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REAPROVEITAR COM CRIATIVIDADE

Iniciativas da UFSM reutilizam resíduos alimentares gerados dentro e fora do Campus



Fotografia horizontal colorida de chocolates na cor creme e em formato de tartarugas, coelhos, jacaré e esfinge. Os chocolates são pequenos e estão enfileirados na horizontal. Atrás dos chocolates, três frascos de amostra marcados com medidas de volume. Dois desses frascos são do tamanho de copos. O primeiro tem chocolate branco em lascas e pedaços e o segundo tem chocolate branco triturado. O último pote é pequeno, do tamanho de uma rolha, e está preenchido com corante amarelo. O fundo é uma cartolina preta apoiada sobre uma mesa de granito.
Amostras de chocolate produzidas em impressora 3D | Foto: Rafael Rintzel

As sobras de comida que vão parar no aterro sanitário ou são descartadas de forma indevida na natureza representam um problema socioambiental que não pode ser ignorado. Todo ano, mais de 500 bilhões de dólares se perdem na forma de resíduos provenientes do consumo de alimentos, conforme publicação da revista Foods, de 2021. Além do prejuízo financeiro, esse material jogado fora polui ecossistemas locais e contribui para emissão de gases do efeito estufa – principalmente por conta do chorume que se deposita no solo.

O desperdício ao longo de toda a cadeia produtiva equivale a cerca de 930 milhões de toneladas de comida, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Isso representa 30% da produção global. No ranking dos países que mais desperdiçam, o Brasil ocupa a 10° posição e, sozinho, gera em torno de 46 milhões de toneladas de resíduos por ano. O  professor do Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos da UFSM, Juliano Barin, explica que o ideal é evitar ao máximo o descarte inadequado. Para além disso, o pesquisador evidencia que os efeitos do descarte devem ser mitigados por meio de soluções inovadoras.

Desde 2022, ele coordena projeto de pesquisa focado na superciclagem de rejeitos orgânicos, em parceria com a doutoranda Angélica Kaufmann. O termo significa reaproveitar um resíduo e agregar valor ao material, como no caso das cascas de laranja coletadas no RU, que são usadas para confecção de chocolate. “Aquilo que, na melhor das hipóteses, viraria adubo, se transforma em ingrediente para produção de novos alimentos”, explica Angélica.

Fotografia horizontal colorida de um homem e uma mulher em um laboratório, em pé em frente a uma impressora 3D cinza e preta.  O homem está no lado esquerdo da fotografia. Ele tem pele branca, cabelo castanho, liso e curto, além de barba rala grisalha. Veste uma jaqueta preta sobre blusa de tricot em tom grafite e calça jeans escura. Ele está apoiado no tampo de granito cinza. A mulher está à direita do homem, tem pele branca, cabelo loiro escuro, liso, comprido e preso em um rabo de cavalo. Ela sorri e veste um jaleco branco sobre blusa preta. Também está escorada no tampo de granito. Atrás deles, em cima de uma bancada de granito, está a impressora 3D, cinza e retangular, pouco maior do que uma cafeteira e em formato parecido. Ao lado da impressora, vários chocolates no formato de animais em cima de uma folha de papel branco. Os chocolates são pequenos, tem formato de esfinge, tartaruga, lagarto e coelho e tem diferentes tons de branco e creme. Ao fundo, a parede é uma divisória cinza com uma janela.
Os pesquisadores Juliano Barin e Angélica Kaufmann no laboratório de pesquisa do prédio 44E | Foto: Rafael Rintzel

O processo de superciclagem acontece por meio de uma impressora 3D, que cria  chocolates no formato de animais: um coelho, uma tartaruga e até uma esfinge aos poucos são moldados pela máquina. Depois da impressão, Angélica guarda as figuras em potes de amostra. Cada figura tem um grau diferente de pureza, o que indica a quantidade de casca de laranja que foi utilizada na produção do chocolate.

Fotografia horizontal e colorida da impressora 3D em plano fechado. A máquina tem base quadrada preta e, no centro, há um disco de papel branco em que está a base de uma tartaruga de chocolate branco. Sobre a tartaruga, cilindro prateado com uma espécie de agulha, que molda o chocolate. A impressora está sobre um tampo de granito cinza.
 Impressão 3D do chocolate | Foto: Rafael Rintzel

O objetivo da pesquisa é demonstrar que a food waste – comida jogada fora – pode ser usada para melhorar tanto o sabor quanto a qualidade nutricional de um produto. Isso possibilitará a criação de redes de consumo ambientalmente sustentáveis e economicamente lucrativas.

Inovar é o caminho

A empresa OlivePlus tem como objetivo utilizar o bagaço de azeite de oliva para produzir suplementos alimentares e bioinsumos farmacêuticos. Esse é outro exemplo de superciclagem na UFSM. No mercado da olivicultura, a cada 100kg de azeitonas, apenas 20 litros são transformados em azeite e o restante, 80kg, são bagaço, segundo levantamento da empresa.

Fotografia horizontal e colorida em plano fechado de mão de pele branca, que segura um pó marrom claro. A mão está em destaque no lado esquerdo da imagem. Na parte direita, abaixo e em desfoque, pote de amostra branco em formato de tigela com pasta esverdeada e um moedor no formato de um bastão. O fundo, desfocado, é uma bancada de granito cinza.
Amostras de oliva | Foto: Rafael Rintzel

A CEO da OlivePlus, Camila Monteiro, explica que a ideia do negócio surgiu durante o mestrado em Tecnologia dos Alimentos, quando ela percebeu que no Brasil não existia nenhuma iniciativa no setor. A startup nasceu na Incubadora Pulsar e iniciou suas atividades em março de 2022 como a primeira empresa do ramo de reaproveitamento de resíduos a operar na universidade. O material utilizado nas pesquisas vêm da indústria de azeite de Recanto Maestro. Por enquanto, a equipe atua no desenvolvimento de extratos alimentares e pretende iniciar estudos no campo farmacêutico. “Além de reaproveitar o resíduo, queremos trazer sustentabilidade e economia circular para a cadeia produtiva”, afirma Camila.

Fotografia vertical e colorida de uma mulher parada atrás de uma bancada de granito cinza em que há materiais de laboratório. Ela tem pele branca, cabelo castanho em tom médio, levemente ondulado e com comprimento na altura do ombro. Ela sorri amplamente, veste jaleco branco sobre camiseta preta e usa colar dourado com pingente. Está com as mãos apoiadas na bancada. Em sua frente,  amostras da oliva em óleo e em pó sobre uma bancada de granito dentro de tubos de ensaio, um pote e tigelas. Ao fundo, outra bancada com tampo de granito cinza, armários marrons, janelas com moldura branca e cano cinza, com entradas de tomada.
Camila Monteiro, CEO da OlivePlus. | Foto: Rafael Rintzel

Ela espera que a criação do novo Parque Tecnológico da UFSM auxilie no projeto. O Parque vai sediar o primeiro Laboratório-Oficina voltado para a área de Tecnologia dos Alimentos no Brasil. “A UFSM vai ser uma espécie de cobaia para o resto do país”, brinca Juliano. Ele está empolgado com a ideia de um novo centro de pesquisa que ajude no desenvolvimento de projetos focados na sustentabilidade. Não se trata apenas de pesquisar uma ideia ou de criar um negócio, mas de pensar soluções para o cenário atual. “O alimento é uma pauta de ativismo”, conclui o professor.


Reportagem: Luanna Karoline e Rafael Reis
Contato: karoline.moraes@acad.ufsm.br / rtrdazevedo@gmail.com

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