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Uma face da democracia brasileira



REPORTAGEM: LUIS FERNANDO FILHO E HELENILTON ALVES

A conjuntura política atual necessita de um debate franco e sincero. A narrativa de um suposto “golpe” dividiu o país, polarizou-o. Difundiu opiniões nas mais profundas instâncias da nossa sociedade, entre esquerda e direita, Judiciário e Legislativo, e também posições de confrontamento entre os Juristas de todo o país. As retóricas distintas oferecem uma gama de prerrogativas para debatermos não apenas uma suposta fissura constitucional em nosso país, mas serve, também, para acirrar uma visão ainda mais complexa acerca de temas como a Educação brasileira, gastos públicos e, claro, a Democracia brasileira- ou o que restou dela.

Gustavo Muller, 45 anos, atualmente leciona na Universidade Federal de Santa Maria no curso de Ciências Sociais. Ministra uma Disciplina Complementar de Graduação (DCG) intitulada como “Instituições Públicas Brasileira Pós 1988”, e faz menção aos estudos da Constituição, mais precisamente o estudo do  neoinstitucionalismo e suas interpretações na pós-modernidade. Superando a academia, ainda dispõe de um Blog no Jornal O Globo onde expõe suas visões sobre o atual cenário político e sua conjuntura. Gustavo possui Paralisia Cerebral, o que compromete em parte o seu desenvolvimento léxico, mas jamais a sua compreensão de mundo.

1) TXT. Nesses últimos 30 anos, o Brasil adquiriu uma fase madura da democracia?

Gustavo Muller: Eu acho que não. Porque se nós formos olhar no ponto de vista histórico, 30 anos não é quase nada. A Democracia americana, por exemplo, tem 200 anos. A Inglaterra tem mais de 800 anos de construção institucional. O que acontece no Brasil? Quinhentos anos de história e menos de cinquenta de experiência democrática.

2) TXT. Qual a importância da democracia para o Brasil?

Gustavo Muller: Explicar as condições sob as quais a democracia nasce e se consolida é uma tarefa clássica da política comparada. No caso do Brasil, em quinhentos anos de História, como já disse, tivemos cinquenta anos de democracia. O que é muito pouco. Tenho fortes razões para supor que as relações promíscuas entre Estado, partidos e setor privado minaram as bases do que veio a se chamar de Nova República.  Aguardemos o que virá pela frente

3) TXT. Em que a mudança do Governo Dilma para o de Michel Temer afeta a UFSM?

Gustavo Muller: O governo interino, como qualquer governo que assumisse, teria que fazer o ajuste fiscal. À considerar pelos dados que temos até agora o rombo é enorme. Isso afeta as universidades federais, na medida em que será necessário um drástico corte nas despesas.

4)TXT. Porque o senhor diz que a ascensão social no Governo PT é ilusória?

Gustavo Muller: É ilusória porque foi baseada no boom das commodities, na provável receita advinda do Pré-Sal e na ideia de que a expansão do crédito e do consumo gerariam investimentos, que por sua vez gerariam receitas para cobrir os gastos públicos. Como nenhuma das três variáveis funcionou do modo que o governo esperava, o país está com um quadro econômico que combina recessão e inflação. Com isso o poder de compra encolhe e muitos ficam desempregados. Em suma, aqueles que subiram um degrau, desceram dois. 

5)TXT.E qual é o principal elemento da ascensão social?

É a educação. É ela que vai capacitar vocês a competir no mercado de trabalho. Na verdade o grande problema da educação no Brasil não é a educação superior. É a educação básica, as pessoas chegam nas universidades com a base educacional precária, mas investir no ensino é algo que só dá resultado a longo prazo. Não produz resultado imediato. 

BASTIDORES

Logo quando chegamos na casa de Gustavo, situada no centro de Santa Maria, avistamos o arsenal literário que possuía em sua sala de estar. Simpático e solícito, ele atendeu às nossas expectativas. Mais tarde, quando precisou posar para as fotos da matéria, ainda brincamos com o fato de ter sido “modelo por um dia” e, então, o professor abriu um sorriso sincero e de prazer em relação a nossa visita.

Após a série de perguntas que compõem esta entrevista, nos mostrou alguns de seus livros e obras preferidas. O acervo contava com obras desde os tempos mais clássicos até os autores contemporâneos como, por exemplo, o cubano Leonardo Padura e o peruano Mario Vargas Llosa.

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