Lenon de Paula – lenonmpaula@yahoo.com.br
Quando o assunto é tecnologia aplicada à defesa, tem-se a UFSM como uma referência nacional. o acordo firmado com o exército no ano passado proporcionou uma relação que só se fortalece entre ambas as partes: a de cooperação para o desenvolvimento tecnológico na área de defesa.
O acordo corresponde a um Memorando de Entendimento e faz parte de um projeto mais amplo no qual estão incluídos vários subprojetos que envolvem a criação de simuladores para veículos em desenvolvimento e a modernização dos já existentes.
A assinatura do Memorando de Entendimento ocorreu no dia 30 de agosto de 2013, no Centro de Instruções de Blindados (CIBld), e contou com a presença do chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, general de Exército Sinclair Mayer; do Comandante da 3ª Divisão de Exército, general Geraldo Miotto; do ex-reitor da UFSM, professor Felipe Müller; entre outras autoridades militares e convidados. Este foi o primeiro Memorando de Entendimento estabelecido no estado e o oitavo no Brasil. Segundo o general Mayer, este é o maior acordo já firmado entre o Exército e uma universidade pública, o que torna a UFSM o centro dos projetos militares.
Conforme o professor do Centro de Tecnologia (CT), João Baptista Martins, após um ano da assinatura do memorando, um grupo formado por seis professores e quatro alunos, todos do CT, trabalham no primeiro subprojeto: a modernização do Dispositivo de Simulação e Engajamento Tático (DSET), no valor de quase R$ 2 milhões. Trata-se de um laser posicionado no canhão dos blindados Leopard 1A5 que simula a trajetória de uma munição real. O DSET utilizado atualmente faz o processamento e registro dos dados do tiro simulado (velocidade, angulação do canhão, margem de erro, entre outros dados) através de uma impressora térmica localizada internamente em cada blindado e, para fins de análise, é necessário recolher as impressões após o exercício de simulação para verificá-las lado a lado. Para não haver erros na interpretação da análise, essa tarefa é feita minuciosamente, de forma a tornar este processo lento e custoso. Além disso, os dados impressos são compostos por abreviaturas no idioma alemão, o que também dificulta a efetividade do processo de interpretação.
O trabalho de modernizar este dispositivo ocorre desde janeiro e pretende aprimorar esta tecnologia em dois principais aspectos: transmissão dos dados e idioma. Atualmente se faz necessário dispor todas as impressões do DSET em uma mesa e analisar detalhadamente os dados apenas após a simulação, além de enfrentar a barreira dos dados em alemão. Com a modernização proposta pelos pesquisadores do CT será possível transmitir os dados da simulação em tempo real para um receptor móvel, de forma que a interpretação da análise ocorra simultaneamente aos tiros disparados pelo dispositivo de simulação. Além disso, os dados processados poderão ser transmitidos em três idiomas: português, espanhol e inglês. Assim, será estabelecida uma redução significativa do tempo de treinamento, tanto no processo de transmissão dos dados para a análise como no processo de interpretação, facilitado pela incorporação do idioma português ao dispositivo. A modernização do DSET deve estar concluída no final de 2015
Bastidores da .TXT
Fazer essa matéria me proporcionou conhecer melhor a cooperação entre a UFSM e o Exército, acordo este que presenciei a assinatura em agosto de 2013. Desde então, esse meu entusiasmo por tecnologia vem só aumentando. Sendo o primeiro acordo a ser firmado com uma universidade pública, e também o mais abrangente, resolvi detalhar o que aconteceu em quase um ano após a assinatura.
Antes de apurar as informações, pude reparar que os meandros do acordo, os projetos que o constituem, não eram muito pautados pela mídia local. Contatei algumas fontes da área de desenvolvimento e tecnologia, que já havia entrevistado anteriormente para outras matérias, e me indicaram o professor João Baptista. Este, que faz parte da equipe de professores que atuam com o Exército, me recebeu em sua sala, no prédio anexo ao CT.
Após a entrevista, fui em busca de mais detalhes (e também imagens) do Dispositivo de Simulação e Engajamento Tático, o DSET, no Centro de Instruções de Blindados General Walter Pires, o CIBld, localizado na Vila dos Quartéis, bairro Boi Morto. O Ten. Cel. Alex de Mesquita, comandante do CIBld, me recebeu e me acompanhou até o pavilhão de simulação, onde se encontravam vários equipamentos de simulação do blindado Leopard 1A5, dentre eles o simulador de procedimentos de torre (a parte superior de um blindado, onde fica o canhão), uma plataforma idêntica à original. Nesta plataforma estava instalada o DSET, onde registrei as imagens dispostas na galeria acima.
Lidar com notícias ligadas à tecnologia exige muita cautela na hora de redigir, pois necessita ser coesa e bem explicada para a compreensão geral. Há muitos termos técnicos, e a informação precisa estar apta a intelecção do leitor, que nem sempre entende do assunto ou sabe como funciona determinada tecnologia. Entretanto, este foi um desafio que contribuiu para a redação desta matéria.TXT