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Alimentos na UFSM… uma produção que ensina



Diariamente são produzidos diversos produtos consumidos em Santa Maria e em outras cidades do Rio Grande do Sul.

Dafne Lopes – dafnemlopes@yahoo.com.br
Giulia Pozzobon – giulia.pozzobon@hotmail.com

Cortes de carne, leite, queijo e iogurte. Esses alimentos e tantos outros são produzidos todos os dias na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Os industrializados têm qualidade garantida e no processo produção servem como fonte de conhecimento para os alunos. Já na sua comercialização atendem a uma parcela da comunidade santamariense e de escolas, creches e presídios do Estado do Rio Grande do Sul.

 Colégio Politécnico

Um dos locais onde há produção e comercialização de alimentos é no Colégio Politécnico da UFSM. O curso Técnico em Agroindústria é o responsável por essa produção. Nos laboratórios ou na Usina Escola, funcionários, estagiários, bolsistas e alunos transformam a matéria-prima em seus derivados.

No laboratório de carnes são utilizados de 300 kg a 500 kg de carne suína e bovina por semana. Diariamente, mais de mil frangos são abatidos. Além disso, são fabricados diversos produtos derivados do leite. A produção gerada a partir dessa matéria-prima resulta em produtos de qualidade, que são comercializados nas terças e quintas-feiras, no próprio Colégio.

Da carne suína, a mais utilizada nos laboratórios, são produzidos aproximadamente 16 produtos, entre eles o salame, a linguiça toscana e a campeira, o salsichão e os cortes de costela, paleta, lombo e pernil. Da carne bovina são feitos os hambúrgueres e os cortes de filé, costela e paleta. Dos frangos, que são fornecidos pelo curso de Técnico em Agropecuária, são produzidos os cortes de coxa, sobrecoxa e peito.

Iogurte, bebida láctea, doce de leite, diversos tipos de queijo, como queijo minas frescal, prato, coalho e ricota são produzidos pelo curso Técnico em Agroindústria, no laboratório de leites. O leite utilizado para a produção dos produtos é comprado do Tambo da UFSM.

O curso Técnico em Agroindústria

No ano de 2000 foi criado, no Colégio Politécnico, um curso técnico voltado para o estudo da produção agroindustrial. Em 13 anos de história, o curso Técnico em Agroindústria já formou diversos profissionais capacitados para atuar em diversos ramos do mercado de trabalho. Com uma das melhores estruturas em estudo de carnes e um espaço em expansão no quesito leites, o curso técnico, a partir do segundo semestre, oferece ensinamentos sobre o processamento, a tecnologia e a produção dos alimentos.

Além das atividades nos laboratórios de carnes e leite, os alunos aprendem a processar frutas e hortaliças em outro laboratório. Lá, eles podem conhecer a produção de geleias, molhos, doces cremosos e doces em calda, por exemplo. Os processos de panificação também são aprendidos nos laboratórios. Já os alimentos produzidos no processamento de frutas e hortaliças e na área de panificação, em geral, não são vendidos porque são produzidos em pequena quantidade.

Segundo o coordenador do Curso Técnico em Agroindústria, professor Volmir Polli, o curso ainda é pouco conhecido: “O nosso grande problema, no curso de Agroindústria, é que a sociedade pouco conhece. Muitas pessoas acham que o curso é aprender a fazer salame, queijo, geleia, mas a agroindústria é mais ampla do que isso.” Segundo ele, o técnico em agroindústria se preocupa em transformar a matéria-prima em derivados, e essa matéria-prima pode ser para produtos comestíveis e não comestíveis. Todo o processo de transformação da matéria-prima da atividade primária em outro derivado é um processo agroindustrial.

UNI-COOPERTERRA

Através de um contrato firmado entre a UFSM e a Cooperativa Regional da Reforma Agrária Mãe da Terra (Cooperterra) em 2010, começou a produção de alimentos na Usina Escola da Universidade, com a marca UNI-Cooperterra.

O contrato foi feito através de um termo de permissão de uso, em que a Universidade cede a Usina Escola, e a Cooperterra tem como responsabilidade, a produção, a mão de obra e a logística.

O leite é o principal produto utilizado na produção, e atualmente são utilizados 10 milhões de litros por ano. Com ele são produzidos iogurtes, doce de leite, doce de leite com chocolate, bebida láctea, nata, queijo minas frescal, queijo minas padrão, queijo lanche e sorvete, além de leite desnatado e integral.

