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Elementor #317



O MEU FILHO É UM ARTISTA

A história de um sonhador que conquistou seu espaço, provando que para quem vive de arte a vida é uma eterna conquista

Texto e Fotografia: Laura Pazuche Lopes

Danilo em contações de histórias durante o dia das crianças na escola Sepé Tiaraju-FW

“A arte existe porque a vida não basta”, entre tantos outros pensamentos do escritor Ferreira Gullar, esse ainda ressoa dentro da mente de Danilo Gregory. Assim inicia a jornada do menino que cantava e dançava pelas ruas de sua cidade natal impulsionado pelo sonho de ser um artista.

Pedagogo, pós-graduado em Arte e Educação, escritor, ator, diretor, coreógrafo, animador cultural, cantor e compositor Danilo André Gregory, 52 anos, nasceu em outubro de 1972, em Rodeio Bonito (RS). A trajetória no mundo da arte começou de forma singular, ainda na infância. Dessa forma, foi descobrindo e desenvolvendo suas habilidades de maneira independente que Danilo encontrou sua verdadeira paixão pela arte. Hoje, não é só artista, mas um incentivador cultural. Danilo espalha dança, leitura, teatro e música por cidades pequenas, onde a cultura é pouco valorizada. Entretanto, mesmo incompreendido por muitos, sempre foi encorajado por sua mãe, dona Mercedes.

Ela sempre esteve ao lado de Danilo, como mãe e parceira artística, participando de alguns projetos. A dedicação e amor dela impulsionaram a primeira peça teatral que Danilo encenou na escola. Em 1991, os dois fizeram a última apresentação juntos. Foi com As travessuras do Maneco.

Mais tarde, em 2023, Danilo decidiu eternizar esse momento especial em um ensaio fotográfico, mas, principalmente, em um livro. Na dedicatória, declara: “Mãe, este livro é sobre nós, é sobre amor e gratidão, é sobre a nossa história e o quanto tudo valeu a pena. Este livro, mãe, é para você, com você e por você”. Dona Mercedes, hoje com 88 anos, ainda reside em Rodeio Bonito (RS).

Que tal ouvir uma história?

Quando criança, Danilo saía pelas ruas cantando e dançando. Os moradores achavam aquilo estranho. “Guri não faz isso”, diziam. Mas dona Mercedes respondia: “O meu filho é um artista!”

Sentado em uma cadeira, observando um homem tocar violão, o menino se encantava com as músicas que ecoavam pelo boteco da mãe. Foi desenvolvendo suas habilidades de forma autodidata, observando e experimentando. A música fluía naturalmente, mesmo sem saber uma nota.

Passava horas no quarto criando músicas e peças teatrais, imaginando-se diante do público. Quando as luzes se acenderam de verdade, e a cortina se abriu pela primeira vez, Danilo, com a peça escrita pela mãe, teve certeza de que estava no lugar certo. Tinha 12 anos. Era só o começo.

Danilo ministrando aula de dança em Palmitinho/RS

 

Trajetória pelo mundo da arte

Aos 17, Danilo percorreu a região com suas peças, incluindo: Muita classe & pouca cultura e Um novo amanhecer. Em 1992, mudou-se para Porto Alegre (RS) para estudar música e atuar no teatro. Atuando em palcos como o Theatro São Pedro, e desenvolvendo peças em colaboração com a Secretaria Municipal de Saúde e Serviço Social, Danilo rapidamente obteve reconhecimento. Desde 1994, é ator profissional e, atualmente, também diretor e coreógrafo pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos do RS.

Enquanto estudava Pedagogia à noite, entre 1994 e 1996, trabalhava como professor durante o dia. Foi o impulso para integrar arte e educação. Após se formar, um de seus projetos foi selecionado em uma iniciativa do governo municipal de Frederico Westphalen. Esse projeto deu início à fundação do Projeto Cultural O paiol, em 1997, reconhecido como pioneiro no Rio Grande do Sul.

O sucesso d’O paiol, permitiu que Danilo expandisse iniciativas para outras cidades do Rio Grande do Sul, como Pinhal e Cristal do Sul, sempre levando a arte como ferramenta de transformação. Ao longo dos anos, Danilo continuou a desenvolver projetos culturais em várias cidades, incluindo Liberato Salzano e Constantina, onde o projeto Fazendo Arte deixou uma marca duradoura. 

