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Há seis anos, a UFSM publicou uma resolução que determinava a proibição de venda de bebidas alcoólicas no Campus. Sem o lucro desse comércio, as festas universitárias nos espaços da UFSM se tornaram inviáveis. A resolução N.026/2018, que determinou a proibição, tem base na Política Nacional sobre o álcool, e visava mitigar os impactos do alcoolismo na comunidade acadêmica. Com isso, foi necessário alterar os locais das festas e consequentemente, o valor do investimento por parte das associações de turma.
Com o aumento de gastos, começaram a se criar grupos maiores e com experiência na organização de eventos. Um exemplo é as atléticas universitárias, grupos que antes ficavam restritos a alguns centros estudantis e com foco em eventos esportivos. A diretora de esportes e eventos da atlética do curso de Relações Internacionais, a ‘Anárquica’, Larissa Locatelli, menciona que os valores atuais de organização de uma festa giram em torno de R$ 17 mil.
A nova configuração fez com que outras partes da Universidade passassem a olhar a formação de atléticas como forma de manter as festas. Anteriormente, as associações de turma eram as responsáveis por essa organização, porém num momento posterior as atléticas começaram a ocupar esse espaço. Uma das razões era o fato das atléticas previamente estabelecidas terem diretorias especializadas para eventos. Isso aumentava a capacidade de angariar recursos e viabilizar os novos gastos, além do uso de parcerias com outros grupos através de ações em conjunto ou patrocínios, o que não era tão comum em outros tempos.
Dois dos cursos que resolveram investir nesse modelo foram os Relações Internacionais e Fisioterapia. Eles criaram suas atléticas em 2019 e 2020, respectivamente, e realizam eventos através do modelo de parcerias. Exemplos são as festas Rino Dusa, parceria entre as atléticas de Relações Internacionais e Fisioterapia, e a Se ela dança eu danço, organizada pelos grupos do Direito e Relações Internacionais.
Planejamento
As festas começam a ser planejadas com meses de antecedência, pois demandam uma série de atividades. Para o coordenador da ‘Medusa’, Pedro Ribas, a organização, em geral, é bastante trabalhosa e envolve a procura por prestadores de serviço, distribuidores de comida e bebida. ´”A negociação com atrações e o local é algo que gira em torno de 45 a 60 dias de organização”, afirma Pedro.
Larissa Locatelli reitera que a principal razão para essa parceria é a dificuldade para se pagar o custo inicial das festas. Segundo ela, o evento costuma dar lucro, mas os custos para a realização costumam ser altos demais para uma atlética sozinha conseguir dar conta. No entanto, um outro fator levantado por ela como chave para a iniciativa de parcerias, foi a integração entre diferentes grupos, que ela explicou abaixo:
“Eu gosto, particularmente, de fazer festa em conjunto, justamente pela integração com outras pessoas, outros ambientes, muda um pouco em relação às RI, e assim realizamos uma gama de contatos com diferentes grupos”
A divulgação das festas é dividida em duas frentes: a presencial, com destaque para as ações realizadas nos restaurantes universitários, e a digital, focada nas ativações por redes sociais. A diretora de marketing Bárbara Matté Puhl, conta que a maior parte das vendas ocorrem por meio digital, mas que as vendas físicas também são significativas e destacou o engajamento do próprio curso como fator de sucesso.
Reportagem: Rodrigo Praxedes Aarão
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