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A história através das lentes

A evolução da fotografia em Frederico Westphalen e a preservação da memória local



Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria, no campus de Frederico Westphalen (UFSM/FW), Maria Eduarda Fortes começou sua trajetória como fotojornalista em 2020, no Jornal O Alto Uruguai. Em 2023, foi para Porto Alegre e ingressou na equipe de fotografia do Jornal Correio do Povo e, desde março de 2024, trabalha como repórter fotográfica no Grupo RBS, no jornal gaúcho Zero Hora.

Duda Fortes voltou à Frederico para compartilhar seu conhecimento por meio de uma palestra e de uma oficina no campus da universidade, no dia 21 de outubro. Na ocasião, ela abordou temas ligados à fotografia e ao fotojornalismo, destacando a importância da fotografia como ferramenta para contar histórias e construir a memória local.

À direita, a repórter fotográfica Maria Eduarda Fortes, egressa do curso de Jornalismo da UFSM FW

Com a volta da Duda à cidade, é possível pensar sobre a prática da fotografia no município e em como ela começou a ser desenvolvida na região. Os primeiros registros fotográficos locais vieram a partir de Alexandre Panosso, que residiu na antiga Vila Barril, hoje município de Frederico Westphalen, até meados de 1935. Depois dele, chegou Elias Dal Piva, carpinteiro profissional, que comprou as máquinas e tripés de Alexandre. Dal Piva montou um pequeno estúdio fotográfico e, a partir de então, dezenas de acontecimentos foram documentados pela câmera dele, segundo conta o livro Rostos e Rastros no Barril, publicado em 2004 por Wilson Ferigollo, escritor e guia turístico da cidade, hoje com 85 anos.

Em 1947, o Monsenhor Vitor Battistella, sacerdote que ficou conhecido localmente por seu trabalho pastoral e pela construção da Catedral Santo Antônio entre 1942 a 1952, adquiriu uma câmera e começou a fotografar suas viagens e a evolução da região do Médio-alto Uruguai, que começava a se urbanizar.

De acordo com o livro Mons. Vitor Battistella na história de Barril, publicado em 1989 e de autoria de Breno Antonio Sponchiado, o padre nasceu em 1905, em Tapera, município no noroeste do Rio Grande do Sul (RS), e chegou à Vila Barril dia 13 de março de 1932. Após cinco anos de sua chegada ao município, ele partiu em uma viagem de seis meses pela Europa, na qual também fez diversos registros fotográficos. Após seu retorno à cidade, ele fotografou regularmente a construção da Catedral. Batistella faleceu em 16 de maio de 1973, na cidade de Santa Maria (RS).

Vitório Locatelli com sua câmera. Ao lado, outra máquina fotográfica de Vitório | Arquivo Pedro Locatelli

Já em 1948, com a chegada de Vitorio Locatelli e com a evolução das câmeras, a fotografia frederiquense entrou em uma nova fase. Locatelli foi o primeiro fotógrafo a residir e se estabelecer comercialmente na cidade. Nascido em 1901, em Garibaldi (RS), Locatelli tinha a fotografia como profissão em Espumoso (RS), onde residia. Entretanto, percebeu que o trabalho com fotografia nessa cidade não oferecia retorno financeiro suficiente, devido à falta de clientes, e resolveu vir para a Vila Barril. Esta era uma localidade em desenvolvimento, e nela passou a se dedicar à fotografia como profissão principal.

Devido à qualidade de seu serviço, Locatelli criou a primeira casa fotográfica local, na qual ele oferecia um espaço com guarda-roupas para que os moradores pudessem se arrumar para as fotos. Mesmo com poucos recursos e tecnologias, ele transformou o porão de sua residência em seu laboratório. Vitorio faleceu em 1975, em Frederico Westphalen, como relatou seu filho Pedro Locatelli, empresário de 81 anos, morador local e que tem como hobbie a fotografia.

Pedro Locatelli mostrando o livro de seu pai, Vitório Locatelli | Foto: Beatriz Duarte

O Museu Municipal Wülson Jeovah Lütz Farias se destaca como um espaço de preservação da memória local, reunindo uma coleção de câmeras antigas, doadas por moradores de Frederico Westphalen que quiseram contribuir para a preservação da fotografia na região. Essas câmeras representam não apenas a evolução tecnológica do registro fotográfico, mas também carregam memórias de gerações passadas.

A TRANSFORMAÇÃO FOTOGRÁFICA

Joseph Nicéphore Niépce, inventor francês, é considerado o pioneiro da fotografia, pois, em 1826, conseguiu a fixação permanente de uma imagem, em um processo que durou oito horas. Essa técnica foi batizada pelo autor de heliografia. Em 1839, Louis Daguerre desenvolveu a primeira câmera fotográfica, o daguerreótipo.

A invenção de George Eastman, com a Kodak, tornou as câmeras portáteis populares no final do século 19. Essas câmeras que fotografavam em preto e branco foram as que chegaram com os colonizadores da região do Médio-alto Uruguai.

No final do século 20, a digitalização transformou a fotografia. Hoje, as câmeras digitais e os smartphones incorporam diversas tecnologias, como inteligência artificial e sensores avançados, permitindo uma captura mais precisa e criativa das imagens.

Wilson Ferigollo acredita que a evolução dos estúdios de fotografia em Frederico Westphalen reflete essas mudanças. Antigamente, um simples pano branco e algumas luminárias bastavam. Hoje, os estúdios são ambientes criativos, onde o fotógrafo assume um papel de artista, transformando a experiência em algo muito mais sofisticado.

Foto tirada onde hoje está o Instituto Federal Farrouilha (IFFAR) Campus Fredeico Westphalen | Arquivo Wilson Ferigollo

Com a chegada das tecnologias digitais de fotografia, o número de fotógrafos na cidade também aumentou, ao mesmo tempo que o uso de smartphones para registrar o cotidiano fez que com muitas pessoas deixassem de imprimir suas fotos.

O comerciante de fotografia Jorge Luiz Marcon, 63 anos, conhecido socialmente por seu apelido Chapa, iniciou como fotógrafo em Frederico, em 1981. Ele relata: “Aqui tem uma história para contar, porque ela está aqui, impressa. Mas a foto no celular, com o tempo vai acabar sumindo. Eu tive vários casos de celulares que foram roubados, e a pessoa não teve o cuidado de salvar aquelas fotos. E foi junto a história da família, e o que foi embora, não se resgata mais!”.

Texto escrito por Beatriz Duarte e Isabelle Okubo

Frederico Westphalen em cada década

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