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PRONTA PRA MORAR



“Que casa linda/Pronta pra morar/ Tem tudo o que eu preciso/Nem acredito/Já posso mudar”. No primeiro verso de Ricardo Sá no poema “Casa Nova Casa Velha” é possível externar o sentimento de muitos estudantes que buscam um lar na CEU. Por ser uma referência na assistência estudantil para a América Latina, estudantes de todos os lugares do Brasil veem na UFSM uma oportunidade de permanência na graduação. 

Ao todo, a instituição possui seis Casas destinadas a essa finalidade e dispõe de 2.618 vagas, para o ensino superior, ensino técnico e médio. Em 2022, por meio da criação de um Edital, o processo seletivo de moradia foi alterado. A Pró-Reitora de Assuntos Estudantis, Gisele Martins Guimarães, explica o motivo: “A UFSM, na perspectiva de garantir a acolhida para todos, não adotava esse recurso. Porém, a pandemia fez um recorte acentuado na assistência estudantil e chegamos em um momento onde não existem vagas suficientes”. Nesse contexto, é construído o edital, que em sua primeira edição, no primeiro semestre do ano, disponibilizou cerca de 700 vagas. 

A Coordenadora de Assistência Estudantil do Diretório Central dos Estudantes, Eduarda Trindade, reconhece a importância do edital para um processo seletivo transparente, mas critica o planejamento tardio da PRAE: “O edital é algo novo que não foi pensado com antecedência e teve vários erros em sua primeira formulação. Além disso, os estudantes que precisam da moradia gastam um certo valor para autenticar alguns documentos no cartório”, relata Eduarda. 

Para inscrever-se no Edital, o aluno deve ter sua matrícula regular e ativa e se enquadrar nos critérios do Benefício Socioeconômico – aprovado ou solicitado ao setor de BSE da PRAE. Dentre outros requisitos, como não ter familiares que residam ou possuam imóvel residencial no município de Santa Maria ou em até 20 km de distância, e também em distritos que tenham transporte coletivo regular para a sede do município. A inscrição do novo modelo de admissão para a Casa, realizada semestralmente, é feita por meio do preenchimento de um formulário, disponível no sistema de questionários do  Portal do Aluno, e do anexo da documentação necessária, em um único formato PDF.

A estudante de Letras Licenciatura, Sabrina Goelzer, ingressou na CEU através do edital  de 2021. Moradora do bloco 45, divide o quarto com sua irmã. Paredes na cor lilás, personalizadas com desenhos de pássaros, atribuem para o ambiente uma sensação de conforto familiar. Ao lado do seu beliche, encontra-se um pequeno armário preenchido por acessórios de autocuidado, como maquiagens e produtos de higiene. De frente para a cama está a janela que ilumina todo o espaço e facilita sua rotina de estudos, além disso, um pequeno roupeiro dividido por elas complementam o cenário. 

Por um erro na documentação quase foi desclassificada do processo seletivo. Felizmente, garantiu sua permanência no período de recurso. A estudante afirma que a ajuda de sua irmã, que já tinha sido aprovada no edital anterior, em relação às informações disponibilizadas pela UFSM, foi essencial. “Ela me orientava bastante, pois já tinha experiência. No site eu ficava um pouco confusa”, relata a jovem. 

Fotografia quadrada, horizontal e colorida de uma mulher jovem sentada ao lado de um notebook, que sorri amplamente. Ela é uma mulher cis, branca, com rosto arredondado, olhos e boca finos, nariz médio e bochechas grandes. Tem cabelos lisos, loiros escuros, com comprimento na altura do peito e estão dispostos para a frente. O notebook é preto, está na posição diagonal e sobre a escrivaninha de cor clara. A tela tem informações, mas não é possível visualizar o conteúdo. Ela está com a mão direita sobre a parte do mouse do notebook. Ao fundo da imagem, a parede do quarto no ângulo em formato de “L”: a parede do lado esquerdo da imagem é roxo claro, e a do lado direito da imagem, na cor roxo escuro. Na extremidade superior esquerda da imagem, início de uma janela com aberturas na cor roxo escuro e com o vidro fechado Pela janela, entra a iluminação do dia..  À frente da janela, a escrivaninha com o notebook, um carregador de celular branco, fone de ouvido do tipo headset na cor preto e azul, e materiais de escritório.
Sabrina em seu quarto

“Meu sonho era fazer faculdade”

Da calmaria de Candelária- RS, com aproximadamente 31 mil habitantes, Sabrina estranhou o agito da cidade universitária: “Eu gostava de morar lá, era bem diferente, não tinha muito movimento, bastante silêncio. Quando eu vim pra ‘cá’, tive contato com muitas pessoas, toda hora estou socializando e eu não vivenciava isso.” 

