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ENTREVISTA COM EGRESSOS – STEFANY E LUCAS RESENDE



     Em mais uma entrevista da série de matérias com profissionais envolvidos no setor de editoração, o site da O QI apresenta uma conversa com dois egressos da disciplina Projeto Experimental em Revista Científica, centrada na produção das edições da O QI: Stefany Paschoal, designer desde o começo da graduação e que, na última O QI, atuou como designer nas redes sociais em parceria com o Projeto Gráfico; e Lucas Resende, ilustrador que colaborou na mesma edição na equipe de Projeto Gráfico.

     Lucas recordou como foi definir qual conceito seria seguido para poder trabalhar em um projeto gráfico baseado nessas diretrizes, enfatizando o tom democrático da tarefa: “nas primeiras aulas, começaram a surgir os debates. A gente apresentou algumas temáticas (…), os grupos acabaram apresentando várias e a gente foi debatendo em cima dessas decisões”. Stefany complementa o que o seu grupo, com a ideia que foi escolhida pela turma, pensou em “trazer alguma coisa voltada para design, para criação, porque ainda não tinha nenhuma temática na revista falando sobre isso. A gente trouxe vários conceitos de design, queríamos abordar todos, mas fomos afunilando. Chegou em um ponto de trazer o design e a acessibilidade: um assunto que nunca tinha sido falado na cadeira, nunca tinha sido colocado em prática. A gente juntou essas duas ideias. A [ideia] da acessibilidade foi a turma que definiu junto”. A construção da identidade visual da edição em questão foi trilhada em uma maturação constante, segundo Lucas: “dá bem para ver pela rede social, porque ela começa de uma forma, (…) depois, eu lembro que a gente começou a debater usar as cores da Adobe: o azul [do Photoshop], o rosa do InDesign, [o amarelo] do Illustrator. (…) Depois a gente definiu que iríamos usar só o azul, porque a gente tinha batido o martelo na temática”.

     Stefany comenta a respeito da necessidade de conciliar as ideias com os recursos financeiros: “pensando no orçamento na época, também sairia muito mais barato a revista ser impressa somente com uma chapa de cor do que a gente usar todas que tinham na época”. Sobre como foram definidas as atribuições e as ideias, Lucas relata: “cada equipe tinha um líder. O líder do ano passado foi o Lucas Braga e ele foi genial, conseguiu separar direitinho as funções de cada membro da equipe e foi bem democrático. A gente debatia bastante e via quais possibilidades a gente podia usar. (…) Claro que muitas cabeças pensantes, a gente acaba entrando em alguns conflitos: algumas ideias vêm, mas não cabem. Gera algumas discussões saudáveis, para debater a identidade da revista. Foi bem bacana esse processo”.

     Stefany comenta sobre como foi imergir no trabalho com acessibilidade: “eu tinha uma noção, porque na cadeira de Publicações Científicas, que eu fiz junto com o Lucas a parte de design, tivemos que aplicar a parte de descrever imagem (…). Mas se eu dizer que sabia, vou estar mentindo. Na época, era novidade para toda a turma, era novidade até para a Cláudia Bomfá, a professora. Com o tempo, ela estava sentindo falta de saber mais e chamou pessoas para fazer palestras”. Lucas completa que o ponto da acessibilidade foi o ponto mais marcante da edição: “no curso, a gente explora algumas coisas de acessibilidade e na O QI do ano passado a gente quis implementar isso, destacar em todo o projeto da revista. (…) A gente precisava que pessoas com deficiência testassem, checar se estava realmente funcionando. Foi bem trabalhada e estudada essa questão da acessibilidade, principalmente para o projeto impresso, o projeto gráfico”. Stefany resgata mais detalhes: “focamos bastante em quem tem daltonismo. A gente trouxe o ColorADD, mas não deu tempo de aplicar do jeito que a gente gostaria. Na época, eu dei a sugestão até de a gente criar o nosso estilo de ColorADD, nós criarmos as nossas formas de identificação. Só que como a gente já estava no final do projeto pensamos: ‘a rede social vai ter uma identificação e a revista vai ter outra?’ Não dá, então a gente acabou descartando isso. Nas redes sociais, a acessibilidade para daltonismo pecou pela falta de comunicação que a gente teve com o pessoal da ColorADD, que precisava permitir e conferir se estava tudo certo. Esse processo era impossível de ser postado na rede social de uma semana para a outra. Já na revista, foi aplicado o ColorADD e funcionou, eles aprovaram, estava tudo perfeito”.

