Projetos de extensão e campanhas da UFSM buscam se adaptar às condições do isolamento social
A UFSM suspendeu as atividades presenciais por conta da pandemia do coronavírus no dia 16 de março. A previsão inicial era de apenas um mês de suspensão, mas com aumento de casos no Brasil, a situação se agravou e todos os prazos foram adiados. O isolamento social dificultou o andamento de projetos de extensão e de campanhas já previstas, porém, através de adaptações foi possível realizar algumas ações. Entrevistamos Victor de Carli Lopes, técnico administrativo que atua na Pró-Reitoria de Extensão e o professor Luiz Fernando Cuozzo Lemos, coordenador de projetos de extensão na área de Educação Física.
O Observatório de Direitos Humanos (ODH) da UFSM, por exemplo, conseguiu realizar campanhas como a da Páscoa e a do agasalho. O ODH tem como propósito ampliar o debate sobre os direitos humanos e estimular a participação da comunidade em ações e reflexões, englobando grupos populacionais em situação de vulnerabilidade social. “Nesse momento, mais específico do isolamento social, outros problemas acabam surgindo, principalmente as dificuldades de subsistência dessas pessoas”, diz Victor. Ele informa que medidas assistencialistas se faziam necessárias. E esse foi o intuito da campanha da Páscoa: “levar doces e chocolates para as crianças para poderem aproveitar o feriado de uma maneira mais lúdica”, relata o servidor público da UFSM.
Diferente dos outros anos, a campanha do agasalho precisou ser mais pontual, por conta do isolamento social e por tempo limitado. Foram apenas dois dias para arrecadações em locais específicos e as doações foram feitas em modelo drive-thru, assim como foi a da Páscoa, na qual as pessoas passavam de carro e deixavam a sua contribuição. Além disso, o Observatório contou com o auxílio de um carro da universidade que passou na casa de quem não tinha condições de se deslocar, mas que havia ligado com interesse de fazer doações e cadastrou o endereço.
Apesar dos “empecilhos logísticos”, como diz Victor, somente em um turno foi possível arrecadar mais de 1.000 peças de roupas e calçados para a campanha do agasalho. Para a ação da Páscoa, foram montados 330 kits de doces e chocolates, além de alimentos e materiais de higiene e limpeza. Os integrantes do Observatório avaliaram o resultado de forma positiva ao considerar todas as dificuldades proporcionados pela pandemia.
Lives e treinamentos à distância
Há ações que têm como característica primordial a realização de atividades presenciais e, por isso, precisaram se adaptar diante dessa impossibilidade. É o caso dos projetos coordenados pelo professor Luiz Fernando, do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD), que trabalha com modalidades esportivas.
“Infelizmente, é impossível continuar com qualquer um dos projetos, por que eles são muito humanos, próximos, são muito de movimentos, de reunião de pessoas. Todos eles, eu não consigo pensar um, que eu consiga manter na plenitude ou com uma mínima adaptação.” lamenta, o professor. Entre os diversos projetos está o atletismo da universidade, que estava em ascensão nos Jogos Universitários Gaúchos (JUGs), porém as competições tiveram que ser interrompidas em virtude da Covid-19. No entanto, para as equipes há orientação e treinamentos online, que podem ser feitos à distância ou até mesmo em academias.
Com a intenção de aproximar-se da comunidade, Luiz Fernando, junto ao Núcleo de Implementação da Excelência Esportiva e Manutenção da Saúde (NIEEMS), o qual é coordenador, promoveu lives pela página do Instagram para entrevistar e conversar com estrelas do esporte, como o ex-jogador de basquete, Oscar Schmidt. Já foram realizadas mais de 15 entrevistas e que repercutiram em vários meios de comunicação. O professor enxerga sua iniciativa como uma possibilidade de difusão, visto que o conteúdo ficará registrado nas mídias como uma forma de destacar atividades de entretenimento e de informação para os interessados.
O professor destaca que desde o final de março, a intenção era seguir com as ações a partir desse enfoque de divulgação como forma de adaptação das atividades à distância. “Ficar somente em casa dando aulas para nós, que somos muito envolvidos e ativos em ações, em vários projetos, poderia causar uma situação de tristeza para mim e para os alunos”, completa o docente.
Com perspectivas para o futuro, tanto Victor, quanto Luiz Fernando, declaram ter planos junto aos projetos que fazem parte na UFSM. O Observatório vai aceitar doações para comprar materiais de cesta básica, higiene e limpeza, a fim de auxiliar as famílias em situação de vulnerabilidade social. Já o professor pretende continuar com as lives, bem como seguir com a preparação física dos atletas para o JUGs e outras competições que foram adiadas.
Reportagem: Flávia Morishita e Nathiele Pizzutti