Maria Júlia Corrêa – depaulamariajulia@gmail.com
Gabriela Pagel – gabpagel@gmail.com
De grandes gramados nacionais ao exterior, o ponta-direita Toninho atuou contra craques brasileiros como Pelé e Zico quando jogou pelo Bahia. Filho do meio entre dez irmãos, foi o único da família a ter talento com a bola no pé. A primeira oportunidade surgiu com a lesão de um atleta, em 1967. Toninho o substituiu no Cruzeiro, time de Dom Pedrito, em amistoso diante da equipe juvenil do Internacional. Com o desempenho, recebeu uma proposta para atuar durante um ano no Colorado. Voltou para sua cidade até ir para o Guarani de Bagé, onde conquistou a Taça de Prata e a Taça de Bronze, em 1968.
Era hora de alçar voos maiores. Em 1970, foi cedido por empréstimo ao Bahia. Um salário maior, melhor qualidade de vida, além da participação em grandes competições, como o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, motivaram Toninho. Contente, ele quis alterar seu contrato para uma possível permanência. Várias tentativas foram feitas por parte do Bahia, porém o Guarani não aceitou o valor ofertado. A contragosto, o atleta retornou para Bagé. Atuou por dois meses e resolveu parar, pois não queria mais saber de futebol. Casou e foi morar em Porto Alegre. Depois de um tempo, com uma boa proposta de retorno, voltou ao Guarani e jogou mais dois anos. Enquanto atuava pelo Passo Fundo, seu futebol chamou a atenção do Inter-SM, que queria contratá-lo a qualquer custo. Com os valores definidos, o negócio foi fechado.
Porém Toninho teve que passar um tempo no Equador, no ano de 1979, onde atuou pelo Barcelona de Guayaquil, para suprir a ausência de outro ponta, que estava lesionado. Chegou para jogar no Inter-SM em 1980, ano em que a equipe fez uma boa campanha na Taça de Prata. Foi emprestado para o Criciúma e ao fim do contrato retornou ao Inter-SM, onde jogou mais uma temporada. Atuou pela Chapecoense em 1985, seu último ano de carreira. Com 35 anos, era hora de parar.
Anos após a sua aposentadoria, Toninho retornou para Santa Maria e treinou as equipes júnior e principal do Inter-SM. Depois de anos no futebol, hoje se dedica à família e há três anos trabalha no Restaurante Universitário da Universidade Federal de Santa Maria. Ele explica que foi parar ali depois de uma conversa entre ele e o ex-colega do Inter-SM, João Luís. Ao ser convidado, em tom de brincadeira, para trabalhar no RU, Toninho aceitou. Três dias depois estava empregado. Ele não tem previsão de quando vai parar de trabalhar: “Não consigo ficar parado”.
Mesmo aposentado dos gramados, conta, orgulhoso, que ainda joga. O encontro sagrado com o esporte ocorre todos os sábados pelo Futebol dos Veteranos, na Taça Prefeito, tradicional torneio amador de Santa Maria, sediado dentro da própria Universidade.
Bastidores.TXT
Construir o Perfil da TXT sobre a trajetória de vida de Toninho, ex-jogador do Inter-SM e agora funcionário do Restaurante Universitário da UFSM foi de grande aprendizado para nós, estudantes de Jornalismo. Todas as etapas que julgamos serem importantes na elaboração da matéria foram cumpridas, desde a busca por informações do nosso personagem principal até o resultado final do texto. Escrever em poucos caracteres toda a carreira de um jogador de futebol com passagens por clubes no Brasil e no exterior não foi fácil, pois o seu relato rico em informações pedia mais de uma página; até por isso o trabalho em reduzi-lo foi uma tarefa mais árdua do que escrever o texto. Portanto, mesmo o Perfil tendo uma característica literária, diferente das outras matérias da TXT, a experiência adquirida com esse trabalho foi muito importante.
Até o momento da realização da entrevista, passamos por alguns estágios. Primeiramente, descobrimos o horário de folga de Toninho para que pudéssemos conversar com ele e depois conseguir um horário para que o encontro se realizasse, que ocorreu em uma sexta-feira pela tarde, na frente do RU. Nos esforçamos ao máximo para que o nosso entrevistado ficasse a vontade para fazer seu relato. Ligamos o gravador, com a sua permissão, fizemos algumas perguntas para que ele as desenvolvesse, pois queríamos informações e a conversa teve um rendimento muito bom. Além disso, fomos até a sede o Inter-SM e procuramos por vestígios de sua passagem por lá, porém não achamos nada que pudesse ser adicionado a nossa pesquisa. Toninho foi muito atencioso e gentil com o nosso trabalho, tanto em contar sobre sua vida até o momento de tirar dúvidas sobre alguns pontos que não ficaram esclarecidos.