelo com uma listra e detalhes em preto. No centro da asa existe a ilustração de uma ave carrancho. O restante da estrutura é composto por madeira clara. A roda pequena, na parte da frente, é amarela, e a roda maior, na parte de trás, é preta. A estrutura do avião é composta por uma caixa transparente, que traz a fuselagem dentro. Na parte da frente, há uma hélice cinza. A aeronave está sobre uma mesa branca fundo, outras bancadas e uma parede branca.
Avião | Foto: Jessica Mocellin

Reportagem: Alexandre Viera La Bella e Gabriele Araujo Mendes

Contato: alexandre.bella@acad.ufsm.br/gabriele.mendes@acad.ufsm.br

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