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No meio do furacão: como as empresas júniors se adaptam à pandemia



Reuniões, prospecções, agrupamento nas sedes e encontros presenciais com clientes faziam parte da rotina dos estudantes que participam de alguma empresa júnior da Universidade Federal de Santa Maria. Agora, com a pandemia do Covid-19, tudo teve que mudar. As empresas foram forçadas a se adaptar a uma nova realidade: a não presencial.

Uma empresa júnior (EJ) é uma associação civil sem fins lucrativos, formada e gerida por alunos de um curso superior que pode ajudar os discentes a ganharem experiência para o mercado de trabalho. Assim, as empresas júniors criam um elo entre alunos, empresas (consumidores) e a universidade na qual estão inseridas. 

As empresas jrs ajudam não só os alunos a se tornarem empreendedores, mas também auxiliam micro e pequenos negócios a se manterem firmes, ainda mais nesse momento que enfrentamos. Segundo o site da Brasil Júnior (https://www.brasiljunior.org.br/conteudos/como-nos-respondemos-ao-coronavirus), entidade reguladora das EJs, o Movimento Empresa Júnior (MEJ) brasileiro realizou em 2019 13.386 projetos (47,66% do total) que impactou diretamente no ODS 8 – Emprego Digno e Crescimento Econômico, objetivo da Organização das Nações Unidas (ONU). Até agora, em 2020, o MEJ brasileiro, realizou 2542 projetos (53,71%) que impactam diretamente no ODS 8. Esses dados mostram a eficácia do trabalho voluntário das EJ’s por todo o Brasil e sua dedicação com os clientes.

A Brasil Júnior disponibilizou em seu site um portal com conteúdo especial voltado às EJs que estão com dificuldades para seguir com o trabalho durante a pandemia. A plataforma é sobre trabalho remoto e como os empreendedores jrs podem tirar vantagem desse momento. 

Fonte: http://brasiljunior.rds.land/ccb6da8ae0d6d16a0f57

Das sedes para a internet: escritórios online

Atualmente, as EJs, assim como os estudantes, vivem um momento complicado: a pandemia do Coronavírus. Entretanto, essa fase também pode funcionar como aprendizado para os empreendedores. O diretor de projetos da CompactJr do Centro de Tecnologia (CT) da UFSM e estudante do 3º semestre do curso de Ciências da Computação, Pedro de Andrade, afirma que o distanciamento social serviu para encontrar novas ferramentas, como o escritório virtual, o qual pode ser executado através de plataformas online, como o Discord, portal utilizado pela CompactJr. A plataforma permite a criação de salas de conversa, chamadas de áudio e vídeo, que de acordo com Pedro, auxiliaram de maneira expressiva o mantimento do contato dos participantes e clientes da CompactJr. Pedro comenta que após a pandemia, as atividades deverão ser mais virtuais: “nós já éramos da área da tecnologia e já estávamos mais acostumados com essa área digital. […] Acredito que essa virtualização se intensifique mais após o coronavírus”.

Escritório Virtual -CompAct Jr

A pandemia não é o único problema

Em contrapartida, há empresas juniores que não mantém seus trabalhos ativos durante a pandemia, como é o caso da NuvemJr, do Centro de Ciências Sociais e Humanas. Após passar por reformulação no quadro de participantes em 2019, a Nuvem não seguiu as atividades da empresa júnior. Conforme o assessor de projetos e estudante do 3º semestre de Relações Públicas da UFSM, Rafael Patrick, muitos alunos que participam da empresa são formandos e continuam a receber conteúdos via aulas à distância (EAD). Dessa maneira, os alunos se sobrecarregaram com disciplinas e a EJ foi deixada de lado, por ser um assunto extraclasse. Rafael relata ainda que apesar de muitas outras empresas júniors terem realizado o processo seletivo para abrir novas vagas, a NuvemJr foi pega de surpresa. Isso se deve ao fato de que os cursos vinculados ao Departamento de Ciências da Comunicação permaneceram com o mesmo número de disciplinas ativas à distância. Por conta disso, não realizaram seu processo seletivo, tampouco encontram tempo para seguir suas atividades de 2020.

Outro caso semelhante é a da Floresta Junior do Centro de Ciências Rurais (CCR), que apesar de manter seus projetos ativos em andamento, não está à procura de novos clientes durante a pandemia. Todavia, a empresa ainda atende clientes que vão atrás da FlorestaJr de forma passiva através do seu site e das suas redes sociais. Conforme o diretor de gestão de pessoas, coordenador comercial da FlorestaJr e estudante do 3º semestre de Engenharia Florestal da UFSM, Lucas Caye, contou em entrevista que o motivo de não irem atrás de mais clientes é justamente a pandemia. Para a empresa, que tem um relacionamento muito “familiar” com seus participantes e clientes, é imprescindível o contato com a sede dentro da universidade e por conta disso, optaram por executar apenas os projetos que já foram vendidos antes da pandemia. 

Lucas completa que é difícil traçar uma perspectiva para o futuro da empresa e metas a serem batidas em 2020, mas espera manter sua equipe engajada e participativa. “Vamos esperar as coisas acontecerem, para que assim que as aulas recomeçarem presencialmente, a gente consiga dar melhor assistência para nossos colaboradores”, finaliza o diretor de gestão de pessoas da FlorestaJr.

Novos ciclos e desafios

Um aspecto importante para manter uma empresa júnior ativa durante a pandemia é o uso das redes sociais. A acadêmica do 5º semestre de enfermagem e atual diretora de marketing da Mederi Junior, Maira de Oliveira, reforça o peso da constância de postagens, stories e interações que a empresa júnior deve estipular com a sociedade nas plataformas sociais: “[…] nós já éramos mais afluentes nas redes sociais, mas agora estamos mais ativos ainda porque é o meio que a gente consegue mais contato com os clientes”. Segundo a diretora de marketing, a principal dificuldade enfrentada é a falta de contato pessoal com o cliente, já que é um dos pontos essenciais para o processo de venda de projetos. 

A estudante explicou como funciona a nova plataforma desenvolvida pela MederiJr, a PsicoForma. O projeto consiste em uma plataforma online de serviços e consultas sobre psicologia direcionada às pessoas, especialmente estudantes que enfrentam dificuldades para vivenciar a pandemia dentro de casa. A PsicoForma foi projetada em colaboração com outras duas empresas júniors, a Metal Jr, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e a CJR, pertencente da Universidade de Brasília (UNB). A plataforma ainda está no processo de implementação e é idealizada sem fins lucrativos e com trabalho totalmente voluntário. Além disso, a Mederi possui outro plano, em parceria com a RenoveJr (UFSM), sobre a reabertura dos estabelecimentos em Santa Maria. O plano visa realizar projetos de capacitação dos empregados da saúde, da higiene e instruções de como fazer a limpeza adequada no local e produtos comercializados. Maira de Oliveira acredita que as atividades devem voltar de forma gradual. “Nós tínhamos um planejamento para 2020 e estamos readaptando ele em questão de metas e contratos. Sabemos que o ano não vai ser como esperávamos”, completa a diretora de Marketing. 

A volta do funcionamento das EJs ainda depende das decisões de retorno das atividades presenciais por parte do MEC e da UFSM. Alunos, bolsistas e diretores das EJs esperam de forma ansiosa a volta de suas rotinas no Campus.

Reportagem: Luka de Andrade

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