Lenon de Paula – lenonmpaula@yahoo.com.br
Marina Fortes – marifortesb@gmail.com
O ano de 2014 representa uma grande conquista para a Universidade Federal de Santa Maria. No dia 20 de junho, foi lançado no espaço o primeiro satélite brasileiro: o NanoSatC-BR1, o CubeSat – termo que designa os satélites miniaturizados e no formato de um cubo – desenvolvido em uma parceria entre a UFSM e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), sendo financiado pela Agência Espacial Brasileira (AEB),
Em 2007, o pesquisador do Inpe, Dr. Nelson Jorge Schuch, criou a documentação básica para o desenvolvimento do primeiro nanosatélite da UFSM. O projeto foi idealizado para visar a inovação e a autonomia tecnológica para desenvolvimento dos estudos no ramo aeroespacial, o que inclui a capacitação de recursos humanos a partir da experiência acadêmica. O principal objetivo era criar as missões, definir a carga útil, e explicitar o motivo de lançar o satélite. A partir daí, foi determinado que o NanoSatC-BR1 faria a capacitação operacional de novos recursos tecnológicos e de monitoramento das condições geomagnéticas sob o território brasileiro: do eletrojato equatorial, uma intensa corrente elétrica situada na altura de 100 quilômetros que circunda o planeta e atravessa o Brasil perto da linha do Equador, e a anomalia do Atlântico Sul, que é uma depressão na intensidade do campo magnético.
Como a universidade não possuía na época um curso de Engenharia Aeroespacial, foi necessário abrir uma licitação internacional para a aquisição da plataforma (a estrutura do satélite). Uma empresa holandesa, especializada no desenvolvimento dessas estruturas, ganhou a licitação, e o processo de produção do satélite e da sua carga útil foi realizado em uma parceria entre Inpe, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), UFSM, e a Santa Maria Design House (SMDH), empresa vinculada à universidade e especializada no desenvolvimento de circuitos integrados (chips).
Por iniciativa do Inpe de São José dos Campos-SP, foi solicitado um circuito integrado específico, que precisaria ser testado no espaço. A SMDH aceitou o desafio e desenvolveu o circuito que, hoje, está no NanoSat. A UFRGS também criou um sistema que integra o nanosatélite da UFSM. Os dois sistemas foram financiados pelo Centro de Tecnologia de Informação Renato Archer.
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As missões do NanoSatC-BR1 são científica e tecnológica. A científica consiste em utilizar o magnetômetro para medir a intensidade dos campos eletromagnéticos citados acima, já a missão tecnológica é testar e qualificar esses dois circuitos desenvolvidos pela Santa Maria Design House e pelo grupo de microeletrônica da UFRGS. Em paralelo, a frequência e a comunicação com o solo também serão testados. Para o BR1, o Inpe adquiriu duas estações: uma no próprio Instituto na UFSM e outra no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em São José dos Campos, São Paulo.
Pesquisadores, alunos de graduação, mestrado e de doutorado integram a equipe que criou o NanoSatC-BR1. Segundo Schuch, após o lançamento do NanoSatC-BR1, iniciou-se o desenvolvimento do BR2: “ele tem o dobro do tamanho e da massa do BR1. As suas missões serão mais sofisticadas, porque o primeiro foi planejado para ser feito da forma mais simples possível, para que nós e os alunos passássemos pela experiência de planejar e desenvolver uma missão espacial, a lançar e a monitorar. Nós conseguimos fazer isso”, orgulha-se o pesquisador.TXT
Confira no vídeo abaixo trechos da coletiva de imprensa que ocorreu dia 24/06/2014 na UFSM (Créditos: TV Campus)