Os esportes na vida de uma pessoa com deficiência podem representar uma oportunidade de mudança. Arquimedes da Silva, de 62 anos e atleta de modalidades paralímpicas da UFSM, vivencia a prática de esportes e a participação de eventos proporcionados pela universidade: “Esse é um dos melhores momentos para demonstrarmos às pessoas que o deficiente físico não pode ficar parado”, expressa com entusiasmo, após uma partida de basquete. Além das atividades melhorarem a saúde física, auxiliam na sociabilização entre pessoas com e sem deficiência e também as torna mais independentes no seu dia a dia.
O ritmo do movimento paralímpico chega à UFSM por meio de diferentes modalidades ofertadas na instituição. Há mais de 15 anos são disponibilizadas inúmeras atividades monitoradas por professores e acadêmicos para a prática esportiva, através de projetos como os desenvolvidos pelo Núcleo de Apoio e Estudos da Educação Física Adaptada (NAEEFA). Cerca de 200 alunos participam de projetos integradores que acolhem pessoas com deficiência. Goalball, basquete em cadeira de rodas, atividades aquáticas e handebol são alguns exemplos de esportes ofertados pela Universidade.
A procura pelas modalidades paralímpicas tem aumentado. Conforme a coordenadora do Programa Segundo Tempo Paradesporto, Luciana Palma, existe lista de espera em algumas categorias, em função do próprio tipo de atividade que é desenvolvida. “É importante saber os esportes que as pessoas procuram para podermos proporciona-los e os atletas se encontrarem nos projetos”, explica. Conforme a própria coordenadora relata, as práticas na piscina são as mais desejadas pelo público. Todas as segundas e quartas-feiras são realizados encontros do programa “Piscina Alegre”, que reúne alunos de todas as idades. Eles descobrem, a cada aula, que as atividades aquáticas, além de divertidas, estimulam melhorias nos domínios do corpo.
Aprendizados do Goalball
Dentre os esportes disponibilizados pela Universidade, o goalball foi desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência visual, ao contrário de outras modalidades paralímpicas que são adaptadas: “Aqui na Universidade eles conseguem participar do goalball, realizando uma atividade física que tem benefícios como qualquer outra”, afirma o professor de Educação Física da UFSM, Mateus Manchini. Ele enfatiza que muitos alunos nunca tiveram acesso à educação escolar e almeja que o projeto continue, que seus alunos passem a entender melhor sobre os benefícios e conceitos físicos apresentados e levar esses aprendizados para vida cotidiana.
As modalidades do projeto têm aulas ministradas por acadêmicos de cursos como Educação Física, Terapia Ocupacional, Fisioterapia e Medicina. Para se tornar monitores, os discentes devem fazer um curso de formação. No primeiro semestre de 2023, 40 estudantes participaram das monitorias.
Em ritmo de festival
Ações como o Festival Paralímpico fazem parte das iniciativas esportivas que acontecem na Universidade. Em 2023, a instituição foi sede do evento pelo segundo ano consecutivo e proporcionou a prática de esportes adaptados para pessoas com e sem deficiência. O festival é uma promoção do Comitê Paralímpico Brasileiro e Loterias Caixa e tem o objetivo de propiciar a inclusão social por meio do esporte. O atleta Arquimedes é amante da prática de atividades físicas e valoriza a importância do incentivo esportivo através da instituição: “Eu colhi apenas benefícios no momento em que comecei a participar dos projetos da universidade”, conta.
Além da disposição e interesse dos próprios esportistas, o incentivo da família, amigos e responsáveis é essencial para que os atletas sintam segurança para começar novas atividades. Maria Iris é mãe de Brian – atleta de 23 anos com paralisia cerebral. A mãe conta, com emoção, que a procura pela prática do paradesporto foi uma iniciativa do filho: “Ele gosta, e não só por praticar, mas também de interagir com outras pessoas, fica bem ansioso e pergunta quando vão ocorrer as atividades. É muito bom, nós como família ficamos felizes de vê-lo feliz”.
No contexto do movimento paralímpico, testemunhamos atletas como Arquimedes e Brian, que não permitem que suas limitações os confinem e transformam desafios em motivação. Arquimedes menciona que quando uma pessoa com deficiência física fica parada, pode adoecer: “E por que fica doente? Porque não tem uma atividade, um motivo para se mexer e sair da cama”, conta o atleta.
Reportagem: Manuella Silveira e Yasmin Matos
Fotos: Manuella Silveira
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