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UFSM inaugura laboratório inovador relacionado à saúde e ao esporte



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Júlio Desordi  – juliodesordi@gmail.com
Lucas Delgado – lucasaltdelgado@gmail.com

A Universidade ganhou recentemente mais um motivo para figurar entre os principais polos de pesquisa do país. Por meio de desenvolvimento tecnológico realizado na área da hipoxia e coordenado pelo professor Luiz Osório Portela, o Centro de Educação Física e Desportos inaugurou o LAPAS – Laboratório de Performance e Ambiente Simulado.

Construído a partir de uma parceria entre o professor Luiz Osório e o médico e fisiologista Jorge Luiz Palma Freire com o Ministério do Esporte, o novo laboratório possibilita o estudo da fisiologia humana em um ambiente que pode ser predeterminado pelo pesquisador. Há diversas possibilidades de simulações relacionadas às condições climáticas, tais como: umidade, altitude, vento e temperatura. Cria-se o ambiente necessário de acordo com o objetivo almejado nos resultados finais, seja ele para atletas olímpicos, ou para pesquisas.

A história começou em 2010, quando Jorge Luiz Freire, na época diretor do Hospital Universitário, recebeu o convite do amigo Luiz Osório para começar um projeto de pesquisa na área da saúde, iniciando assim a sua relação com o CEFD. Formada a parceria, foi criado o projeto para a construção do LAPAS, que substitui o anterior método usado no laboratório. A técnica antiga utilizava máscara facial que, por vezes, atrapalhava alguns dos voluntários na pesquisa e tratamento. Juntos, os professores buscaram o Ministério da Ciência e Tecnologia para construir um novo local de preparação para pilotos de caça da Base Aérea, localizada em Santa Maria.

A ideia inicial utilizava pilotos, pois em voôs com caças (aviões de altíssima velocidade) eles poderiam sentir dificuldades por causa da diferença de altitude e pressão além de correr o risco de perder os sentidos.

Após a alteração do enfoque do projeto – a fim de adaptar o resultado final àquilo que era pretendido pelos idealizadores -, passou a ser direcionado à preparação de atletas para competições esportivas. Com esse pretexto, a dupla novamente buscou o Governo Federal e, através do Ministério do Esporte, conseguiu a verba – em torno de R$ 1 milhão – para construir a câmara e adquirir a aparelhagem necessária. Entretanto, para Osório, como o LAPAS fica na Universidade, é ideal também que o la boratório seja usado no ensino e na pesquisa – além de aplicar o conhecimento no esporte. A metodologia pode ser ainda eficaz no tratamento de doenças, porém é pouco explorada no contexto atual da medicina. Doenças cardiovasculares (como hipertensão arterial), colesterol alto, diabetes, doenças respiratórias, por exemplo, poderão ser tratadas nos laboratórios associados ao LAPAS e já estão em atividade no CEFD.

Com o laboratório em funcionamento, a pesquisa dos professores procura produzir um aumento do desempenho físico, tendo como objeto de análise atletas de alto nível, inclusive desportistas do cenário olímpico. Após o treinamento realizado durante dez dias no LAPAS, a ciclista Clemilda Fernandes conquistou o quarto lugar no Campeonato Pan-Americano no México, ocorrido neste ano. Com o resultado, ela assegurou o índice necessário para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, que ocorrerão em 2015.

“Quando a equipe da ciclista chegou, comentaram que esperavam uma sala com um ar-condicionado e se surpreenderam com a estrutura. Fizemos então o treinamento em dez dias, o que já foi suficiente para render o excelente resultado. A partir disso, a Confederação Brasileira de Triathlon já manifestou interesse em utilizar o Laboratório”, comenta Freire.

Aos desportistas que desejam participar de competições, o laboratório é fundamental no processo prático, tendo em vista simular locais com condições climáticas distintas às usuais de treino. “Quando os atletas praticam esportes em condições adversas e ainda sem preparação, colocam em risco a sua própria saúde. Então estamos dando a oportunidade para quem quiser se preparar de forma adequada”, afirma Osório. Além disso, há um leque de possibilidades que se abrem tanto para o progresso de atletas – para os quais o programa é destinado – quanto para a população em geral que busque essa experiência. “É uma estrutura única no Brasil, comporta uso de cadeira de rodas e bicicletas na esteira, que simula subida, descida e outros possíveis cenários. Isso é prestígio para a universidade, gera novos recursos e melhorias no CEFD e em toda UFSM”, complementa Freire.