A estudante reforçou a importância da assistência estudantil, pois tanto ela quanto sua irmã não teriam condições financeiras de assumir os custos do aluguel de uma moradia. “Se eu não tivesse onde morar não conseguiria cursar a faculdade”, o sonho de Sabrina continuaria apenas em seus sonhos. 

Sabrina pretende seguir na Casa até concluir a graduação. “O fato de eu estar aqui com tudo resolvido, pra mim está sendo muito bom. Do meu curso presencial, estou gostando também”, finaliza esperançosa. O mesmo não ocorreu para a estudante de Comunicação Social-Jornalismo, Letícia Severo. 

Letícia é natural de Porto Alegre-RS, e tem deficiência visual desde seu nascimento. Segundo ela, um glaucoma, doença ocular onde o nervo liga o olho ao cérebro, foi o responsável por sua baixa visão na infância. Posteriormente, adquiriu Catarata, uma lesão ocular que torna opaco a lente natural do olho. “Na minha pré-adolescência, perdi todo meu resíduo visual, ou seja, obtive a cegueira integral”, completa a estudante. 

Ingressa em 2020, Letícia teve seu Benefício Socioeconômico aprovado no final do mesmo ano, onde era contemplada a CEU e a alimentação gratuita no Restaurante Universitário. No entanto, com a paralisação das atividades acadêmicas devido à pandemia, retornou para sua cidade, sem ter tempo para procurar vagas disponíveis na Casa. 

O retorno das aulas presenciais e a divulgação do novo edital deixaram Letícia em dúvida: “Foi criado  um edital extra e eu já tinha sido aprovada. Eu não sabia se teria que participar ou não”. Entre as principais tentativas, a jovem procurou a ajuda de sua tutora do Programa de Educação Tutorial (PET), Jaqueline Quincozes Kegler e do coordenador do curso de Jornalismo, Maicon Elias Kroth. O prazo de inscrições era curto. Eles, então, foram procurar informações sobre a dinâmica do edital. Após o diálogo dos professores com a PRAE, foi constatado o envio de um e-mail que divulgava o edital, o qual Letícia afirma não ter recebido. Os desencontros de informações fizeram com que ela perdesse o período do processo seletivo. 

 Fotografia vertical e colorida de Letícia, uma mulher negra sentada em frente a um computador. A fotografia está em plano geral fechado. Letícia está de perfil com uma expressão facial concentrada. Ela tem cabelos lisos, castanhos e com mechas loiras, na altura do peito. Veste roupas na cor preta: um casaco de couro sobre blusa com botão, e uma calça justa. O computador é preto e está com a tela ligada, mas não é possível definir o plano de fundo da tela do computador por conta da exposição alta. O computador está sobre a mesa de tampo bege claro. Também há um teclado, um telefone fixo e uma pequena impressora de notas, todos na cor preta, além de folha de papel e caneta azul. A cadeira em que ela está sentada é da cor preta. Atrás da mulher, divisórias pretas em formato horizontal. Ao fundo, retângulos de vidro, com nove divisórias  e acabamento em bege claro, além de paredes em tom de verde desbotado.
Letícia no seu ambiente de trabalho. Foto: Letícia Severo

A tutora Jaqueline acredita que a comunidade acadêmica leva um tempo para se adaptar às mudanças e entende que esse tempo é maior para pessoas com deficiência visual. Além disso, argumenta que falta, na divulgação do edital,  um direcionamento efetivo da informação para pessoas com deficiência visual. Já o coordenador Maicon ressalta que é preciso pensar em uma política comunicacional, em que todos os setores possam ser informados e, a partir disso, cada um sistematizar suas necessidades e colocar em prática um plano de ação que torne a comunicação mais acessível.

A previsão é de que a aplicação do Edital de moradia aconteça duas vezes por semestre. Para a Pró-Reitora, o edital é uma forma de garantir a transparência no ingresso dos estudantes em um processo organizado e de qualidade. Para a integrante do DCE,  Eduarda, a burocratização do processo sem uma comunicação direta  com os estudantes reduz ou até mesmo impede as chances de entrada na Casa.

Karla Giovana Essy e Nicole Sonntag Pasch

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