Apoio psicológico oferecido pela UFSM promove bem-estar para estudantes
Início da vida adulta, saída da casa dos pais, entrada na universidade e o retorno presencial pós pandemia, são fatores que, em muitos casos, resultam em ansiedade, depressão e, até, crises de pânico. Como recurso, a UFSM oferece atendimentos psicológicos aos estudantes, aos servidores e à comunidade. Esses serviços são gratuitos, oferecidos nas modalidades online e presencial, são acessíveis, breves e focais, realizados por diferentes profissionais e têm como objetivo ajudar a manter a saúde mental dos estudantes. Passados dois anos, conversamos novamente com a psicóloga Amanda Schreiner Pereira e o psiquiatra Vitor Calegaro para saber como funciona o atendimento aos estudantes com o retorno das atividades presenciais.
Formada há mais de 20 anos em Psicologia, Amanda começou a trabalhar recentemente no Setor de Atenção Integral ao Estudante (SATIE), ligado à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE). Segundo Amanda, as consultas são individuais, a procura deve ser espontânea e o objetivo é “auxiliar na superação de dificuldades emocionais, evitando que uma dificuldade circunstancial se transforme em algo crônico, através da escuta, de esclarecimentos e de orientações”.
O retorno presencial é uma problemática, uma vez que muitos alunos ingressaram na Universidade durante o período de pandemia e não tiveram contato presencial com colegas, professores, nem com o ambiente acadêmico. De acordo com Calegaro, professor adjunto do Departamento de Neuropsiquiatria e que atua na Coordenadoria de Ações Educacionais (CAED), o que leva um aluno a procurar os atendimentos é a alta cobrança em relação aos estudos, às notas e às expectativas acadêmicas. O discente destaca que “normalmente as pessoas que procuram por esses serviços oferecidos pela Universidade já apresentaram alguns sintomas, já tiveram algumas crises antes e, no meio acadêmico, as coisas podem ser exacerbadas”.
A estudante de Pedagogia Maria Júlia Santos também precisou desse suporte e conta que seu primeiro contato foi pela internet, por meio da plataforma Google Meet. Já em sua segunda visita, precisou do apoio de emergência da PRAE. Questionada sobre o motivo que a fez recorrer ao suporte, a acadêmica desabafa: “tive um gatilho após o suicídio de um amigo, estava em crise e não conseguia dar conta das tarefas básicas do meu cotidiano”. A estudante diz ser extremamente necessária a assistência, mas acredita que as consultas feitas pelo CAED duram poucas sessões.
A acadêmica de enfermagem, Júlia Fernandes, conta ter precisado do tratamento, porque passava por momentos difíceis na Universidade. Além da exclusão social, ela também teve pensamentos suicidas, que desencadearam em uma depressão. Sobre sua experiência ao longo do processo, Júlia diz que, inicialmente, o suporte correspondeu às suas expectativas, contudo depois deixou a desejar, pois o serviço se tornou limitado, não atendeu a outras demandas. Ela ainda declara: “temos outros problemas que afetam nossa vida acadêmica, e eles deixam a desejar muito isso”.
Como ter acesso?
Para ter acesso ao serviço, o acadêmico precisa enviar um e-mail para o CAED e solicitar o atendimento. Caso o estudante deseje apenas conversar por mensagem de texto, basta acessar a página do Núcleo de Apoio no Facebook e enviar uma mensagem privada. Para alunos moradores da Casa do Estudante Universitário, o acesso é através do SATIE.
Indicações para melhorar a saúde mental
O psiquiatra Vitor Calegaro traz dicas paras estudantes:
- Fazer o necessário da melhor forma possível, de acordo com o contexto e a realidade que se vive:
- Lembrar da existência de coisas importantes além dos estudos: família, amigos e amores. Coisas que nos fazem sentirmos inteiros. Vitor comenta “A nossa vida estudantil não define quem somos, pelo contrário: quem somos define a nossa vida estudantil;”
- Manter hábitos saudáveis, ter boas noites de sono e fazer exercícios físicos.“As atividades físicas têm um efeito na saúde mental. Recuperam o nosso cérebro do estresse que a gente vive, e têm um efeito neuroprotetor muito além das questões da própria saúde física.”
Conheça os serviços da UFSM
Coordenadoria de Ações Educacionais (CAED) – Desenvolve ações de apoio junto ao público da UFSM. O trabalho desenvolvido visa, de modo geral, o acesso, a permanência, a promoção da aprendizagem, a acessibilidade e as ações afirmativas. Estrutura-se a partir do Observatório de Ações de Inclusão e de três subdivisões: acessibilidade, apoio à aprendizagem e ações afirmativas sociais, étnico raciais e indígenas. Aberto a todos os estudantes, atua no apoio psicológico a ações relacionadas à aprendizagem dos estudantes. O contato é feito por meio da coordenação do curso, sendo necessário que um servidor encaminhe a documentação via formulário para a coordenação do CAED, que fará a triagem para posterior atendimento, o qual é eletivo, funcionando como uma instituição de educação. A partir desse primeiro atendimento vê-se a necessidade de transferência a outros setores.
O Serviço de Atenção Integral ao Estudante (SATIE PRAE) – Busca intervir em situações individuais e coletivas que influenciam no desempenho acadêmico do estudante na sua permanência na Universidade, bem como na sua qualidade de vida. Os serviços oferecidos pela Satie são:
Oficinas: promoção de um espaço de vivência de expressões artísticas, culturais e esportivas para a comunidade universitária, por meio de ações como dança, produção artística, plataforma cultural, autocuidado, atividades físicas e esportivas. A oferta varia a cada semestre e de acordo com o interesse dos participantes.
Acolhimento Psicológico Presencial: escuta psicológica de acadêmicos(as) residentes da Casa do Estudante Universitário, que estejam em sofrimento psíquico.
Clínica de Estudos e Intervenções em Psicologia (CEIP): A Clínica de Estudos e Intervenções em Psicologia da UFSM – CEIP/UFSM oferece atendimentos psicológicos a partir de duas linhas teóricas que se vinculam a ações de extensão. O trabalho de escuta sob o viés psicanalítico é desenvolvido junto ao Núcleo de Psicanálise. A clínica, baseada na Teoria Cognitivo-Comportamental, fica a cargo do Laboratório de Avaliação e Clínica Cognitiva – LACCog e do Projeto Transformar. A oferta das vagas é aberta periodicamente para a comunidade e os estudantes.
Gabriela Leandro, João Pedro Sousa Santos e Tatiane Paumam