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Animais no Campus: Terra de todos



Quem atravessa o arco da UFSM em direção ao campus já começa a vê-los. Talvez eles não sejam os frequentadores mais assíduos das salas de aula, mas com certeza são os mais encontrados nos prédios dos mais diversos cursos. Podem ser vistos lagarteando no sol, no bosque, no planetário – além da presença diária no Restaurante Universitário. Pode ser difícil encontrar alguém que goste tanto da universidade quanto eles, a ponto de visitá-la até mesmo em fins de semana e feriados: para eles não tem tempo ruim. Ano após ano, mais surgem, às vezes, pode-se reconhecer os mesmos focinhos, outras desaparecerão, assim como novas surgirão, o certo é que sempre estarão lá.

Há quem diga que os cães são os melhores amigos do homem, mas qual é o papel do homem na vida do animais? A cada dia fica mais evidente os maus tratos enfrentados pelas diversas espécies de animais existentes no mundo, mas não se pode generalizar quando o assunto é o tratamento que um cidadão oferece a um bicho. Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que no Brasil existam mais de 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães abandonados.

São muitos os projetos criados com o intuito de proteger esses animais para que tenham a oportunidade de ter uma vida digna. A UFSM é o lar de diversos cães e gatos sem donos. No ano de 2017, o Projeto Zelo juntamente com o Hospital Veterinário Universitário, registraram cerca de 80 animais residindo nas extensões da instituição de ensino, recebendo o auxílio que fosse possível, mas atualmente não se sabe ao certo o número dessa quantidade.

O Projeto Zelo foi o primeiro criado na UFSM voltado ao bem-estar dos animais. Nascido junto ao Gabinete do Vice-Reitor em 2014, o intuito principal era o primeiro atendimento dos animais que apareciam na universidade, a castração deles, a conscientização da adoção e o combate aos maus tratos e abandonos via denûncia. Os realizadores desta causa eram administradores técnicos, docentes, voluntários e bolsistas. Em 2017, o projeto chegou ao fim. Em nota oficial, os integrantes disseram que “No transcorrer de 2017 fizemos a solicitação a esse Gabinete [Vice-Reitor] para que o Projeto Zelo fosse efetivamente institucionalizado, em um nível acima dos Centros, para que pudesse contar com servidores dedicados exclusivamente às suas atividades, bem como pudesse contar com uma área física que servisse de referência, independente do Hospital Veterinário Universitário. Entretanto, a criação de uma coordenadoria nunca se efetivou. […] Desta forma,  tomamos a decisão de encerrar qualquer tipo de ação ou atividade referente ao Zelo.” Porém, efetivamente, as atividades do projeto só foram encerradas em janeiro de 2018.

Em entrevista, Guilherme Reck, acadêmico do sexto semestre de Medicina Veterinária e ex-estagiário do Projeto Zelo, conta que os animais sem lar que chegavam ao campus eram abandonados clandestinamente e encaminhados para a triagem, onde era feita uma avaliação sobre a saúde do bichinho. Eles eram tratados e caso já tivessem idade para castração, o procedimento era realizado. Eles também eram submetidos a microchipagem – procedimento que onde um microchip (sistema eletrônico de identificação de animais cujo é biocompatível e menor que um grão de arroz) é implantado no animal e a partir dele é possível localizá-lo e cadastrar informações sobre a sua saúde e sobre o dono –  e logo começavam as campanhas de adoção daquele animal. Esta divulgação era feita tanto pela página do facebook do projeto quanto informalmente pelos participantes em suas redes de contatos. Vacinas ou qualquer tratamento posterior seriam custeados pelo novo dono.

À parte de qualquer organização da universidade, a fonte de alimentação desses animais era o RU e doações de ração deixadas por voluntários no campus. Foi assim por muito tempo, até que em 2017 a Empresa Júnior de Engenharia de Produção – Projep Jr. da UFSM idealizou um projeto com comedouros e bebedouros. As ideias foram surgindo aos poucos, sendo modificadas ao longo de um ano, até que em maio de 2018 ele foi anunciado como Projeto Auau.

