Conheça a história de quatro fotógrafos gaúchos que, antes de se transformarem, foram transformados através do amor pelas câmeras
Lavínia Machado
Frederico Westphalen/RS
Quando a primeira fotografia surgiu no ano de 1826, o mundo inteiro já sabia as mudanças que teríamos contato a partir daquele momento. Por meio do retrato conhecemos lugares, pessoas e histórias. Nos dias atuais a foto vai além da captura do melhor ângulo em um clique. Através da lente, é possível captar sentimentos e essências com apenas o olhar artístico que o fotógrafo carrega consigo. Entre o hobby e a paixão, algumas pessoas têm a fotografia como o seu estilo de vida. Este é o caso de Larissa Bilo, Lucas Marcon, Mélanie Silveira e Marcelo Schmeling, fotógrafos gaúchos distintos, mas que compartilham do mesmo amor pela arte.
Na linha do tempo
No dia 20 de junho de 1996 nascia Lucas Marcon. o que ninguém imaginava era que aquele menino tímido entregaria tanta influência do seu eu adolescente fã de Paramore e Tumblr em suas fotos. A melancolia que habita o seu peito é o impulso para as imagens que produz, na necessidade de expressar sentimentos. A profundidade dos ensaios fotográficos de Lucas está no silêncio que move sua inspiração. Nascido em Frederico Westphalen, morou boa parte de sua vida na cidade vizinha de Iraí. Quando ganhou uma câmera profissional usada de seu pai, aos 15 anos, sabia que a fotografia já era parte dele. “Eu sou introspectivo, sinto calado, penso quieto, e quando estou com a câmera na mão, ela me transforma em outra pessoa. O feminino tem muita influência no meu trabalho desde o princípio, e é esta energia feminina que coloco em minha fotografia”, relata Lucas. O frederiquense Lucas Marcon de hoje, aos 25 anos, é uma confusão. A fusão de sua criança interior com seu eu adulto faz parte do que ele é hoje.
No mesmo ano, na tarde do dia 16 de outubro, nasceu o fotógrafo Marcelo Schmeling. Natural de Júlio de Castilhos, Marcelo descobriu seu lado artístico ao trabalhar em um restaurante. As fotos começaram retratando os pratos servidos. Logo viraram fotografias de amigas, fazendo surgir seu portfólio. O incentivo dos amigos e da família foi chave na decisão de ter a fotografia como estilo de vida. O menino introvertido, vivendo em uma cidade de 19 mil habitantes, hoje se especializa e aperfeiçoa suas técnicas para garantir a qualidade do trabalho. “Eu tenho que evoluir nisso. Procurei técnicas, cursos, me aperfeiçoei, tanto no relacionamento de pessoas como na fotografia, porque eu acredito que seja um conjunto. Não é só apertar o botão e está pronta a imagem”, reflete Marcelo. Agora, aos 24 anos, Marcelo se considera de fato livre. Aprendeu a ser imposto ao mundo, com suas opiniões e principalmente anseios para a carreira profissional.
Já no ano de 1997, no dia 17 de maio nasceu Larissa Bilo, 24 anos. Natural no município de Tupanciretã, a publicitária teve interesse pela arte da fotografia desde cedo. O autorretrato foi o começo de tudo. A curiosidade da criança, que se maravilhou com a famosa propaganda da câmera Tekpix em 2010, amadureceu na faculdade de Publicidade, especialmente nas disciplinas de fotografia. Sem dúvida sobre o gosto pela fotografia, sonhos e persistência foram norteando a vida de Larissa. Incentivada pela mãe, seu trabalho hoje não é apenas a fotografia em si, mas a entrega de uma experiência de amor próprio, autoestima e segurança, afirma ela. “É o meu trabalho mostrar pra elas [as mulheres] a beleza às vezes escondida, que elas não conseguem enxergar”, comenta. E completa: ”Eu já conquistei muitas coisas, isso me motiva. E se já fui inspiração para alguém, tenho certeza de que devo continuar com o que faço, isso me mantém viva”, reflete Larissa. Para ela que saiu do interior de Tupanciretã e hoje cumpre agenda em São Paulo e Rio de Janeiro, a sensação é de amadurecimento e desconstrução aos 24 anos. Todos os clientes e pessoas que por sua vida passaram influenciaram esse processo. Antes de tudo, ela pensa em cuidar de si, pois sabe que precisa estar bem para entregar um bom trabalho.
Para alguns, a virada do milênio foi sinônimo de medo. Já na cidade de Santa Maria, o ano 2000 trouxe Mélanie Silveira no dia 31 de outubro. O seu despertar pela fotografia foi em 2012, pelo feed da rede social Instagram. Aos 16 anos, e já empunhando a câmera, Mel, como gosta de ser chamada, sentia a dificuldade de trabalhar, pois muitos duvidavam de sua capacidade de fotografar por conta da pouca idade. Isso não foi motivo para desistir, diz ela. Com o apoio dos familiares e amigos, hoje produz ensaios fotográficos com uma análise prévia e roteiro específico para cada situação. “A gente tem mania de achar que o outro é melhor e acaba se frustrando e não indo atrás do que quer porque se compara muito, eu mesma já fiz, somos programados para isso. Depois que eu me desprendi eu melhorei muito, as pessoas me viram, conseguir colocar minha identidade nas fotos, carrego a minha marca e procuro me dedicar sempre”, declara Mel.
Sua prioridade é trabalhar a essência do momento, pensando na originalidade. A fotografia moldou o seu caráter, conta Mel, que ainda diz não poder mais viver sem a força da empatia, da beleza de enxergar o outro com “outros olhos”. A santamariense Mélanie aprendeu a valorizar a arte e guiar a sua vida por meio da fotografia. Aos 20 anos tudo o que ela faz hoje é pensando em sua carreira. Antes da Mélanie pessoa, existe a Mélanie fotógrafa
A fotografia antes de transformar a vida das pessoas, transforma a do próprio fotógrafo. O que começou como um sonho, hoje faz parte de sua história. Com o poder de eternizar momentos e fazer de lembranças memórias, os quatro fotógrafos gaúchos sabem que não podem parar de sonhar.
Conheça o trabalho dos quatro fotógrafos:
Larissa Bilo: instagram.com/bilofotografia
Lucas Marcon: instagram.com/lucasmarconm
Marcelo Schmeling: instagram.com/marcelobasc
Mélanie Silveira: instagram.com/melaniesilveiraph
Repórter: Lavínia Machado
Imagens: XXXXX (se for o caso)
Edição digital e publicação: Emily Calderaro (monitora)
Professor responsável: Reges Schwaab
* Trabalho experimental desenvolvido na disciplina de Reportagem em Jornalismo Impresso em 2021/1, período em que trabalhamos de modo remoto em razão da pandemia do novo coronavírus.
Contato: meiomundo@ufsm.br.