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União e reformulação

Instabilidades administrativas marcam o momento do União



As eleições para o novo conselho administrativo do União Frederiquense ocorreram no último dia 28 de outubro, em uma assembleia geral realizada na Câmara de vereadores de Frederico Westphalen. Vinícius Girardi foi eleito presidente do clube de futebol pela terceira vez na história do Leão da Colina, como nos mandatos de 2015/2016 e 2021/2022.

Novo conselho administrativo do União Frederiquense | Foto: Pedro Costa

Juntamente com Girardi, mais nove nomes compuseram os cargos de vice-presidentes do clube frederiquense pelo período de 2024/2026. A chapa composta por pessoas conhecidas do clube como Celso Luís Oliveira, primeiro presidente do time em 2010, e Pedro Gelson da Costa, dirigente de finanças do União desde 2021, foi eleita de forma unânime pelos sócios presentes na audiência pública. Além disso, a instituição ainda definiu os 40 integrantes do conselho deliberativo para os próximos dois anos.

Com o novo estatuto do União Frederiquense, firmado em agosto de 2018, o conselho administrativo do time passou a contar com um presidente e nove vice-presidentes eleitos diretamente pelos sócios do clube.

DIFICULDADES ELEITORAIS

As eleições do União Frederiquense, que ocorrem a cada dois anos desde a criação do clube em 2010, passaram por uma situação inusitada neste último período eleitoral, em 2024. Com a falta de chapas concorrendo pelo comando do time até a virada do semestre, a equipe correu um grande risco de encerrar as atividades por pelo menos três anos, segundo lei da Federação Gaúcha de Futebol.

O próprio Vinícius Girardi, eleito por unanimidade, acredita que não seria o momento ideal para iniciar esse ciclo na presidência do clube. No entanto, devido às dificuldades que o União enfrenta e ao seu amor pela instituição, ele decidiu assumir essa responsabilidade. “A gente está aqui pelo amor que tem ao clube e pela necessidade de fazer um ‘aperto de parafusos’ em toda essa situação que o União está passando”, ressalta o presidente eleito.

A demora para encontrar integrantes que assumissem o conselho administrativo ocorreu num momento em que o clube passa por instabilidades, após uma mal-sucedida tentativa de firmar uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) no ano de 2023.

Com a promulgação da Lei 14.193/2021, as SAFs ficaram conhecidas no ambiente do futebol brasileiro por transformarem os clubes de uma associação sem fins lucrativos para uma associação empresarial, dispondo de normas de governança, controle e meios de financiamento específicos para a atividade do futebol.

Na visão do atual vice de futebol e primeiro presidente do clube, Celso Oliveira , o projeto de SAF é bem-vindo, tanto no União Frederiquense quanto para os demais times brasileiros, contanto que ele seja administrado por pessoas sérias.

Já Ademir Teles, jornalista da Rádio Comunitária e setorista do União Frederiquense desde a sua criação, enxerga como um engano os antigos dirigentes do clube terem acreditado muito na possibilidade do time do União Frederiquense se tornar um clube-empresa. “A relação foi muito penosa para o União”, afirma Teles ao falar sobre o envolvimento da equipe com os empresários responsáveis pelo projeto da SAF.

A SAF foi cogitada no clube como forma de resolver uma dívida que compromete o União desde o seu acesso para a primeira divisão do campeonato estadual, em 2021.

Os últimos anos foram marcados por um aumento significativo na dívida do clube, que hoje ultrapassa os 5 milhões de reais, e por frustrações na divisão de acesso, sendo duas vezes eliminado nas quartas de final da competição. “Tem uma série de pecados administrativos, erros no planejamento futuro, que fizeram com que a dívida fosse aumentando”, diz o setorista da Rádio Comunitária.

A DÍVIDA

Foto: Pedro Costa

Alcione Bueno, gestor e um dos únicos funcionários remunerados pelo Leão da Colina, explica que um dos principais fatores para que o clube tenha essa alta dívida é a estrutura que possui hoje, em especial, a Arena União Frederiquense. “Em 45 dias gastamos aproximadamente 3 milhões de reais”, declara Bueno sobre as medidas que o clube teve que tomar após conseguir o acesso para o Gauchão em 2021. A maioria desse dinheiro foi utilizada para padronizar e expandir o estádio conforme as regras estabelecidas pela FIFA e pelas autoridades de segurança.

A construção do estádio também é colocada por Celso Oliveira como um dos principais fatores para as dificuldades pelas quais o clube passa atualmente, já que a Arena foi construída sem a contribuição do dinheiro público e apenas com recursos e auxílios da comunidade.

A Arena União Frederiquense é atualmente o maior patrimônio do clube, com um valor estimado em mais de 13 milhões de reais. A manutenção do estádio também representa a maior fonte de gastos que o clube possui, gerando um custo de mais ou menos 10 mil reais mensais para os cofres do clube. Os credores com quem a equipe mais tem de negociar os valores de pagamento das dívidas do clube são as cooperativas de crédito da região.

Higor Ferreira, administrador da rede social FuteRS, voltada à cobertura jornalística dos clubes do interior do Rio Grande do Sul, considera que o valor da dívida do Leão da Colina é alto para o período de existência do clube. Ao falar da estrutura que o clube possui, o influenciador destaca a qualidade da Arena União. “O estádio é invejável”, declara Higor.

DESAFIOS PARA O FUTURO

O ex-presidente do União, Edison Cantarelli, que teve seu último mandato de 2023 até metade de 2024, diz que o próximo presidente do clube seguirá enfrentando os mesmos problemas que todo dirigente acaba tendo dentro do time, no que diz respeito às questões financeiras e administrativas, porém com a diferença de que hoje o União possui sua estrutura própria, o que sempre era problema nas antigas gestões. “Vai encontrar um clube que tem condições de crescer”, ressalta o ex-presidente.

Um dos desafios é mobilizar a comunidade para aumentar o quadro de sócios da equipe. “A tendência é fazer um trabalho específico na questão dos sócios para chamar mais público e ter um aumento na renda do clube”, segundo Alcione.

A arrecadação associativa do rubro-verde gira em torno de 12 mil reais por mês para os cofres da instituição. A mensalidade cobrada aos torcedores a cada 30 dias, no momento, custa R$39,90. O gestor completa dizendo que o clube, atualmente, possui cerca de 300 a 320 sócios ativos.

A equipe ainda conta com outra modalidade associativa que são os “sócios remidos”. Estes pagam um valor de pouco mais de 35 mil reais para o União e possuem uma pequena parcela do patrimônio da sociedade desportiva. Dentre os principais benefícios para os sócios de qualquer categoria está a entrada gratuita nos jogos do clube, na Arena.

Em audiência pública que o clube realizou no dia 29 de julho de 2024 com os seus torcedores, foi discutida também a ideia da negociação de terrenos da instituição próximos à Arena. Alcione diz que o time está procurando parceiros para estruturar e comercializar estes terrenos de posse do União. O gestor também conta que, por meio de parcerias com empresas, o clube está buscando formas de pagar as altas dívidas que possui.

Girardi e seu conselho administrativo devem priorizar as dificuldades financeiras durante sua gestão. A chapa eleita se apoia muito na possibilidade da reformulação do calendário da divisão de acesso, que passaria para o segundo semestre de 2025 e possibilitaria ao time de Frederico Westphalen focar em estancar a dívida do clube. “Nós não trataremos de futebol até janeiro e fevereiro se a competição começar lá em agosto”, explica Vinícius Girardi.

Texto escrito por Eduardo Faria e Pedro Costa

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