Com patrocínio do Centro de Tecnologia da UFSM (CT), os comedouros foram feitos de madeira e, com o auxílio financeiro, também foi possível fazer banners, cartazes e adesivos do projeto para divulgação e pedido de contribuições de ração. O projeto é de iniciativa dos alunos da UFSM, mas se estende para qualquer pessoa que queira ajudar. Por enquanto, a fonte de ração é a colaboração da comunidade, mas há iniciativa da Projep Jr. para conseguir patrocínios externos e manter a periodicidade do fornecimento. Quem se encarrega da reposição da ração são os próprios integrantes da empresa júnior, que realizam o trabalho até mesmo nas férias.

Caroline Soares, diretora do projeto, afirma que por enquanto só haverá dois comedouros: um situado no CT e outro no Restaurante Universitário II, mas o objetivo do projeto é expandir pelo campus. “Nossa única intenção é ajudar nossos amiguinhos que nos dão tanto amor e carinho pelo campus, mesmo tento uma vida tão difícil, sendo abandonados e passando fome.” diz a diretora seguindo seu pensamento de promover e incentivar os bons tratos dentro e fora da UFSM.

O propósito do projeto Auau visa, principalmente, a conscientização dos cidadãos em relação aos cuidados com os animais, promovendo e incentivando os bons tratos dentro e fora da UFSM. “Um simples gesto pode fazer uma grande diferença. Trazer uma cultura diferente para a Universidade, pois muitas vezes vamos para a UFSM apenas com um foco e não percebemos a nossa volta o quanto podemos ajudar o próximo.”

Apesar das fortes tentativas de lutar a favor dos direitos dos animais, com o intuito de reduzir consideravelmente o número de animais abandonados, o combate aos maus tratos é uma ação que deve ser contínua para obter os resultados desejados, e a melhor maneira de combatê-lo é pela educação.

Denuncie maus tratos e abandono de animais

Ligue para o Batalhão Ambiental da Brigada Militar, eles acionarão a Secretaria Municipal de Meio Ambiente que tomará as medidas necessárias. Tel: (55) 3286-1455 e (55) 3221-7372

 Sua colaboração faz a diferença

Para ajudar o Projeto Auau e os bichinhos da universidade é só entrar em contato com a Projep Jr. por qualquer uma das redes sociais da empresa e entregar as doações para seus integrantes. Para demais dúvidas sobre a contribuição, a diretora do projeto, Carolina Soares, disponibilizou seu telefone. Tel: (55) 98417-9357. Instagram: projepjunior .  Facebook: EJProjepJr

 BASTIDORES

A matéria “Animais no Campus: Terra de todos” aborda a vida dos animais que residem na Universidade Federal de Santa Maria e foi feita com o intuito de mostrar aos leitores a importância dos cuidados e do respeito para com tais bichos. Inicialmente fomos ao Hospital Veterinário da UFSM e entramos em contato com um dos responsáveis pelo projeto Zelo, onde colhemos informações e dados para a produção do texto.
O projeto Zelo foi o principal responsável pelos cuidados dos animais durante alguns anos, até chegar ao fim, no início do ano (2018). A partir desse norte, fomos atrás de outras possíveis fontes que pudessem nos ajudar na produção do nosso conteúdo, e que nos explicasse melhor sobre as condições de vida deles. Foi aí que encontramos o projeto Auau, que entrou em vigor há poucas semanas, com expectativa de colaborar na qualidade de vida dos bichinhos.
Após a conclusão do conteúdo, partimos para os registros fotográficos desses animais, onde foi necessário muita paciência e cautela (talvez um pouco de chocolate também) para conseguir o que era desejado, ou seja, para segurá-los em frente às câmeras. Depois de muitas tentativas, as imagens sonhadas enfim foram registradas e escolhidas para ilustrar a nossa matéria.
Foi muito gratificante poder mostrar um pouco da realidade desses seres tão inocentes e que muitas vezes são ignorados pela sociedade. Além disso, é bom mostrar que existem pessoas que realmente se importam com eles e que fazem de tudo para que tenham uma vida digna, pois merecem.

Reportagem: Renata Rocha e Thamires Trindade

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