Lucas Pereira Elias, estudante de Artes Visuais na UNESC, é o ilustrador da próxima edição da revista O QI e seu trabalho inspirado pelo Realismo Americano, Tropicalismo – entre outros movimentos – é algo que você precisa conhecer. Lucas desenha desde pequeno e em entrevista para a O QI conta sobre como a faculdade de Artes Visuais o ajuda como artista e suas inspirações.
O QI: Por que decidiu cursar Artes Visuais?
Não sinto como sendo um momento decisório, mas sim uma construção narrativa desde a infância e adolescência. Eu era um garoto tímido de cidade pequena que estava se descobrindo LGBT, e que gostava de criar histórias com seus brinquedos, desenhar e pintar. Com a conclusão do ensino médio, pensei em ingressar em outros cursos, como Design e Arquitetura, por possuírem maior mercado de trabalho e estabilidade financeira. Porém, com o acesso a algumas pesquisas vi que o que realmente influencia na contratação no mercado de trabalho era a produção de conteúdo, criatividade e inovação. Esses dados alinhados a minha entrega e amor a arte fortaleceram minha decisão de prestar a faculdade de Artes Visuais. Porém sempre me mantenho atento a novas oportunidades e, principalmente, continuo a produzir para ter material de portfólio.
O QI: Como o curso tem te ajudado como artista?
A experiência de estar ocupando um ambiente onde a arte é tema central em todas as discussões é algo muito inspirador, florescendo reflexões e percepções singulares do mundo. Faz com que a minha prática artística, sendo um reflexo direto e pessoal do meu eu, permita-se materializar de formas diversas, mais fundamentadas academicamente, técnicas e críticas.
O QI: Há quanto tempo você trabalha como ilustrador?
Desde criança. A maior parte das crianças desenham, porém, com o desenvolvimento de suas linguagens e sentidos, a percepção do mundo se torna algo baseado no que é visto e assim muitos adolescentes deixem de desenhar por não conseguirem reproduzir uma realidade concreta como a que é vista. Entretanto, a minha produção de desenhos possuía a intenção de representar questões internas, era um desprendimento com a realidade, uma fuga, talvez até um momento de meditação, no qual me aproximava de mim mesmo. Esse contato pessoal com o tempo absorveu novas linguagens, começando pelo desenho de grafite e nanquim, depois evoluindo para tinta acrílica, tinta à óleo, bordado e o audiovisual na produção de curtas-metragens.
O QI: Fale um pouco sobre o seu estilo de desenho. Quais são suas referências estéticas?
Os desenhos na contemporaneidade, em sua maioria, não possuem um estilo que limite ou caracterize por completo suas obras, pois muitos artistas são autodidatas. Diferente de antigamente, as escolas de arte hoje possuem o intuito de apresentar e ensinar novas técnicas e conceitos, não padronizando a produção artística em um único estilo. Me inspiro no acaso do movimento Dadaísta, no Surrealismo, Realismo Americano, Pós-Impressionismo e no Tropicalismo. Também me inspiro na paleta de cores de Van Gogh, literalidade das obras de Frida Kahlo, Bo Bartlett e em alguns artistas brasileiros como Leonilson, Nestor Jr e Adriana Varejão.
Atualmente Lucas mora em Sombrio, Santa Catarina e você pode conferir mais do trabalho dele no instagram.
Publicado originalmente no blog do WordPress em 13 de Junho de 2019