Durante a carreira, Danilo participou em programas de televisão, filmes e documentários. Em 1994, qualificou-se como diretor e coreógrafo. Contudo, manteve a proposta de trabalhar com projetos culturais que inspirassem, não restritos às salas de aula tradicionais. Com essa perspectiva, em 2001, mudou-se para Curitiba (PR), onde estudou teatro, dança e expressão corporal.

Após concluir a pós-graduação em Arte e Educação, Danilo continuou a ensinar teatro e dança em diversos municípios. Hoje, é professor contratado para trabalhar com teatro e dança, ministrando aulas um dia por semana nos municípios gaúchos de Rodeio Bonito, Palmitinho, Taquaruçu do Sul, Vista Alegre e na cidade catarinense de Caibi.

Quando o público se conecta com a arte, ela transcende e passa a pertencer ao mundo. “Eu posso ter mil ideias, mas para que elas se tornem realidade, preciso das pessoas, de um público que as receba”, argumenta. Com o tempo, ele percebeu que podia viver da sua arte. “Imagina conquistar minha vida assim, […] minha mãe sempre acreditou em mim e hoje estou vivendo o meu sonho”.

Obras do artista

Em 2002, retornou à Frederico Westphalen (RS) e criou o Projeto Teatro na Escola, que levou espetáculos às escolas até 2020. Em 2003, gravou o primeiro CD infantil; em 2008, o segundo CD, Vou conquistar você, e o DVD Em busca do sonho encantado, lançado em 2009; em 2012, Danilo lançou o terceiro CD, Cada vez mais alto voar, e publicou o primeiro livro infantil, A turma do rio. Nesse mesmo ano, o artista fundou o grupo teatral Novos loucos poetas, que apresentou peças como Sonho de uma noite de verão, Deus nos acuda, Quanto mais loucos melhor, O pequeno príncipe e A fábrica de sonhos. Em 2015, publicou o segundo livro, A enchente, e em 2016, montou um espetáculo teatral baseado nessa obra.

Em 2018, lançou o terceiro livro, Linda, a bruxa, promovendo-o com um espetáculo. Também dirigiu e atuou em videoclipes, incluindo Nosso obrigado, uma homenagem aos trabalhadores da linha de frente da pandemia de Covid-19, e Isso é ser especial, focado na inclusão social. No ano de 2023, Danilo lançou seu mais recente livro, As travessuras do maneco, contemplado pelo Edital FAC Publicações e publicado com apoio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Atualmente, está em turnê com os espetáculos Contação de histórias com música, destinados a alunos da Educação Infantil e Anos Iniciais, além de liderar o projeto itinerante Serenata show.   

 

Apresentação de São João em Palmitinho/RS

PRODUÇÕES

As travessuras do Maneco – Uma obra de resgate do folclore popular

Sob a paisagem cultural do Rio Grande do Sul, As travessuras do Maneco é voltada para o público infanto-juvenil. Nela, Danilo retrata a simplicidade da vida na roça e o folclore regional. A obra literária ganhou destaque ao ser contemplada pelo Edital de Concurso Fundo de Apoio à Cultura, e publicada com recursos do Pró-Cultura RS. Para o lançamento, os atores do grupo Novos loucos poetas e os músicos do Serenata Show entraram em cena para compor uma live de divulgação.  Assim, com a produção e publicação finalizadas, 3 mil exemplares foram distribuídos gratuitamente aos alunos do quarto ao nono ano da rede municipal de Frederico Westphalen, além de alunos das redes municipal e estadual de Iraí, Rodeio Bonito, Taquaruçu do Sul e Vista Alegre. Escolas indígenas e Apaes, também foram beneficiadas.

Medo de Amar

Danilo dirige o grupo teatral Novos loucos poetas, e juntos desenvolveram o curta-metragem Medo de amar. Com apoio da Prefeitura de Frederico Westphalen e financiado pela Lei Paulo Gustavo, o filme aborda a violência doméstica contra a mulher. O curta explora as profundezas emocionais de Ana, uma jovem presa a um relacionamento tóxico e abusivo com seu namorado, Fernando. Ana enfrenta um conflito interno entre o medo de permanecer presa ao ciclo de violência, e a esperança de sair daquela situação. A trilha sonora original, composta por Danilo, é interpretada pela banda Rock Farrapo e a dupla Evelyn Karoline Guth e Jean Lucas. O curta foi filmado e editado por Nilceu Marin da HFilmes Vídeo Produtora. “O elenco é diversificado, incluindo uma atriz trans e outra da terceira idade, queremos mexer com a estrutura e trazer à tona questões que precisam ser discutidas”, destaca Danilo.

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