Luíza Tavares – violetalu@hotmail.com
Há 28 anos, Eulália Maria Fantinel, conhecida carinhosamente pelos colegas como “Dona Lala”, trabalha como copeira do Gabinete do Reitor da UFSM. Com alegria, ela fala sobre o seu trabalho na reitoria e o cuidado que tem para sempre servir bem as pessoas.
A história de Eulália começa na cidade de Dona Francisca, em 22 de julho de 1940, data de seu nascimento. Logo, mudou-se para Formigueiro e, em 1975, passou a viver em Santa Maria, onde ficou por pouco tempo. Eulália foi morar com uma tia, em Brasília. Quando voltou a Santa Maria, arranjou um emprego no Hospital Veterinário, em que permaneceu por dois anos. Sua próxima ocupação foi na reitoria, de onde não saiu mais.
Eulália já se aposentou, mas foi recontratada como copeira. Nesses anos, presenciou mais de uma mudança de gestão das empresas terceirizadas responsáveis pela prestação do serviço: primeiro a André Alves, em seguida a Moura, a TRT e agora a Sulclean. Independente da terceirizada, Dona Eulália segue o seu trabalho: “eu faço o que eles pedem, não há conflito”, ela conta.
Em quase 30 anos, vários foram os protestos que aconteceram na reitoria: “uma vez, tentaram derrubar a porta do Conselho. Eu e o guarda seguramos, entre duas pessoas, o horror que estava lá fora, mas não tivemos força. Derrubaram e quebraram a porta em cima da gente, mas não nos machucamos. Isso foi na época do professor Sarkis. Várias reuniões já foram canceladas por causa de protestos, porque tomavam conta do Conselho. Foram muitos protestos, tanto de estudantes quanto de funcionários.” Ela, resignada, completa: “Eu só acompanho, não posso e nem tenho por que protestar.”
Eulália conta que, até aos sábados pela manhã, se tem alguma reunião importante, ligam para ela e ela se arruma rapidamente, enquanto a Universidade encaminha um transporte para buscá-la. Ela já conhece os gostos de cada um: “Para a xícara do professor Felipe, adoçante; Já o professor Burmann, prefere sem açúcar”. Para ela, com açúcar, “gosto do café doce”, conta. “O falecido João Manuel, chegava pela manhã e sentava em um banquinho, eu servia café para ele, ele me contava o que havia de diferente pra que eu ficasse atualizada. Ele era chefe de Gabinete.”
Mesmo de poucas palavras, Dona Eulália conquistou um carinho grande pelos colegas, a recepcionista da reitoria conta que, no dia das mães, todos os colegas de trabalho parabenizavam dona Eulália, e ela, mesmo sem ter filhos, agradecia sorridente. E, enquanto puder, pretende continuar a servir diariamente o tão apreciado cafezinho.
Bastidores da .TXT
Logo na recepção da reitoria, questionei onde poderia encontrar a dona Eulália e, primeiramente, me encaminharam para outro setor, porque não esperavam que, como jornalista, eu tivesse interesse em entrevistar a copeira. Fiquei surpresa com a reação, e expliquei que a Dona Eulália trabalha há quase 30 anos na reitoria e que ela havia sido escolhida para o perfil da TXT.
Escrever, em poucas linhas, a história de vida de alguém não é um tarefa fácil: além da dificuldade de selecionar as perguntas sem ser impertinente, há, também, o cuidado com as informações que serão divulgadas, principalmente se os relatos envolvem ou afetam outros além do entrevistado. Dona Eulália não é de muitas palavras e fala com cautela sobre sua trajetória na reitoria; embora envergonhada, ela contou, com prazer, sobre seu trabalho. A entrevista foi breve, e dona Lala, apelido carinhoso dado pelos colegas de trabalho, respondeu atenciosamente as perguntas.TXT