Ao chegar na Usina, no caminhão da Cooperativa, o leite é transferido para o tanque que dá inicio ao processamento para a produção dos derivados. Todo o leite comprado passa por um teste de qualidade no laboratório da própria Usina, na UFSM.

Segundo o gerente de administração e finanças da Cooperterra, Vilmar Gomes, 97% da produção é destinada para o consumo escolar e os outros 3% são destinados para hospitais, presídios e para o ponto de venda localizado na entrada da UFSM. A Cooperativa é parceira no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome e no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), programa que define que 30% dos alimentos comprados para a merenda escolar sejam oriundos da produção de agricultura familiar. Devido a esta parceria, a maior parte da produção é destinada às escolas da região central do estado, e, também, da região metropolitana de Porto Alegre.

Uma parte do leite é comprada de produtores da agricultura familiar e assentados de Santa Maria e região. A maior parte vem de Tupanciretã, cidade sede da Cooperativa. A Usina conta com 20 funcionários da Cooperterra para produção e administração, além de estagiários de vários cursos da UFSM e de outras instituições de ensino do estado.

De acordo com a gestora do contrato UNI-Cooperterra e única funcionária da UFSM que trabalha na Usina, Rosane Maria Coradini Noal, esse contrato também é vantajoso para a Universidade. “Para a UFSM é muito importante. Em primeiro lugar pelos nossos estagiários. Recebemos alunos dos cursos de Farmácia, Agronomia, Zootecnia, Medicina Veterinária, Tecnologia em Alimentos, Química e Engenharia Química. Atendemos também estagiários de outras instituições de ensino”.

O relacionamento da Universidade com os produtores rurais e com a comunidade é outro aspecto destacado por Rosane. Segundo ela, 54 produtores da região de Santa Maria vendem leite para a Cooperterra: “Se o contrato não existisse, esses pequenos agricultores não teriam espaço no mercado, porque empresas grandes não se interessam por pequenas produções”, destaca a funcionária.

A Cooperativa

A Cooperterra foi criada em 2002 por um grupo de pequenos agricultores e famílias assentadas da reforma agrária, dos municípios de Pinhal Grande, Jóia, Júlio de Castilhos e de Tupanciretã. O objetivo da Cooperterra é auxiliar os produtores através da venda coletiva de seus produtos, principalmente do leite. A Cooperativa já investiu quase R$ 500 mil em melhorias na Usina Escola para compra de maquinário e modernização do local. Devido ao investimento, a Cooperativa pretende, em dois anos, concorrer novamente no processo licitatório de concessão do local.

Como comprar:

Técnico em Agroindústria

Local: Colégio Politécnico da UFSM

Horário: Terças e quintas- feiras das 8h às 11h30 e das 14h às 17h

Produtos: Cortes de carnes suína, bovina e de frango, hambúrguer, salame, linguiça toscana e campeira, salsichão, iogurte, bebida láctea, doce de leite, queijo.

UNI-Cooperterra

Local: Entrada da UFSM, próximo da ATU

Horário: Segunda-feira à quinta-feira das 8h às 12h30 e das 13h30 às 18h

Sexta-feira das 8h às 12h30 e das 13h30 às 17h30

Produtos: Leite integral, leite desnatado, iogurte, bebida láctea, doce de leite, doce de leite com chocolate, nata, queijo minas frescal, queijo minas padrão, queijo lanche e sorvete.

 

Bastidores da .txt

Após conversa com os entrevistados, visitamos os locais de produção dos alimentos. Nos laboratórios do Colégio Politécnico da UFSM e na Usina Escola, pudemos ver de perto o cuidado que existe para garantir a qualidade dos produtos. Dentre esses cuidados, a higiene é o principal. Para conversarmos com os funcionários e fotografarmos os processos de produção, precisamos usar jaleco, touca e botas de borracha.

Outro aspecto que chamou a atenção foi a preocupação com a limpeza de todos os materiais que estão envolvidos neste processo. Vimos, diversas vezes, os funcionários, bolsistas e professores higienizando o maquinário e os instrumentos utilizados na produção desses alimentos.

Na apuração desta matéria, além de vivermos na prática o trabalho jornalístico, pudemos aprender que inúmeros processos são necessários para a produção de alimentos. A responsabilidade e o respeito com o consumidor são, com certeza, elementos que fazem a diferença na qualidade do produto.

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