Os alunos também poderão ter acesso ao moderno laboratório para fins de estudos. Grupos de pesquisa da Universidade também terão a possibilidade de participar de projetos no LAPAS. Porém, como o projeto foi financiado pelo Ministério do Esporte, o enfoque será na preparação de atletas. Os responsáveis do Laboratório têm o compromisso de enviar ao governo relatórios que comprovem a eficiência e a fidelidade ao projeto, para que investimentos continuem a ser feitos no CEFD.

Além dos benefícios à pesquisa, o LAPAS é um primeiro passo para a construção de um Centro de Treinamento. Com as infraestruturas necessárias, o objetivo é que a UFSM se torne um polo de preparação de atletas na América do Sul. “O objetivo é fazer um centro de treinamento completo, com um prédio adequado, laboratórios e dormitórios”, diz Freire. Osório complementa essa ideia: “O setor da hotelaria precisa ser melhorado, já que Santa Maria fica totalmente fora do eixo Rio-São Paulo. A ideia principal é procurar pessoas interessadas daqui, para que possamos desenvolver a região e tornarmos a cidade e a Universidade referências”. Com um futuro ambicioso, o CEFD deverá receber atletas olímpicos em preparação para os Jogos de 2016, no Rio de Janeiro. Esse é o primeiro passo a fim de abrigar uma quantidade maior de atletas. Além disso, há a possibilidade de desenvolvimento de pesquisas ligadas à saúde e à performance esportiva

ENTENDA A HIPOXIA:
– É uma redução no teor de oxigênio no sangue, seja ela por um processo natural devido ao ambiente, ou simulado.
– Com menos oxigênio, o corpo perde potência muscular, logo, os atletas de alto rendimento precisam se adaptar ao novo cenário.
– Para que isso ocorra os atletas treinam em altitude, que pode ser simulada no LAPAS.

 

 

Bastidores da .TXT – Comunicação entre Centros

Interação. Foi assim que abordamos nossa reportagem para a revista .TXT, uma oportunidade de conhecer e entender o trabalho feito no Centro de Educação Física e Desportos – CEFD. Para muitos de nós, alunos da Comunicação, o esporte não é uma área tão admirada ou estudada. Para outros, trata-se de uma paixão, a paixão pela atmosfera, pelo que representa o esporte para a sociedade que o envolve.

Foi com essa paixão que surgiu a ideia de pautarmos a inauguração do Laboratório de Performance e Ambiente Simulado, o LAPAS. Ao batermos os olhos, não passava de uma sala enorme e metálica, com uma esteira que caberia duas pessoas correndo. Porém, após conversar com os professores Luiz Osório Cruz Portela e Jorge Luiz Palma Freire, vimos o quão importante esse “esteirão” é para um trabalho excepcional e único no Brasil.

No LAPAS, os professores realizam mais de uma pesquisa para a UFSM. Uma delas é a questão da hipóxia. Mas o que é a hipóxia? É um método de preparação física onde o atleta é submetido a um ambiente simulado, com redução no teor de oxigênio no ar, simulando um ambiente de altitude, por exemplo. Como esse, é possível simular qualquer tipo de ambiente, seja ele mais quente, mais gelado, com menos oxigênio, altitude, enfim, infinitas variáveis dentro de um único laboratório.

O mais impressionante é que esse laboratório é pioneiro no Brasil! As Confederações de esportes a nível nacional, principalmente nos esportes olímpicos, tem como costume mandar os atletas brasileiros para treinar no exterior. Com o LAPAS, é possível que Santa Maria e a UFSM se transformem num polo esportivo do país. Já passaram por aqui atletas do Ciclismo, em preparação para competições visando os Jogos Pan-Americanos de 2016, no Rio de Janeiro, e também atletas do Triathlon.

O método da hipóxia é conhecido já dos jogadores de futebol, por exemplo. Clubes como o Grêmio, Corinthians, São Paulo e outros grandes do futebol brasileiro realizam testes e exames em jogadores contratados utilizando esse método. Quem sabe, num futuro próximo, os jogadores da dupla que faz o futebol da cidade – Riograndense e Internacional de Santa Maria – possa fazer uso do LAPAS para melhorar a performance de seus atletas.

Enfim, foi muito enriquecedor para a nossa formação como jornalistas, principalmente por abordar uma questão que tanto nos agrada: o esporte. Poder ver in loco esse tipo de procedimento dentro da Universidade nos mostra que estamos num ambiente diferenciado e que possibilita um aprendizado enorme, basta procurar nos lugares certos.TXT

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