Gustavo Martinez – gustavopm34@gmail.com
Nícolas Limberger – nicolas.limberger@live.com
“Minha vida é aqui”, é como Hélio Jesus Costa define sua relação com a Universidade Federal de Santa Maria. Funcionário da PRAE há mais de 34 anos, “Índio” como é popularmente conhecido, mantém uma relação quase fraternal com os moradores da Casa dos Estudantes. Índio chegou de Santana do Livramento com apenas 13 anos, quando ainda tinha em mente servir na Base Aérea de Santa Maria. Após se adaptar com facilidade à cidade, ele decidiu seguir a vida por aqui. Hélio chegou ao setor de manutenção da Casa após trabalhar 21 anos no Hospital Universitário, assumindo uma posição que, segundo ele, poucos se dispõem devido à grande demanda de carga horária. Índio chega à universidade pela manhã e só almoça em casa alguns dias. Costuma passar a maior parte de seus turnos em seu escritório localizado no bloco 23. Alega que ele é o último a deixar a universidade: “Se for Natal, fim de ano, duas horas da manhã, se tocar o telefone eu venho para cá resolver”.
Carismático e comunicativo, Índio comenta as dificuldades que os jovens enfrentam em suas moradias, sejam problemas de convívio entre os moradores ou emocionais. É visto como um padrinho, “eu sei coisas dos alunos que nem os psicólogos sabem”, afirma. Um exemplo são os adolescentes que estudam no Politécnico e no CTISM que, por serem menores de idade (o setor para menores de idade recebe cerca de 70 estudantes por semestre), geram maiores preocupações para os responsáveis. Aflições essas partilhadas por Índio, que diz sofrer junto com os pais, já que começar uma vida acadêmica com essa idade é complicado, ainda mais devido ao fato de morarem sozinhos. Índio comenta também o caso de acadêmicos que possuem um grande poder aquisitivo e que acabam, de alguma forma, conseguindo vagas para moradia, deixando estudantes que deveriam ser realmente beneficiados com a oportunidade, de fora.
A preocupação de Hélio com os estudantes é tão profunda que já chegou a emprestar utensílios pessoais para que alguns pudessem se manter no Campus, assim como dinheiro e conselhos, motivando os alunos a permanecer na universidade. Apesar de ser muito amigo de todos os moradores, Índio faz questão de deixar claro que acima de tudo é um funcionário da instituição. Sempre que precisa fazer manutenções nos quartos, ou por qualquer motivo retirar estudantes de seus alojamentos, Hélio não hesita. Mas os moradores entendem que ele deve cumprir suas obrigações.
Uma das grandes paixões de Índio é viajar de moto. Com muita empolgação, lembra a viagem que realizou sozinho até o Uruguai e planeja uma longa jornada até o lugar que sempre sonhou em visitar, o deserto do Atacama. Perto de se aposentar, Hélio comenta que passará o resto de seu tempo na estrada, viajando e conhecendo novos lugares.TXT