Em um ambiente acolhedor, de troca de ideias, música e risos, o projeto Pró-Saúde oferece atividades físicas para toda a comunidade santa-mariense. Acompanhadas por acadêmicos e profissionais das áreas da saúde, os encontros vão além de simples visitas periódicas ao proporcionar momentos de amizade, descontração e auxílio em tratamentos de dores musculares.
Localizado no Centro Desportivo Municipal (CDM) – conhecido como Farrezão -, o Pró-Saúde tem como objetivo principal promover saúde e qualidade de vida de forma gratuita. Após firmar parceria com a Prefeitura Municipal, deu início às suas atividades, em 2018. Idealizado pela professora de Educação Física da UFSM, Luciane Sanchotene, o projeto de ensino, pesquisa e extensão do Núcleo de Estudos em Medidas e Avaliação dos Exercícios Físicos e Saúde (Nemaefs) da UFSM conecta a vida universitária e a comunidade. A estudante de Fisioterapia, Djenifer Rodrigues, responsável por quatro turmas de pilates do projeto, afirma que levar o conhecimento aprendido em sala de aula para a comunidade é uma das qualidades mais interessantes. Para quem está em formação a iniciativa serve como laboratório de ensino. A acadêmica do 5º semestre de Educação Física, Camile Baldoni, é voluntária e se sente beneficiada pelo projeto: “Eu cresci muito além de profissionalmente, cresci humanamente”.
O Pró-Saúde tem uma equipe interdisciplinar e multiprofissional formada por acadêmicos das áreas de Educação Física, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Nutrição, Medicina e Psicologia, e beneficia cerca de 2400 pessoas. O projeto oferece 13 modalidades e tem como particularidade atividades específicas para pessoas com doenças crônicas não transmissíveis. Dessa forma, desempenha um papel importante na promoção da saúde. A prática regular de atividades físicas, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), oferece benefícios significativos na prevenção e tratamento dessas doenças. No entanto, de acordo com a OMS, 23% dos adultos não atingem as recomendações mínimas durante a semana.
Antes de iniciar as aulas, os participantes passam por uma avaliação física, antropométrica, neuromuscular e comportamental. São analisados fatores como nível de estresse, percepção subjetiva da dor, resistência muscular e flexibilidade. Essas informações servem para prescrever os melhores exercícios e antecipar possíveis riscos e doenças crônicas.
Fibromialgia e gestantes
Um diferencial do projeto são as atividades voltadas para pessoas com fibromialgia, síndrome que afeta a musculatura e causa dor intensa, rigidez muscular e depressão. Após a abertura de turmas para pessoas com doenças reumáticas (condições que acometem o sistema locomotor), houve grande procura por atividades específicas para fibromiálgicos. Com o intuito de oferecer um tratamento adequado, o projeto implementou atividades terapêuticas aquáticas, especialmente desenvolvidas para atender às necessidades desses alunos. As aulas são orientadas pela professora e fisioterapeuta Ângela Zanella e têm como propósito o alívio dos sintomas, o fortalecimento da musculatura e a melhora do humor e do convívio social.
Essa teia de benefícios não para por aí. A professora comenta: “O paciente vai se sentir mais disposto, vai ter um melhor convívio familiar e isso vai impactar diretamente na rotina das famílias. A pessoa tende a ser mais produtiva”. Ângela ainda inclui a melhora dos sintomas depressivos, a redução do uso de medicamentos e, consequentemente, a menor dependência do SUS.
Outra particularidade do projeto é uma turma para gestantes de risco habitual – que não apresentam complicações que afetam a gravidez. As mulheres recebem informações sobre mudanças corporais, vias de parto, cuidados com o bebê, amamentação e sexualidade por meio de rodas de conversa. Nelas, acontecem trocas de experiências entre gestantes e profissionais da saúde, que constroem um ambiente acolhedor. “É muito gratificante saber que a gente participa desse momento tão especial da vida das mulheres”, comenta a fisioterapeuta e professora da turma, Melissa Braz. A prática regular de exercícios físicos durante a gravidez traz benefícios tanto para a mãe quanto para a criança. São realizadas atividades específicas para diminuir dores na região lombar, inchaço das pernas e braços, edemas e diástase. Também evitam o risco de desenvolvimento de pressão alta e diabetes gestacional.
Expansão
As atividades não ocorrem apenas no Farrezão. Com o objetivo de atender o maior número de pessoas, o Pró-Saúde também acontece no Ginásio Oreco, na Tancredo Neves, o Clube 21 de Abril, no Itararé e o Centro de Educação Física e Desporto (CEFD) da UFSM.
Com sete turmas, o pilates é o mais procurado. A cada aula, as atividades são direcionadas para uma área específica do corpo, sem deixar de trabalhar alongamento, mobilidade, força e respiração. Eneida Posser participa do grupo de pilates há um ano e meio e comenta como as aulas impactam diretamente na sua vida. “Mudou bastante minha postura, equilíbrio e flexibilidade”.
Diante da procura pela ginástica rítmica, ofertada apenas para crianças a partir de quatro anos, foram abertas três turmas. A modalidade faz parte do Pró-Saúde Kids, criado para oferecer momentos de diversão e lazer para os pequenos ao mesmo tempo em que promove uma série de benefícios para a saúde. Durante as aulas, são trabalhados o desenvolvimento motor e flexibilidade das crianças, além de estimular o aspecto social e psicológico que proporcionam confiança e troca de vivências.
Reportagem: Maria Francisca de Mello, Mariana Rodrigues e Samara Debiasi
Contato: mariafranciscamello24@gmail.com / mariana.rodrigues@acad.ufsm.br / samara.debiasi@acad.ufsm.br