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SUSTENTABILIDADE PARA UM MUNDO MELHOR

Embalagem biodegradável, bioherbicida, e estudo sobre as abelhas sem ferrão são projetos da UFSM como alternativas para preservar o meio ambiente.



De acordo com o relatório de 2023 feito pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), há mais de 50% de chance da temperatura global atingir – ou ultrapassar – 1,5ºC até 2040. Além disso, a maior causa da crise climática é a utilização de combustíveis fósseis, junto ao carvão e ao carbono. 

Assim, é de extrema importância que alternativas para as fontes poluentes sejam criadas. Exemplos disso podem ser vistos nos estudos desenvolvidos na UFSM, uma instituição com mais de 200 projetos que apresentam soluções sustentáveis por meio da pesquisa científica. Entre eles estão iniciativas que buscam substitutos para o plástico, como uma embalagem à base de colágeno e óleos essenciais, um herbicida que reduz o uso de agrotóxicos, e uma pesquisa sobre a meliponicultura – prática de criação das abelhas sem ferrão.

Fotografia horizontal e colorida de uma mulher de pé em um laboratório. Ela sorri, tem pele branca, rosto redondo, olhos escuros e cabelos lisos, compridos e na cor loiro escuro. Usa óculos de grau com armação e veste jaleco branco sobre blusa florida. Ela segura uma embalagem amarela e transparente, um pedaço de carne vermelha crua embalado a vácuo Ela está atrás de uma bancada de mármore cinza, na parte inferior da foto, em que há materiais de laboratório, como dois béqueres com um líquido branco, um tubo de ensaio e três placas de petri com pó branco dentro, além de outras embalagens abertas. Ao fundo, armários de cor cinza e uma geladeira de cor preta.
Suslin Raatz com a embalagem sustentável no laboratório do Centro de Ciências Rurais (CCR). | Foto: Júlia Almeida

Embalagem Biodegradável

Altamente prejudicial ao meio ambiente, o plástico representa 85% dos resíduos que chegam aos oceanos, segundo relatório da ONU de 2021. Será que podem existir alternativas menos poluentes que o plástico? O projeto da doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, Suslin Raatz Thiel, apresenta uma embalagem biodegradável à base de colágeno e óleos essenciais. De maneira contagiante, ela contou como foi o processo e as dificuldades encontradas durante o desenvolvimento do produto, que em um mês se degrada no solo. 

A ideia do uso de óleos essenciais surgiu da paixão da pesquisadora pelo material, ainda na graduação. Devido ao odor e sabor forte, esta substância se tornou inviável para utilização direta na alimentação. Desta forma, sua aplicação foi pensada em uma espécie de embalagem, que, somente após um ano de testes, chegou à formulação atual. Composta pelo uso de fibras de colágeno bovino – extraídos de pele, couro e ossos – misturado ao álcool polivinílico biodegradável, o produto é parecido com embalagens à vácuo.

Foi realizado um teste qualitativo, em que esse material foi enterrado no solo, para ver quanto tempo demoraria para se degradar. “Em seis a nove dias, já começa a se degradar, em torno mais ou menos, de um mês ele já se degrada”, comenta Suslin. Além de resistente e biodegradável, pode aumentar a conservação dos alimentos. “É uma embalagem ativa, que tem atividade antimicrobiana e antioxidantes. Então ela pode também aumentar o tempo de vida da prateleira dos produtos”, explica a doutoranda. 

O entusiasmo é aparente no olhar e nos gestos de Suslin, que expõe com orgulho a pesquisa que desenvolveu. Ela explica que todas as análises foram feitas na UFSM, e que é uma ideia inovadora dentro do departamento: “No início, a minha orientadora na época, ficou um pouco receosa de começar esse projeto. Porque nós não tínhamos uma estrutura, mas então eu consegui fazer umas análises ali no departamento de engenharia mecânica, na engenharia química, então foi acontecendo”. Suslin ainda destaca a importância da divulgação dessas pesquisas.“Eu acho que cria um sentimento nas pessoas de cuidar melhor do planeta, de que é possível. E principalmente que aqui, dentro das universidades públicas, se faz muita pesquisa de qualidade”, declara.

Fotografia horizontal e colorida de seis placas de petri com fungos dentro. Elas estão dispostas em duas fileiras. O fungo tem cor verde acinzentado e textura de bolor. As placas estão em uma geladeira de laboratório, que é branca e tem manchas amareladas nas extremidades.
Fungos em geladeira do laboratório do Centro de Ciências Rurais (CCR) | Foto: Gabriel Barros

Bioherbicida

Um projeto feito na UFSM desenvolve o que pode ser o primeiro bioherbicida registrado do Brasil. A alternativa sustentável faz parte dos estudos do docente nos Programas de Pós-Graduação em Engenharia Química e Engenharia Agrícola da UFSM, Marcio Mazutti. O pesquisador explica que herbicidas são produtos químicos utilizados no controle de ervas daninhas e contém uma substância chamada glifosato, o qual muitas plantas estão se tornando resistentes.