     Lucas explica sobre o ColorAdd: “A ideia do ColorADD veio de um TCC daqui da FACOS. (…) É um sistema que ajuda a facilitar a acessibilidade para daltônicos e pessoas com outras deficiências de visão, identificação de cores e tal. Lembro que para a equipe de projeto gráfico eles foram bem solícitos, o problema era que eles precisavam autorizar e conferir se estava tudo certo. Para a equipe de mídias, não tinha tempo hábil para elas criarem, a gente encaminhar para eles, eles terem o tempo deles de avaliar para ver se estava correto. Se tivesse que fazer alguma alteração, tinha que voltar: elas fazerem a alteração e mandar de novo. Então não dava”. Stefany reforça as dificuldades do contexto: “fora que, se eu não me engano, eles eram de Portugal. Era um fuso horário diferente, era uma função. A gente teve uma ou duas reuniões com eles, aí para eles era um horário e para a gente era outro. Pensamos, ‘não vai dar certo isso aí’”.

     Sobre as inspirações para a criação do projeto, que também se norteava em cidadania, Lucas coloca: “o grupo da Stefany tinha mostrado uma ideia que foi se afunilando até chegar na questão da cidadania. Pensamos muito na questão da rua. A temática era a ‘criatividade como instrumento social’. Cidadania, cidadãos, rua… cores de placa. O nosso jargão era que: ‘A rua fala’”, tomando o metrô de São Paulo como uma fonte de referências. “Teve um momento em que a Ana Cipriani, se eu não me engano, falou: ‘gente, rua: acessibilidade! Como as ruas não são acessíveis para as pessoas que têm deficiência?’, e a gente pensou: ‘é verdade, aqui na UFSM, por exemplo…’”.

     Perguntas sobre como assimilam a experiência na revista, Stefany foca no lado interativo envolvido no processo: “você tem que trabalhar com pessoas e nem todo mundo trabalha do mesmo jeito (…). Por mais que seja uma disciplina, eu tenho o costume de levar as coisas bem a sério quando eu entro em um projeto. A gente só quer que as coisas funcionem como deveriam funcionar, questão profissional. Houve a questão de trabalhar em grupo, saber conversar, saber entender o lado do fulano, o lado do ciclano. Saber falar com os outros grupos para não ter ruído, principalmente com o pessoal do projeto gráfico. Eu me dava muito bem com os dois Lucas. (…) Era uma conversa muito boa, para mim foi uma experiência muito boa essa coisa de trabalhar em grupo principalmente por isso”. Lucas reforça a opinião de Stefany: “pegou uma turma que não fez [a disciplina] na pandemia e foi uma turma bem grande: as equipes estavam bem grandes, e quando tem muita gente que quer dar muitas opiniões — principalmente para construir uma identidade que fica registrada depois — é um pouco complicado lidar. Mas, a gente estuda comunicação. A comunicação tem que ser bem estabelecida para não ter problema! Mas é uma experiência 100% profissional, porque parece realmente uma editora que tem as equipes separadas”.

     Para finalizar o bate-papo, perguntamos sobre o que Stefany e Lucas creem como essencial em um Projeto Gráfico. Ela menciona: “a definição de conceito. Sentar com todo mundo que está participando e falar: ‘qual é a sua ideia?’. Aí, um traz uma ideia aqui, o outro traz aqui… e a gente une, fazendo um projeto gráfico com o conceito bem definido. O resto anda perfeitamente”. Lucas concorda com a importância do conceito trazida por Stefany: “a gente precisa, principalmente quando a gente tem tempo para entregar e finalizar tudo, tentar ser o mais ágil e profissional possível para não ficar ‘ah, eu acho que isso tem que mudar’. Não. A gente define e constrói toda revista a partir dessa ideia. Vamos nos alinhar e fazer tudo certinho! Uma comunicação com as equipes que seja fluida, sem problemas e com o conceito todo”. Stefany conclui: “a partir do momento em que uma pessoa começa a discordar, tem que resolver. Ficar discordando não vai funcionar. Tem que saber conversar, saber aceitar a opinião do próximo para as coisas rodarem bem”.

Você também pode conferir mais momentos dessa entrevista em nosso canal no YouTube! Acesse pelo link https://www.youtube.com/@oqi-revistaexperimental.

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