REPORTAGEM: AMANDA IUNG E GABRIELLE CORADINI
Cuidar da saúde, hoje, tornou-se mais fácil. isso porque existe, cada vez mais, uma gama de opções que atende às necessidades das pessoas preocupadas em manter uma vida saudável. o mais difícil, porém, é conseguir achar um tempo na rotina tumultuada e corrida. no entanto, isso não é problema para Dilce Maria Brondani, pois ela utiliza o seu horário de intervalo para praticar atividades dinâmicas sem precisar se deslocar muito: no espaço alternativo da UFSM.
A assistente administrativa trabalha como chefe da Central de Aquisições no prédio da Reitoria e, no ano de 2011, recebeu um convite da assistente social Carmen Regina Borges: ocupar seu horário de intervalo para participar de oficinas uma vez por semana. Nesse momento, ela viveu a criação do Espaço Alternativo, grupo que frequenta até hoje. Inicialmente, os encontros aconteciam toda quarta-feira e, toda semana, um convidado juntava-se a eles para ministrar uma oficina diferente. “Nós começamos ali no próprio prédio da Reitoria, no subsolo. Carregávamos os colchonetes, cada um o seu”, lembra-se Dilce das primeiras aulas de yoga e pilates. Hoje, o Espaço Alternativo está localizado no prédio 67 da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep) e conta com várias oficinas, como: pilates, meditação, fotografia, jardinagem, além das novas ideias que podem surgir a cada aula e ser incorporadas à lista de opções.
Esse espaço, que surgiu com o intuito de melhorar a saúde física, emocional e mental dos servidores, é visto como uma oportunidade para relaxar e recuperar as energias. O professor da UFSM, Charles Paveglio, abdica do horário de almoço para participar da oficina de yoga. “De certa forma ajuda a esquecer um pouquinho o trabalho, concentrar no corpo, ver, pensar em ti, esse é um dos espíritos; é o motivo para que eu venha para a aula”. Charles já praticava yoga antes de entrar para a UFSM, em 2011, e desde que ingressou deu seguimento à atividade. Dilce também abre mão de fazer outras coisas, como tirar um cochilo, por exemplo, para ir às oficinas. “Tu está sempre aprendendo (com as oficinas). No cochilo tu não aprende. Tu descansa, relaxa um pouco, mas isso tem outros momentos pra fazer. Eu acho que é muito válido. Esse espaço não pode morrer, não!”. Os dois concordam que a volta ao trabalho depois das atividades é bem melhor. “Por exemplo, jardinagem, em contato com a natureza, para quem gosta, eu acho que não tem coisa melhor. Essa natureza maravilhosa, esse espaço belíssimo que a gente tem no próprio campus. É um privilégio”, conta a servidora.
No entanto, o serviço oferecido pelo Espaço Alternativo não se restringe apenas aos servidores em exercício na UFSM. Maria Valdiria, que participa da oficina de jardinagem, e Elda Veiga, de dança de salão, são funcionárias aposentadas que vão à universidade somente para participar das atividades. “A gente tem a oportunidade de estar aqui. Vou ficar em casa ociosa? Não! Eu faço outras atividades e gosto de vir aqui também”, comenta Maria Valdiria. As aposentadas são gratas à existência de um local para que os servidores possam praticar atividades leves, sem a preocupação com os seus problemas.
“As pessoas se sentem muito gratificadas, porque elas vêm aqui buscando o seu bem-estar e a sua saúde, tanto física quanto emocional e mental”, comemora a coordenadora Carmen.
Além de visar o benefício aos servidores, todas as atividades realizadas no projeto geram um retorno para a UFSM. De acordo com a psicóloga e consultora empresarial Edina Bom Sucesso, a qualidade de vida no trabalho está ligada ao bem-estar das pessoas em seu ambiente profissional. Esse bem-estar, quando estimulado, eleva a produtividade do trabalhador, além de atender às suas necessidades.
BASTIDORES
Talvez seja por egoísmo inconsciente ou pura praticidade frente à rotina corrida, mas, normalmente, não nos atentamos a notícias que não se refiram aos estudantes ou programas que não sejam apenas para nós alunos. Quando sugerimos esse assunto nos demos conta de que não éramos só nós que voltávamos cansados para casa no fim da tarde ou que precisávamos de iniciativas que viessem da UFSM e ocorressem dentro de seus limites para que ficássemos melhor de alguma forma.
Geralmente, encaramos de forma mais cômica do que necessária assistir repórteres se envolvendo em atividades de grupos que eles só deveriam observar. Porém, para nossa surpresa fomos convidadas para participar de uma aula de dança quando procurávamos apenas por entrevistas. Nos divertimos e vimos aposentadas com uma disposição que contagiou. Enfim, gostamos muito de conhecer pessoas interessadas nas atividades que vivenciam, “abrindo mão” de seu horário de intervalo e, realmente, não ouvir as palavras “obrigatório”, “lattes” ou “ACG” foi bem refrescante.