Segundo Marcio, a ideia é ter um substituto para o glifosato, e explica que essa é a área mais carente em relação ao desenvolvimento ecológico: “Existem produtos biofungicida, bioinseticida, bio organismos para fertilidade do solo, mas hoje não tem nenhum bioproduto para controle de plantas daninhas”. Ele também relata que, como o país tem uma agricultura tropical, o crescimento destas plantas é muito rápido, o que ocasiona o grande uso de agentes químicos para realizar o controle. Assim, o bioherbicida se apresenta como uma alternativa sustentável que pode evitar uma série de problemas, inclusive em relação à saúde pública. “Eu acho que tudo é um equilíbrio entre os dois. Se ele conseguir simplesmente reduzir a quantidade de produtos químicos que se utiliza na agricultura, já cumpriu com seu papel”, declara o docente.

Em abril de 2023, o projeto fechou uma parceria com a empresa catarinense Transfertech, que contribui com um investimento financeiro de mais de R$ 680 mil e fará a interligação com outra firma para a comercialização do produto. “A Transfertech foi quem abraçou esse projeto e viu potencial nele. Então, a gente vai ter estrutura física para possibilitar a implantação de uma planta piloto de bioinsumos”, conta Marcio. O pesquisador ainda destaca a importância da Universidade para o desenvolvimento do projeto. ”A infraestrutura e as pessoas que estão vinculadas no desenvolvimento, desde os alunos de iniciação científica, alunos de mestrado, alunos de Doutorado, todo mundo teve uma participação, teve um uma contribuição no todo desse projeto”, relata o pesquisador.

Meliponicultura

“Vamos conversar sobre abelhas?” Esse é o nome do projeto desenvolvido pela docente e doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFSM, Mari Silvia Rodrigues de Oliveira. A iniciativa foi idealizada com o professor de Agroecologia do Instituto Federal Sertão Pernambucano em Petrolina, Silver Jonas Alves Farfan. A pesquisa visa analisar as abelhas típicas de cada região, como a jataí, no Rio Grande do Sul, e a tiúba, encontrada na região nordestina. 

Ambas espécies têm características em comum: são da tribo Meliponini, que tem em torno de 250 a 300 espécies no Brasil, e tem ferrão atrofiado. Isso significa que ele não é usado para defesa, e as abelhas são mais dóceis comparadas a outra espécie. Mais uma diferença entre as duas é que as abelhas da tribo Meliponini preferem temperaturas mais amenas e produzem menos mel, porém com grande qualidade nutricional – menos açúcar e mais ácido. Assim, o projeto também faz um controle de qualidade físico-químico da produção.

A professora destaca que a ideia do projeto vai além da pesquisa científica e busca levar a prática e a importância da meliponicultura – criação das abelhas sem ferrão -, para as crianças e os agricultores. “A captura pode ser feita com material reciclável. É pet, jornal velho, coisas que não tem tanto valor agregado. Existe uma geração de renda, é uma forma de manter o homem no campo e é mais um atrativo”, afirma Mari Silvia. Ela também explica que esta forma de captura é permitida pelos órgãos de fiscalização e ajuda a perpetuar a espécie.

Entre 2021 e 2022 o projeto foi levado para as escolas dos nove municípios da Quarta Colônia com o objetivo de disseminar a meliponicultura entre os estudantes. A pesquisadora conta, com brilho nos olhos, a resposta positiva por parte das crianças durante as visitas. “Eles ficaram encantados, deslumbrados, e essa curiosidade é fantástica, né? Então eles vão servir de atores sociais, vão contar para a família, e aí a gente vai difundir esse conhecimento em relação às abelhas”, ela relata.

Mari Silvia ainda ressalta a importância da pesquisa para a Universidade e a comunidade ao ajudar a desenvolver a consciência ecológica, além da falta de disseminação da meliponicultura: “A gente tem muita pesquisa linda, que não chega na comunidade. E olha todas essas nossas viagens, quantas crianças a gente encantou e fomos encantados também por elas. Então eu acho que a gente tem que devolver mais para a sociedade”.

Fotografia horizontal e colorida de uma mulher sentada atrás de uma mesa branca, em que há quatro frascos de vidro e uma caixa de madeira A mulher está com os braços escorados na mesa. Ela tem pele branca, olhos escuros, cabelo ondulado, preto e comprido. Sorri amplamente. Veste blusa verde e lisa. Usa óculos escuros no cabelo e brincos de pérolas em branco. Na frente dela, quatro potes de vidro enfileirados e com tampa quadriculada vermelha e branca, com mel dentro e uma etiqueta branca na frente. Ao lado dos potes, uma caixa de madeira grande com uma tampa de vidro e, na frente, uma abertura circular com um pano vazado amarrado em volta. O fundo é uma parede branca.
Mari Silvia com potes de mel e a caixa das abelhas no Centro de Ciências Rurais (CCR) | Foto: Gabriel Barros

Reportagem: Giulia Maffi e Júlia Almeida
Contato: giuliamaffi08@gmail.com / juliaalmeidarechia@gmail.com

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